Jorge Jesus promete um Sporting a lutar pelo campeonato até a última ronda esta temporada, depois de na época passada ter ficado fora da rota do título nas derradeiras jornadas.
Para tal, o técnico e Bruno de Carvalho estão a reforçar a equipa, tapando algumas lacunas evidenciadas na época passada. Além disso, Jesus quer introduzir algumas mudanças táticas de modo surpreender os adversários.
Melhores do mundo já jogam com três defesas
Uma dessas mudanças passa pelo esquema tático a apresentar. Na derrota frente ao Basileia, em jogo da pré-época, Jorge Jesus testou um esquema com três defesas, algo que os grandes treinadores da Europa já usam. De Guardiola a Conte, passando por Allegri e até José Mourinho, todos já atuaram em 3-5-2 ou 3-4-3. De todos, Guardiola terá sido o mais ousado. O Chelsea campeão de Inglaterra de 2016/2017 com Conte jogava quase sempre em 3-4-3. A Juventus de Allegri utilizava o 3-5-2.
Até Mourinho já se rendeu a este novo esquema tático, que permite a equipa desdobrar-se de formas diferentes no ataque. Esta madrugada, por exemplo, na vitória do Manchester United sobre os LA Galaxy em jogo de pré-época nos EUA, os ´red devils` jogaram com três defesas.
"Quando jogamos com três centrais, os laterais têm de proteger [a defesa] e é preciso que os centrais subam com a bola controlada. Com quatro defesa, os dois centrais devem manter mais as suas posições. A qualidade de passe [de Lindelof] sempre foi muito boa, tecnicamente também é um bom jogador, por isso, quando entramos com três centrais, ele tem mais liberdade para entrar pelos espaços no meio-campo", comentou o técnico.
"Era importante competir e ver os jogadores num sistema em que jogaram apenas duas vezes na última época, com o Rostov. Queremos fazê-lo mais vezes", finalizou.
Especialistas alertam para o perigo do 3-4-3
Mas este é um desenho tático que não está ao alcance de todos. É preciso ser muito bem trabalhado, para que a equipa possa familiarizar-se com ele.
"Jogar com três defesas exige uma boa automatização e sincronização do processo, tanto dos centrais como até dos laterais, porque é bem diferente. Não é com meia dúzia de treinos que isso se consegue, nem com meia dúzia de jogos", apontou Carlo Dinis, em declarações ao Record.
Tonel, outro defesa que já passou pelo Sporting entre 2005 e 2010, alertou para os riscos que uma defesa a três pressupõe.
"Exige trabalho e acredito que o façam nos treinos. Podem consolidar essas rotinas em competição, mas precisam de tempo. Não é algo que funcione logo muito bem. É um sistema de risco, para mexer no jogo, quando a equipa precisa de se expor, atacar e ir à procura do golo. [Os centrais] não podem aproximar-se muito do extremo, porque está muito aberto, e quando chegam ele já recebeu, já dominou e já vai para cima. Normalmente, nem sempre, os extremos são mais rápidos do que os centrais, mas só o facto de virem de frente já cria dificuldades", alertou Tonel, em declarações ao Record.
Três defesas: Experiência amarga para o Sporting
Este não é propriamente uma novidade em Jorge Jesus no Sporting, embora sem resultados práticos. O técnico jogou com uma linha de três defesas na derrota frente ao Borussia Dortmund na época passada, para a Liga dos Campeões. Na derrota frente ao Légia, que deixou a equipa fora das provas da UEFA, o técnico também jogou em 3-5-2.
"O futebol na minha opinião vai avançar para isso [3x4x3]", sublinhou Jorge Jesus, após o particular com o Basileia.
Esta quarta-feira, os ´leões` tem mais um teste, agora frente ao Marselha em Évian-les-Bains, França, onde são esperados muitos adeptos sportinguistas. Mais uma oportunidade para Jesus fazer outras experiências e ver em ação jogadores que tentam ficar no plantel.
Nos jogos já realizados na pré-época, o Sporting empatou 1-1 com o Belenenses, venceu o Fenerbahçe e perdeu com o Valência e Basileia.
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