O Benfica divulgou a segunda parte da entrevista de João Félix, onde o jogador português passa em revista o seu percurso pelas águias.

Época de luxo ao serviço do Benfica que motivou a mudança para o Atlético de Madrid

"As coisas correram bem. Fomos campeões. Fiz uma boa época. Foi isso que me permitiu ter ganhado o Golden Boy, mas também a transferência e os primeiros meses do Atlético. Sinto-me muito contente. É um sonho de qualquer jogador poder jogar numa das melhores equipas do Mundo. O Atlético Madrid é uma delas. Tive vários clubes interessados mas acabei por escolher o Atlético porque era aquele que mais me agradava e acho que me vai dar as melhores condições para poder evoluir. Vou encarar da melhor forma para correr bem, pensar sempre positivo. Tem de correr para ser uma grande época".

Primeiro treino

No Estádio da Luz há la um campozito, lembro-me de ter feito aí um treino com um monte de miúdos. Fiz depois algumas captações lá em Viseu. Isso já nem me lembro, lembro-me é dessa vez na Luz. As pessoas falaram nas redes sociais de ter saído do FC Porto e ter ido para o Benfica... Pronto, os portistas não gostam de mim. Ter feito esse golo [no clássico no Dragão], estávamos a perder 1-0 e era um jogo importante. Se ganhássemos passávamos para primeiro lugar. Aquele festejo... foi pena não ter durado tanto tempo porque o Rafa puxou-me para trás. Fiz golo no Dragão, já tinha feito em Alvalade... Melhor era impossível".

Gosto pelo futebol

Lá em casa sempre gostámos muito de futebol. Tive logo esse gosto quando era pequeno. Mesmo hoje temos bolas espalhadas pela casa. Se do nada nos apetece fazer ali um meeinho fazemos. Eu, o meu pai e irmão sempre gostámos muito de desporto. O meu pai fez andebol e brincávamos de vez em quando. Foi meu treinador nos Pestinhas. Acho que até era mais novo para a idade que ele estava a treinar e foi aí que comecei. Os da minha idade ainda não tinham competição. Queria era jogar à bola, fosse com quem fosse, não havia essa pressão que há agora. Limitava-me a jogar e a divertir-me. Não têm de pensar que vão ser os próximos Cristianos Ronaldos ou ganhar isto e aquilo. Têm de se divertir e desfrutar ao máximo.

Sacrifícios dos pais em prol da carreira dos filhos

"Quando ele trocou de carro, já tinha 700 ou 800 mil quilómetros porque já não dava mais. Treinávamos três ou quatro vezes por semanas, jogávamos ao sábado e outras vezes ao domingo. Fazia 100 quilómetros para ir e vir, num dia eram 200 quilómetros. Indo cinco vezes, dava esses tais mil quilómetros por semana. Depois fiquei a morar lá na casa do Dragão mas iam na mesma ao fim-de-semana ver o jogo. Quando me mudei para o Benfica, o meu irmão começou a jogar em Viseu mas iam todos os fins-de-semana lá a Lisboa para ver os meus jogos. No ano a seguir o meu irmão foi para o Seixal e continuavam a vir para ver os jogos. Fez muitos quilómetros."

A capacidade do Benfica em lançar jogadores para grandes equipas europeias

"A maior parte dos jovens que saem para grandes equipas europeias são do Benfica. Temos muitos exemplos. O Benfica tem feito um grande trabalho nesse aspecto e está todos os anos a melhorar o centro de estágio para continuar a formar mais jogadores. Lembro-me de os jogadores irem para as seleções e faltarem jogadores no treino. Chamavam miúdos da equipa B e dos juniores. Eu fui e na altura ainda tinha 16 anos. Fui eu e mais uns quantos da equipa B. Ao início estava nervoso o que é normal. Depois, com o decorrer do treino vemos que são 11 jogadores a correr atrás da bola e a jogar futebol. Estando lá dentro acabas por te esqueceres que está lá o Luisão ou o André Almeida. So depois quando acaba o treino é que vês que treinaste com aqueles todos que vês no fim-de-semana no estádio, lá em baixo a jogar. Estar ali a treinar com eles é o sonho de qualquer miúdo: treinar na equipa principal do Benfica."