O secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo, defendeu hoje a necessidade de erradicar determinados fenómenos do desporto português, sem comentar especificamente casos que têm surgido no futebol luso.

"O desporto é muito, mas muito mais lato e vasto do que alguns fenómenos que acontecem particularmente, há que dizê-lo, numa modalidade. Enfim, numa modalidade da qual não poderemos estar orgulhosos. Seguramente, ninguém está orgulhoso desses efeitos mais negativos e de fenómenos que nada têm a ver com o desporto", defendeu o governante, à margem da apresentação do Euro'Meet, em Lisboa.

No dia em que o ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho, que foi detido no domingo, é interrogado no âmbito da investigação sobre o ataque à Academia do clube, João Paulo Rebelo sublinhou que a "violência nada tem a ver com o desporto, tal como a batota, no sentido do doping, as apostas e o jogo combinado não têm rigorosamente nada a ver com aquilo que são os supremos valores do desporto".

Além de estar a acompanhar os recentes casos que envolvem os 'três grandes' do futebol português, o secretário de Estado destacou que "são fenómenos, desde logo, que estão muito localizados" e não devem ser generalizados.

"Com isto não quero dizer que a modalidade futebol não orgulha o país, porque orgulha. Somos campeões europeus em título e não é só no futebol, é no futebol de praia e no futsal. Temos o melhor jogador do Mundo. Há imensos motivos que nos orgulham. Mas, o futebol é hoje a única modalidade que tem ligas profissionais e, com a profissionalização, há muitos interesses que se juntam e nem sempre trazem ao de cima o que de melhor há no desporto", lamentou.

Face aos acontecimentos "menos positivos" que têm ocorrido no futebol nacional, João Paulo Rebelo garante que o Governo está a fazer o que lhe compete.

"Temos de estar todos empenhados na erradicação desses fenómenos. O Governo está a afazer a sua parte. Foi apresentada uma proposta de alteração à Lei 39 de 2009 [Lei da Violência no Desporto] e foi recentemente aprovada em Conselho de Ministros a criação de uma autoridade para a prevenção e combate à violência no desporto. Desafiamos todos os agentes, dirigentes desportivos, atletas, técnicos, adeptos e a própria comunicação social, sobretudo, a evitar a propalação de um discurso mais insidioso e do ódio e a passar os valores e ética", sublinhou.

Apesar de condenar aquilo que considera "alguns fenómenos" e de lembrar a frequente mensagem do "Presidente da República a apelar à nossa autoestima e valorização enquanto povo e país", João Paulo Rebelo lembra que o problema não é exclusivo de Portugal.

"O que acontece em Portugal não é uma absoluta exceção do que acontece no resto da Europa ou até mesmo no resto do Mundo. Não há ninguém que tenha a receita imbatível para que estes tipos de fenómenos não sucedam. É algo que preocupa de forma transversal a todos os países europeus e a nós também. Se envergonha o país? Naturalmente que não são motivos de orgulho, mas também não são extraordinários ou excecionais. São fenómenos que estão associados a algumas modalidades em particular e a vários países da Europa", finalizou o governante.

O decretário de Estado da Juventude e do Desporto falava à margem da apresentação da quinta edição do Outdoor Sports Euro'Meet, que vai decorrer em Viana do Castelo, de 24 a 26 de setembro de 2019.