A segunda passagem de Jorge Jesus como treinador do Benfica terminou no dia 28 de dezembro, de forma mais do que esperada, depois de um percurso de um ano e meio marcado por sucessivas frustrações e a ausência de títulos.
Após ter entrado para a história do clube como o técnico mais galardoado, ao somar 10 troféus entre 2009/10 2014/15, Jesus voltou em 2020/21 como vice-campeão mundial em título e moral em alta, mas nem um ‘caneco’ conseguiu juntar para ‘amostra’.
Em 03 de agosto de 2020, numa conferência de imprensa realizada no Benfica Campus, no Seixal, o técnico prometeu “arrasar” e “jogar o triplo”, mas nunca o conseguiu, acabando por passar toda a época passada a ser ‘cobrado’ por essas promessas.
O covid-19 foi o “culpado” do insucesso da época passada, nas palavras de Jorge Jesus, pela forma como em determinada altura ‘dizimou’ o plantel, mas essa ‘desculpa’ não ‘colou’ entre os adeptos, com os quais nunca logrou reatar a relação de 2009/15.
Muitos adeptos não foram favoráveis ao seu regresso - após a saída para o Sporting depois dos primeiros seis anos - e outros tantos foram-se juntando ao ‘coro’, sobretudo na presente temporada, com a reabertura dos estádios ao público, numa ‘bola de neve’ que foi crescendo na contestação ao técnico.
As ‘pesadas’ derrotas com os rivais Sporting (1-3 em casa, para a 13.ª jornada da I Liga) e FC Porto (0-3 no Dragão, para os oitavos de final da Taça de Portugal, na quinta-feira) foram a ‘gota de água’, tornando-se ‘impossível’ a permanência de Jesus.
O adeus do anterior presidente, Luís Filipe Vieira, o grande responsável pelo regresso de Jesus à Luz, também não ajudou, bem como o interesse do Flamengo, que chegou a reunir-se com o técnico em vésperas da deslocação das ‘águias’ ao reduto dos ‘dragões’.
Costuma dizer-se que “o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita” e o começo de Jesus foi muito mau, já que, ao primeiro jogo oficial, perdeu por 2-1 no reduto dos gregos do PAOK Salónica e falhou o acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões.
A eliminação da ‘Champions’ foi um duro golpe, depois de investidos cerca de 100 milhões de euros em jogadores, e terá obrigado à venda do central Rúben Dias ao Manchester City.
O Benfica ainda começou bem o campeonato, com cinco vitórias consecutivas, mas sofreu, depois, duas derrotas e nunca mais recuperou a liderança da prova, chegando a cair para o quarto lugar, até se instalar no terceiro.
Na Europa, os ‘encarnados’ tombaram ao primeiro ‘mata mata’, face ao Arsenal, nos 16 avos de final da Liga Europa, e, nas provas nacionais, perderam a Supertaça para o FC Porto e caíram perante o Sporting de Braga na final da Taça de Portugal e nas meias-finais da Taça da Liga.
Depois de ter sido a equipa que mais pontos somou na segunda volta de 2020/21, o Benfica voltou a entrar bem no campeonato de 2021/22, desta vez com sete triunfos a abrir, mas, ao primeiro insucesso (0-1 com o Portimonense, à oitava ronda), percebeu-se claramente o ‘divórcio’ entre técnico e adeptos.
O 3-0 sobre o FC Barcelona, que catapultou a equipa para os oitavos de final da Liga dos Campeões, junto com o Bayern Munique e à custa precisamente dos catalães, foi o ponto alto da segunda passagem de Jesus pela Luz, mas só adiou o inevitável.
A derrota caseira com o campeão Sporting, que se impôs na Luz por 3-1, em 03 de dezembro, criou um clima ‘insustentável’, adensado ainda mais pela derrota por 3-0 na quinta-feira, com o FC Porto, no Dragão, para a Taça de Portugal.
O ‘divórcio’ foi oficializado no dia 28 de dezembro, a dois dias do clássico no Dragão com o FC Porto.
Jesus sai depois de somar 52 vitórias, 17 empates e 14 derrotas, com 182 golos marcados e 80 sofridos, na segunda passagem, marcada, sobretudo, pela ausência de títulos, em um ano e meio.
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