O presidente demissionário da Académica, José Eduardo Simões, disse esta terça-feira que "todos são culpados" da despromoção do clube, após 14 épocas de permanência na I Liga de futebol, e admitiu uma má preparação da época.

"Temos de perceber que somos todos culpados. Não são só os jogadores, os dirigentes, colaboradores, treinador, somos todos culpados e devemos perceber a lição daquilo que se passou", disse o dirigente, que liderou os destinos do clube nos últimos 13 anos e meio.

Em conferência de imprensa, aberta aos sócios, José Eduardo Simões disse que é preciso "um esforço de unidade, esquecendo ódios, vaidades, politiquices, tudo o que de mal se fez" e defendeu a apresentação de uma lista única, de consenso e compromissos, nas eleições agendadas para 11 de junho.

Na sua intervenção, com o presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Pedro Proença, na primeira fila, não esqueceu os "ataques e a campanha de guerrilha" protagonizada nos últimos anos por um grande número de sócios e adeptos à sua direção, que provocou "muita instabilidade", sobretudo na fase da época em que a equipa precisava de ganhar jogos.

O presidente demissionário considera que para recolocar a 'briosa' na I Liga é preciso uma lista "forte, capaz, financeiramente bem apoiada, determinada, com garra", mostrando-se contra a eventual criação de uma comissão administrativa.

"Isso significaria que aqueles que andaram a brincar com a Académica afinal não têm coragem para assumir as coisas quando elas acontecem. O clube tem de ter gente de coragem para agarrar a direção e os seus destinos para a fazer voltar à mó de cima, com a ajuda de todos", frisou.

Fora da corrida eleitoral, José Eduardo Simões incentivou ainda os futuros dirigentes a colocarem a 'briosa' acima dos seus "interesses pessoais, partidários, económicos e, inclusive, acima das vaidades" de ser presidente.

Salientando que quem vier a seguir tem de arranjar meios financeiros capazes, o ainda dirigente revelou que a Câmara Municipal acordou o pagamento de uma dívida de 180 mil euros e que o atual patrocinador, a empresa de equipamentos elétricos Efapel, está disponível para continuar a apoiar, desde que "quem venha mereça a sua confiança".

Adiantou ainda que a Académica formalizou um acordo de cinco anos com a PPTV que vai render na II Liga meio milhão de euros por época, que pode chegar aos três milhões em caso de promoção ao escalão principal do futebol português.

"Queremos que quem vier tenha condições básicas para continuar. Isto agora é uma brincadeira financeira relativamente a 2002 quando cheguei ao clube", sublinhou José Eduardo Simões, que considerou ainda o atual modelo de Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ) inadequado a "uma Académica de I Liga".

O presidente demissionário apelou aos sócios para que "pensem bem" no modelo de gestão e que tipo de "Académica" pretendem e em que divisão, considerando que este "é o momento para se refletir como se pode vir cá para cima".

Emocionando-se várias vezes na conferência, José Eduardo Simões disse que as suas direções deixaram uma "obra incontornável" e um "património notável", além de terem conseguido a segunda série de presenças consecutivas na I Liga mais cumprida de sempre na história do clube.