O julgamento relativo à apropriação de IRS pela direção do Vitória de Guimarães, em abril de 2012, foi hoje suspenso após recurso do arguido Armando Marques, um dos vice-presidentes do clube, para o Supremo Tribunal de Justiça.
O dirigente vitoriano, o único arguido que não marcou presença no Tribunal de Instância Local, em Guimarães, interpôs o recurso extraordinário por considerar que a acusação do crime de abuso de confiança fiscal que remonta a 30 de abril de 2012, por parte da direção do clube, contraria a "jurisprudência de um acórdão de 2008", proferiu o juiz do processo.
A direção vimaranense, empossada a 10 de abril de 2012 e composta pelos arguidos individuais do processo - o presidente Júlio Mendes e os vice-presidentes Armando Marques, Hugo Freitas, Francisco Príncipe e Luís Cirilo - foi acusada pela Procuradoria-Geral Distrital do Porto, a 11 de julho, de não ter pagado 219.259 euros de IRS à Autoridade Tributária quando pagou os salários de dezembro de 2011 aos jogadores da equipa de futebol.
A primeira sessão do julgamento, que tem ainda o Vitória de Guimarães como arguido, não tem, por isso, data prevista: caso o Supremo considere o recurso não tem "provimento", o julgamento vai arrancar nos presentes termos e noutra data; caso tenha provimento, o julgamento pode decorrer com outro enquadramento ou até ser anulado.
O presidente do Vitória de Guimarães, Júlio Mendes, disse, à saída do tribunal, que sabia do recurso interposto ao Supremo e considerou que não "faz sentido" responsabilizar a sua direção, que cesta a "cumprir religiosamente os seus compromissos em relação a todos os credores", incluindo o Estado, por um caso de dezembro de 2011, altura em que o clube ainda era presidido por Emílio Macedo da Silva.
O dirigente referiu ainda que, na primeira reunião com as Finanças, "logo no segundo ou no terceiro dia" após ter assumido a presidência do Vitória, acordou tudo o que "era preciso regularizar" e que não foi avisado da verba em atraso de dezembro de 2011.
"Depois de termos pedido à repartição de Finanças que nos dissesse tudo o que havia para pagar, vêm depois dizer que há um valor de dezembro que deveria ter sido pago, mas ninguém nos disse nada. Se nos tivessem dito que era preciso pagar mais, teríamos pago", apontou.
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