O candidato à presidência do Vitória de Guimarães Júlio Mendes revelou hoje que se vencer as eleições de 31 de março criará uma Sociedade Anónima Desportiva (SAD) para gerir o futebol.

«Os sócios terão que saber que ao votaram em mim vão optar por um novo modelo de gestão, por uma SAD, porque nas atuais circunstâncias é a única forma que dá segurança a quem quer investir no Vitória. Ninguém investirá um cêntimo se não o puder valorizar, participando naturalmente na gestão e nas decisões», afirmou.

Na conferência de imprensa de apresentação da sua candidatura, disse ainda não ter «investidores na manga», mas revelou que se tem “desdobrado em contactos em Portugal e no estrangeiro”.

O clube precisa de cerca de cinco milhões de euros nos próximos três meses para cumprir as suas obrigações, como revelou quinta-feira Luís Cirilo, que integra a sua lista como vice-presidente, e Júlio Mendes traçou um cenário negro se o caminho não se inverter.

«No final desta época, o passivo poderá aproximar-se dos 20 milhões de euros e, se nada for feito rapidamente, o Vitória não terá proveitos suficientes para pagar as suas dívidas e sustentar o seu funcionamento com tudo o que isso implica», alertou.

Segundo o candidato, atualmente, o Vitória «não gera receitas suficientes para as despesas que tem todos os meses e, perante isso, o passivo não é muito, é imenso, é incomensurável, o suficiente para levar o clube ao precipício, no qual caíram já alguns clubes e de onde não saíram», garantindo que este «risco é sério».

O segundo candidato a oficializar a pretensão de suceder a Macedo da Silva na presidência do Vitória (o primeiro foi Pinto Brasil, candidato derrotado nas últimas eleições) assegurou ainda que, com a criação de uma SAD, o Vitória não perderá a sua autonomia: «nunca deixará de ter a sua sede em Guimarães, não venderá o seu estádio ou complexo e não deixará, se assim o quiser, de ser eclético».

«O que afasta os sócios não são os modelos de gestão, é a ausência de resultados e as intrigas internas. Se uma SAD for bem gerida, nenhum sócio ou adepto deixa de sentir o orgulho e a paixão de sempre», defendeu.

O objetivo é «dar autonomia ao futebol e geri-lo como um negócio que é”, para, mais tarde, “num projeto de quatro a cinco anos, o clube ser competitivo e ganhar títulos».

No entanto, Júlio Mendes avisou que terão de ser criadas as «condições ideais» para avançar para uma SAD e isso passa por «reduzir custos e emagrecer» a estrutura.

«Comigo não contem com ilusões nem promessas fáceis, apenas com a verdade, por mais dura que ela seja. No campo ou na gestão todos vamos ter que comer relva!», avisou.

O candidato apresentou os nomes de Pedro Roque para presidir ao Conselho de Jurisdição, Eduardo Leite para o Conselho Fiscal e Isidro Lobo para a mesa da assembleia-geral.

Engenheiro civil, de 48 anos, Júlio Mendes foi vereador na Câmara Municipal de Guimarães entre 2005 e 2009 e membro da direção de Macedo da Silva eleita em março de 2010, tendo saído desta por “razões de natureza pessoal e profissional”, em agosto de 2011.

«Não temo que me acusem de ser corresponsável pela atual situação, porque enquanto estive na direção fiz a minha obrigação no meu pelouro. Outros ocuparam-se de outras áreas, como a financeira e a do futebol, além de que a liderança não era minha», atirou.