O SC Braga emitiu, esta segunda-feira, um comunicado em que acusa o presidente do Vitória de Guimarães, Júlio Mendes, de "servir-se" do emblema arsenalista para "uma manobra de diversão".

O texto, publicada no site do emblema bracarense, surge na sequência da entrevista do dirigente dos vimaranenses à rádio Santiago, na qual colocou em causa transparência dos movimentos financeiros do clube rival, incluindo as vendas de Neto e Jordão à Lázio, por 25,5 milhões de euros.

"O Eng. Júlio Mendes tentou, descaradamente, servir-se do Braga para uma manobra de diversão. Ainda que flagrante e, portanto, de duvidosa eficácia, não lho permitimos nem permitiremos. Não lhe permitimos a petulância de colocar em causa uma comunicação formal da SC Braga, SAD à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Não lhe permitimos a ousadia de questionar a validade das informações que prestamos e que qualquer um, seja ou não sócio, adepto ou acionista do Braga pode consultar e avaliar, porquanto são públicos e permanentemente disponíveis os nossos Relatórios e Contas, ao contrário do que acontece com outras sociedades, que sonegam e ocultam a transparência e a lisura que tanto apregoam", pode ler-se no comunicado.

Nesse sentido, a SAD bracarense sugere a Júlio Mendes "que se preocupe com os seus" negócios.

Leia o comunicado na íntegra:

"Na sequência de declarações proferidas pelo Eng. Júlio Mendes, presidente do Vitória SC, em entrevista à Rádio Santiago e amplamente difundidas na Comunicação Social, vem o Presidente e a Administração da SAD do SC Braga esclarecer:

O SC Braga tem procurado honrar, ao longo dos anos, uma história de elevação nos seus relacionamentos institucionais com os diferentes agentes do futebol e do desporto nacional, compreendendo as rivalidades existentes, mas percebendo que acima das mesmas está o exemplo que deve emanar da instituição e dos seus dirigentes máximos. Compreender e interpretar esta vertente diplomática na relação com os nossos adversários é condição essencial para que quem pugna por um ambiente respirável no nosso futebol não se confunda com aqueles que instigam ao ressentimento.

Foi, assim sendo, com enorme surpresa que recebemos as declarações do Eng. Júlio Mendes, que, a serem apenas infelizes, mereceriam a nossa indiferença, mas que lamentavelmente não podemos ignorar, pelo que contêm de grosseiras, pelo que insinuam e, acima de tudo, pelo que pretendem camuflar, usando sem pudor o nome do SC Braga e procurando ofender a sua Administração e o seu Presidente com um rol inqualificável de mentiras e suspeições.

O Eng. Júlio Mendes tentou, descaradamente, servir-se do SC Braga para uma manobra de diversão. Ainda que flagrante e, portanto, de duvidosa eficácia, não lho permitimos nem permitiremos.

Não lhe permitimos a petulância de colocar em causa uma comunicação formal da SC Braga, SAD à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Não lhe permitimos a ousadia de questionar a validade das informações que prestamos e que qualquer um, seja ou não sócio, adepto ou acionista do SC Braga pode consultar e avaliar, porquanto são públicos e permanentemente disponíveis os nossos Relatórios e Contas, ao contrário do que acontece com outras sociedades, que sonegam e ocultam a transparência e a lisura que tanto apregoam.

Deve o Eng. Júlio Mendes preocupar-se unicamente com os seus atos de gestão e prestar informação rigorosa aos vitorianos sobre os mesmos, como por exemplo o real valor e as condições associadas do contrato relativo aos direitos televisivos, anunciado na Imprensa mas nunca exibido aos associados e acionistas para confirmação do tão propalado valor na casa "dos três dígitos". Pode o Eng. Júlio Mendes tomar como exemplo o nosso procedimento, divulgando a devida informação nos relatórios de gestão.

Deve o Eng. Júlio Mendes servir-se de factos e não de mitos, inibindo-se de usar o nome do SC Braga para jogatanas com o poder político e para recados autárquicos, sugerindo vantagens desportivas que dificilmente podem ser imputadas a um clube, como é nosso, que assume a totalidade dos custos de gestão e manutenção de um estádio propriedade da Câmara Municipal de Braga (ao contrário do Vitória SC, que pela quantia simbólica de um euro é detentor de um estádio edificado e renovado pela autarquia).

Relativamente à Cidade Desportiva, que tem um investimento global de 20 milhões de euros, mais uma vez reafirmamos que as despesas referidas são suportadas na íntegra pelo Sporting Clube de Braga, tendo a autarquia unicamente doado parte dos terrenos para a sua edificação. Ao contrário do clube a que o Eng. Júlio Mendes preside, que recebeu da Câmara Municipal de Guimarães, pronto para utilização e sem qualquer custo, todo o seu complexo desportivo.

Da nossa parte, continuaremos a permitir, a todos os interessados, a consulta das contas do SC Braga, como continuaremos a consultar toda a documentação pública sobre a atividade dos clubes e das sociedades do nosso futebol e do nosso desporto, saudando, por exemplo, a divulgação por parte da Federação Portuguesa de Futebol da listagem dos serviços de intermediação prestados nas transações de jogadores e dos montantes envolvidos.

Não nos servimos de injúrias e insinuações. Observamos e analisamos factos. E é por isso que não permitimos ao Presidente de uma SAD que no último ano contratualizou 2,859 milhões de euros em comissões (contra 1,109 da SC Braga, SAD) que, ao invés de explicar aos seus sócios e acionistas tal desproporcionalidade face aos montantes das transferências realizadas pelas duas sociedades, tem o desplante de sugerir, com malícia e oportunismo, a falta de lisura de outrem.

Soubemos, pelo Eng. Júlio Mendes, que a sua gestão espartana lhe permitiu, por fim, ser o clube com o segundo maior investimento de todo o futebol nacional, já que referiu ter gasto "quase 13 milhões de euros" em jogadores ao longo dos últimos meses, com folga para uma derradeira "proposta equivalente a 5 milhões de euros" por um avançado do FC Paços de Ferreira.

Não sabemos se o Eng. Júlio Mendes é rico a gastar e pobre a pedir. Não classificamos os seus atos de gestão, não catalogamos as suas vendas de exíguas ou as suas compras de dispendiosas. Não nos compete tal avaliação, nem nos interessa fazê-la. O Presidente do Vitória SC responde perante os sócios e adeptos do Vitória SC, que merecem de nós, no espírito do desportivismo, respeito e consideração.

O SC Braga, os seus dirigentes e a sua massa humana escolhem e trilham o seu caminho. Determinam as suas opções, traçam as suas metas e definem os seus sonhos, que ninguém tem o direito de coarctar ou diminuir.

O Eng. Júlio Mendes confundiu uma ambição deste clube com uma promessa, que catalogou de populista, certamente por ignorância do que é estar tão perto de um título nacional ou por invídia de quem não teme ousar ser do tamanho do que vê.

Devolvemos o epíteto. De populismo sim, perceberá o Eng. Júlio Mendes, que de tão apressado na sua fuga para a frente acabou por meter os pés pelas mãos, servindo-se de uma realidade que desconhece e arrogando-se a uma autoridade que nenhum sócio ou adepto do SC Braga lhe reconhece ou admite.

Não invejamos o sucesso dos outros. E por isso desejamos ao Eng. Júlio Mendes que alcance a final europeia que agora anunciou como meta, fazendo votos de que a mesma chegue não daqui a dez anos, mas se possível já esta época, a exemplo do que o SC Braga já conseguiu com a presença na final da Dublin, associada a participações na UEFA Champions League e a repetidas e sucedidas campanhas na UEFA Europa League, como a recente disputa dos quartos-de-final da prova em 2015/16 e o merecido estatuto de terceiro clube nacional no ranking europeu.

Ao Vitória SC e a todos os clubes portugueses desejamos o melhor desempenho possível na UEFA, juntando-se ao contributo que o SC Braga tem dado para a valorização do nosso futebol na Europa".