Júlio Vieira de Castro, candidato às eleições do Vitória de Guimarães, acusou hoje o atual presidente, Júlio Mendes, de tentar separar as decisões da SAD, cuja equipa milita na I Liga de futebol, do clube que a originou.

Depois de Júlio Mendes, também candidato ao ato eleitoral de 24 de março ter dito, na quarta-feira, na apresentação do novo treinador da equipa principal de futebol, José Peseiro, que, apesar de o clube se encontrar em fase eleitoral, tinha "legitimidade" para tomar qualquer decisão enquanto administrador da SAD, visto seu o mandato terminar em junho de 2019, Vieira de Castro criticou a distinção feita, frisando que o Vitória de Guimarães é "uno e indivisível".

"O Vitória clube e o Vitória SAD são o mesmo. Não há um Vitória clube e um Vitória SAD, e parece-nos verdadeiramente patético que alguém se dê ao trabalho de separar as duas coisas como se fossem duas entidades diferentes, quando as duas nasceram da mesma coisa", disse, em conferência de imprensa decorrida num hotel, em Guimarães.

O líder do movimento ‘Novo Vitória' considerou "grave" tal justificação para assinar um contrato de época e meia com o treinador José Peseiro em contexto pré-eleitoral, reiterando que, caso seja eleito, o mandato de Júlio Mendes termina logo que a sua direção assim o determine - os estatutos da SAD ditam que o clube, detentor de 40% das ações, nomeie o presidente do Conselho de Administração.

Em caso de triunfo eleitoral, o candidato disse ainda que espera a demissão dos restantes três administradores que ocupam o cargo em virtude da eleição anterior, em 2015 - Armando Marques, Hugo Freitas e Francisco Príncipe - e que não vai tolerar qualquer tentativa para "transformar o Vitória no Belenenses" - no Restelo, existe uma relação de conflito entre clube, presidido por Patrick Morais de Carvalho, e a SAD, liderada por Rui Pedro Soares.

O candidato realçou ainda que a distinção entre clube e SAD no Vitória se tem estendido à situação financeira, considerando que os responsáveis do clube realçam a descida do passivo do clube - entre junho de 2013 e junho de 2017, caiu dos 24 para os 9,9 milhões de euros -, em detrimento do da sociedade - entre junho de 2016 e junho de 2017, subiu dos 11,9 para os 12,9 milhões de euros.

"A redução milagrosa do passivo é um mito, e disto não fugiremos até que, por A+B, este assunto sensível seja explicado aos sócios e acionistas. Não é suficiente que se passem os anos a gritar vivas à redução do passivo do clube, sem que sejam clarificados os resultados do passivo da SAD", disse.

Júlio Vieira de Castro criticou ainda o "crescente envolvimento de figuras políticas da cidade, algumas das quais com responsabilidades no atual executivo camarário, no ato eleitoral" - o vereador da Câmara de Guimarães responsável pelo desporto, Ricardo Costa, integra a comissão de apoio a Júlio Mendes - e alegou que o clube tarda em evoluir por estar refém de "interesses alheios".

"É esta uma das principais razões que explicam que um clube com a expressão social do Vitória ainda não tenha conseguido, em 96 anos de história, dar o salto qualitativo que os seus adeptos tanto anseiam. Este círculo vicioso tem de ser quebrado", frisou.