Luís Marques foi um das pessoas que fez parte da Comissão de Gestão que levou o Sporting até às eleições de setembro do ano passado e em entrevista ao Jornal Económico recordou a experiência de cerca de três meses que teve na SAD leonina, sublinhando que os métodos de trabalho arcaicos foram das coisas que mais o surpreenderam.

"Claramente, o amadorismo da gestão do Sporting. É uma gestão chocantemente amadora, muito pouco profissional, métodos de trabalho e organização que estão completamente ultrapassados na gestão moderna de uma empresa (não falo da gestão de um clube mas de uma empresa). Posso dizer, no entanto, que encontrei muito bons profissionais no Sporting em todas as áreas mas mal enquadrados. Chocou-me também a incapacidade de ligação entre o futebol profissional e o futebol de formação, assim como a prospeção do mercado internacional", salientou Luís Marques, não se mostrando surpreendido pelos problemas financeiros agora conhecidos:

"Como sabe, estive diretamente ligado à SAD do Sporting. Tudo aquilo que foi revelado agora, não foi surpreendente para mim. Todos estes problemas agora revelados estão plenamente identificados. Não pode ser uma surpresa para os sportinguistas porque antes das eleições, a Comissão de Gestão e a SAD falaram sobre a situação do clube. O líder desta Comissão de Gestão, Artur Torres Pereira, chegou a mencionar a situação de falência técnica, algo que depois ficou resolvido. Alertamos os sócios e adeptos várias vezes para a situação difícil em que se encontrava o Sporting."

Luís Marques referiu ainda que já esperava uma situação financeira complicada quando foi convidado para fazer parte da Comissão de Gestão, mas afirmou que "a situação era pior do que estava à espera."

"Por um lado, a nível da gestão de tesouraria de uma empresa…a situação era calamitosa tendo em conta que havia uma dívida a fornecedores de 40 milhões de euros (a agentes e clubes e não nos podemos esquecer que esta tem impacto na avaliação do fair play da UEFA), dos quais 20 milhões eram dívidas vencidas. E o Sporting estava numa situação em que não poderia saldar essas dívidas. Por outro lado, havia um défice estrutural, ou seja a diferença entre as receitas e os custos correntes, de cerca de 20 milhões de euros. Isto significa que o Sporting terá sempre de realizar receitas adicionais para poder cobrir este défice", atirou.