Pendurar as chuteiras deve ser o momento mais difícil na vida de um futebolista, e Manuel José conhece bem esse sentimento apesar de ter tido um final de carreira diferente do habitual uma vez que começou a treinar equipas quando ainda era jogador.
Em entrevista ao SAPO Desporto, Manuel José falou sobre a difícil decisão de um jogador de futebol terminar a sua carreira depois de décadas a fazer aquilo de que mais gosta. No dia do 'adeus' de Jonas aos relvados da Luz, Manuel José partilhou um pouco da sua experiência para nos guiar neste 'turbilhão' de sensações que o avançado brasileiro deve estar a passar.
"Deixar de jogar depois de uma carreira de sucesso como a que ele teve, quer no Benfica, quer no Valência, é sempre difícil. Abandonar o relvado é sempre um momento muito difícil de superar e os dias que se seguem são tremendos", começou por dizer Manuel José ao SAPO Desporto.
"A saudade é tremenda, os hábitos de uma vida inteira têm de ser alterados, no sentimento em que não vamos mais fazer aquilo que gostamos. Mas tudo tem um fim e já se sabe que a carreira de jogador é curta", acrescentou o antigo jogador do Benfica antes de nos fazer uma confidência curiosa.
"Eu tenho 63 anos e ainda sonho que estou a jogar. No inconsciente nós nunca deixamos de jogar", disse ainda Manuel José.
"No meu caso não foi por o corpo pedir [para parar de jogar]. Nos últimos clubes em que joguei fui sempre convidado para ser treinador. O meu irmão chateou-me tanto que eu acabei por tirar o curso. Achei que não tinha jeito, e sempre me fez impressão mandar naquela gente toda que ainda por isso são meus amigos. Ou seja, o meu fim foi diferente, eu terminei como jogador/treinador e depois passei logo a treinador. Não tive aquele compasso de espera. As coisas são difíceis de ultrapassar se continuarmos ligados ao futebol, mas não são tão difíceis como terminar abruptamente. Não sei se ele [Jonas] vai ser treinador ou não", completou Manuel José.
Questionado sobre um possível substituto de Jonas no atual plantel de Bruno Lage, Manuel José fez questão de frisar que, "o único jogador insubstituível que o Benfica já teve foi o Eusébio" e que, "de resto todos são substituíveis".
"Alguém há-de substituir o Jonas, um jogador com tanto ou mais talento. Se o João Félix continuasse no Benfica provavelmente até superaria o Jonas", considerou ainda Manuel José.
"No Benfica, Jonas readquiriu a confiança que tinha perdido no Valência e demonstrou que continuava a ser um grande jogador e a carreira que fez na Luz deixa-o na historia do Benfica", sentenciou o experiente treinador.
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