O futebolista Miguel Garcia explicou esta segunda-feira que os números do desemprego entre futebolistas fica a dever-se aos jogadores em final de carreira, algo que o ‘herói de Alkmaar’ tenta adiar por mais uma época.

"Quando um jogador fica desempregado é temporariamente, às vezes um mês, e não há necessidade de ir inscrever-se no centro de emprego. Agora, quando estamos a falar numa idade mais avançada, sim, é um comportamento expectável", afirmou Miguel Garcia, em declarações à agência Lusa.

Aos 34 anos, o marcador do golo que colocou o Sporting na final da Taça UEFA de 2004/05, pretende jogar mais uma época, aguardando, por isso, que o telefone toque "com uma proposta" que lhe agrade.

Depois de vestir as camisolas de Sporting, Regina, Olhanense, Sporting de Braga, Orduspor, Maiorca, NorthEast United e Sporting de Goa, Miguel Garcia admitiu algum estigma na oficialização do desemprego na profissão.

"Talvez os jogadores mais mediáticos, que ganharam muito dinheiro, não vão querer expor-se dessa maneira, enquanto para outros é uma coisa normalíssima, jogadores que não tendo feito uma carreira tão boa em termos financeiros vão ter mesmo de deitar esses preconceitos para trás das costas", observou.

Miguel Garcia sublinhou que a "ideia de que todos os futebolistas ganham muito dinheiro é errada", argumentando que "só ganha muito dinheiro quem está nos grandes clubes europeus ou de Portugal, onde há quatro ou cinco nos quais se ganha muito bem".

"No resto, vai-se ganhando", advertiu, ao mesmo tempo que considerou que "se até aos 35 anos os ganhos forem bem geridos, acaba-se com uma poupança, mas não o valor que permita grandes aventuras".

Além da presença na final da Taça UEFA, Miguel Garcia conquistou uma Taça de Portugal ao serviço do Sporting, em 2006/07, e conta ainda no seu palmarés o terceiro lugar no Europeu de sub-21 de 2004 e a vitória no Torneio de Toulon de 2003, juntamente com Cristiano Ronaldo.

Miguel Garcia admitiu que a vontade de terminar a carreira é o principal motivo para o registo de 177 futebolistas no desemprego em julho, segundo números do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Apesar de ambicionar jogar mais uma temporada, o defesa espera concluir o curso de Gestão e Avaliação Imobiliária, depois de a licenciatura ter passado para segundo plano devido às experiências no estrangeiro.

"Depois, é começar a trabalhar nesta área, que me dá muito prazer, em Lisboa, fazendo análise de investimento e na mediação para ajudar colegas e amigos de profissão a quem, não estando muito por dentro, posso fazer a diferença, e na promoção imobiliária e em projetos", explicou.

Elogiando a preocupação do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) na informação sobre o final da carreira, Miguel Garcia recordou que há 15 anos não havia tanta informação.

"Hoje em dia um jogador só comete erros se quiser, só não se prepara se não quiser. Quando eu tinha 20 anos, ninguém se preocupava em terminar o 12.º ano ou em tirar uma licenciatura. Hoje, já não é assim, já há ajuda do sindicato e mesmo dos clubes", disse.

Também as academias dos clubes vieram permitir a adaptação dos horários escolares com os futebolísticos:

"Na minha altura não havia nada disso. Eu treinava de manhã quando era júnior e cheguei a chumbar por faltas por não conseguir conciliar os horários", rematou.