O presidente da Assembleia Geral (AG) do Paços de Ferreira assegurou que a reunião magna do clube da II Liga de futebol será “apenas informativa”, relativizando as preocupações dos mais céticos sobre o futuro daquela sociedade desportiva.
“Os nossos estatutos estão bem blindados sobre qualquer alienação de poderes a terceiros, o que passará sempre por uma deliberação dos associados em assembleia geral extraordinária específica, bem diferente da reunião meramente informativa da próxima terça-feira”, disse Joaquim Ferreira, em declarações à agência Lusa.
O líder da AG do Paços fez questão de passar “uma mensagem de tranquilidade” e explicou que a ideia da reunião é “traçar um panorama o mais rigoroso possível do clube, a atravessar um momento difícil, dar conta dos modelos de gestão que existem e deixar que os associados opinem sobre o que pretendem para o futuro”.
“O futebol português continua com muitas desigualdades e a descida do Paços não ajudou. A direção herdou contratos pesados e teve de alienar alguns ativos para reduzir a folha salarial e fazer algum encaixe. Sabemos que, entre a receita estimada e o que está projetado, vamos ter um défice. Não é muito preocupante, mas vai repetir-se para o ano”, explicou.
Joaquim Ferreira não faz campanha por nenhum modelo de gestão, reconheceu que “haverá sempre perda de decisão no caso de entrada de um investidor”, cujas propostas só serão analisadas mediante autorização dos sócios, mas lembrou que “há exemplos positivos”.
“O Famalicão é um bom exemplo, sendo de realçar a capacidade que alguns investidores têm. O que é preciso é encontrar esse bom investidor”, concluiu.
Esta declaração serviu ainda para colocar algum gelo no ceticismo de alguns associados, como os ex-presidentes Fernando Sequeira e José Lobo, subscritores de uma carta aberta aos associados, uma espécie de “grito de alerta”.
“A convocatória da assembleia coloca no ar a possibilidade de um modelo de gestão distinto da atual SDUQ. Não acreditamos que o modelo a propor seja uma SAD, mas a transformação da SDUQ no novo modelo aprovado, o qual prevê que a sociedade desportiva [não o clube] passe a ter um novo sócio [investidor]”, disse Fernando Sequeira, à Lusa.
Este modelo, publicitado pelo Governo e pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), pretende evitar as insolvências e extinções que já afetaram cerca de 20 por cento das sociedades desportivas constituídas, mas Fernando Sequeira não acredita que a Sociedade por Quotas (SDUQ) vá resolver o problema.
“Não acreditamos que alguém esteja disposto a depositar uma quantia avultada no nosso clube sem fazer a sua gestão, seja ela direta ou indireta. Além disso, a introdução deste capital servirá apenas para pagar as dívidas. É uma solução no imediato, mas não resolve as despesas do dia seguinte”, acrescentou.
O antigo presidente e líder da AG explicou esta tomada de posição com a preocupação de “alguém que também sente muito o clube, sem segundas intenções ou interesses”, confessando que até o momento escolhido pode fragilizar os interesses do clube.
“Estas coisas devem ser faladas em momentos altos, para não baixar a posição do Paços, no caso, e, por isso, os sócios têm de ser esclarecidos. Não sei se não será preferível andar na II Liga alguns anos, ou dar até um passo atrás, para nos reerguermos, encontrando outras formas de financiamento, do que arriscarmos o futuro e viabilidade do clube”, concluiu.
A AG extraordinária para “análise e discussão do futuro modelo de gestão da sociedade desportiva (do Paços) e a sua sustentabilidade nos campeonatos profissionais” realiza-se no dia 03 de outubro, às 20:00, no auditório da Associação Empresarial de Paços de Ferreira.
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