Segundo explicou à agência Lusa José Manuel Ferreira, a entrega da queixa é o culminar de um processo iniciado em 2004 com a inauguração do estádio projectado pelo arquitecto Souto Moura.

"Nessa noite, muito chuvosa, o meu filho, que sofre de paralisia cerebral, e mais dois deficientes tiveram que ser assistidos por estarem em estado de hipotermia. Os lugares que lhes estão destinados no estádio são os primeiros a apanharem chuva...", notou.

Mas mais criticável, segundo o queixoso, é o facto de ao serem colocados num corredor ao nível do solo, dividido do relvado por um gradeamento de cerca de 90 centímetros, os deficientes, sentados nas cadeiras de rodas, "não conseguirem ver nada".

José Manuel Ferreira acrescentou o facto da lei 163/2006 de 08 de Agosto obrigar todos os recintos desportivos e salas de espectáculos a disponibilizar lugares para deficientes e seus acompanhantes, mas no estádio de Braga isso não se verificar porque é obrigado a "ir para a bancada".

"O senhor presidente da câmara (Mesquita Machado) vai estar amanhã (sábado) no estádio a fumar o seu charuto e sentado na sua poltrona, mas o meu filho, que até gosta do FC Porto, não pode ver o jogo", lamentou.

José Manuel Ferreira disse ainda não perceber "como é que a câmara aprovou aquele projecto" e lamentou ainda a inacção da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, da Federação Portuguesa de Futebol, do Instituto do Desporto de Portugal, do secretário de Estado do Desporto, entidades que já conhecem o caso, assegurou.

A melhor solução, defende, passaria pela cedência de um camarote para os deficientes: "não estou a ver a criarem uma plataforma em que teriam que prescindir de muitos lugares na bancada, além de que, esteticamente, o arquitecto Souto Moura não permitiria, certamente", disse.

A alternativa da cedência de um camarote já foi colocada ao Sporting de Braga, inquilino do estádio e que faz a gestão desses espaços, mas, segundo lhe informaram, todos os camarotes estão já ocupados.

Da câmara municipal, entidade gestora do recinto, a vereadora do Desporto (entre outros pelouros), Palmira Maciel, não quis fazer comentários, mas afirmou ter encaminhado o problema para o Sporting de Braga: "pensava que já estava resolvido", disse.

A Lusa tentou ainda ouvir Souto Moura, mas o seu gabinete informou que o contacto seria "impossível" dado o arquitecto estar ausente em trabalho.