Pierluigi Collina, chefe do gabinete de árbitros da UEFA, esteve presente na manhã desta quinta-feira no terceiro e último dia do evento “Football talks” para falar sobre a introdução de novas tecnologias e árbitros assistentes adicionais no futebol.

O italiano que dirigiu encontros entre 1995 e 2005 começou por explicar a postura dos árbitros durante um jogo, assumindo que as suas decisões podem ter um caráter decisivo.

“É importante para um árbitro agir corretamente para que o jogo corra de forma correta, principalmente quando este pode ser decidido em lances definidos pelos árbitros. Os árbitros têm de estar sempre no melhor da sua condição física para poderem dirigir um jogo da melhor forma”, começou por dizer.
Para o agora dirigente, é necessário desenvolver um trabalho e uma cooperação próximas com os fiscais de todo o mundo, com especial incidência para os mais jovens, para que estes estejam prontos a enfrentar todo o tipo de situações.

“Não é suficiente trabalharmos com os árbitros apenas duas vezes por ano, como fazíamos. Estamos a implementar diferentes sistemas de preparação para os árbitros, principalmente os mais jovens. Criamos uma plataforma que nos permite contactar com eles várias vezes durante o ano, muitas vezes no dia a seguir a um jogo, para que estes possam melhorar as suas exibições”.

Collina falou ainda do Centro de excelência arbitral da UEFA (CORA) e da Convenção de árbitros da UEFA como soluções para melhorar a competência dos juízes durante dos jogos.

“Criámos um grupo que ajuda os árbitros mais jovens, o UEFA Centre Refereeing Excellence [Centro de excelência arbitral da UEFA], com árbitros que ainda não estão na UEFA, mas têm potencial para lá estrar. Também existe agora um conjunto de colóquios, a UEFA referees convention [Convenção de árbitros da UEFA] – para os ajudar a perceber a melhor forma de agir”, explicou.

De seguida, Collina explicou a entrada de árbitros assistentes adicionais, implementados desde 2009 na Liga Europa, servem para identificar infrações e para reduzir o erro, sendo que mais de 30 associações de futebol nacionais já implementaram o uso de árbitros assistentes adicionais.

“Os árbitros são importantes porque partilham o controlo do jogo com o árbitro principal”, dando depois vários exemplos de situações na área onde o árbitro principal não é capaz de seguir a bola e, ao mesmo tempo, o que se passa com os jogadores que estão fora do seu campo de visão. Neste sentido, quando tem dúvidas (dentro da área), será o árbitro de linha a decidir. “Partilhar o controlo, significa que o árbitro principal está mais capacitado para controlar o jogo”.

O transalpino de 54 anos deu ainda outro exemplo e teve uma revelação curiosa: “Se vocês repararem, número de jogadores que lutam e se agarram dentro da área, tem vindo a diminuir devido aos árbitros assistentes adicionais. Nós não queremos eliminar o erro da arbitragem, queremos reduzi-lo e temos conseguido isso”.

O antigo árbitro confessou depois que a tecnologia da linha de golo não é a último reduto da arbitragem: “A tecnologia da linha de golo não é o último reduto, porque a decisão não é 100% certa. Neste momento existem quatro laboratórios que estão a testar os sistemas de tecnologia de golo para obter o certificado da UEFA.”

Questionado pela plateia se o acesso a imagens de vídeo pelos árbitros não seria mais eficaz, o juiz licenciado em economia pela Universidade de Bolonha, explicou porque é que essa tecnologia ainda não foi adotada.

“O uso de vídeo pelos árbitros tem grandes problemas. Porque as decisões são tomadas com base na interpretação do árbitro. Na televisão podemos ver a imagem mais lentamente e, mesmo assim, há jogadas que os espetadores as continuam a decidir durante vários dias”.