Foram seis anos de exílio. Seis anos longe dos holofotes, dos jornalistas e dos estádios cheios. Seis anos a lutar na secretaria. Mas, no fim, a conquista que sabe quase tão bem aos adeptos "axadrezados" como o título de campeão nacional: o Boavista está de regresso ao topo do futebol português.

Não se espera uma reedição de 2001, nem nada que se pareça. Não é realista imaginar que, depois de tanto tempo afastados da alta competição, as "panteras negras" possam competir de igual para igual com os grandes. Imagina-se que a carreira do Boavista durante a temporada que se inicia seja um pouco como a de um náufrago que, depois de seis anos afastado da sociedade, nadou até à terra. Em primeiro lugar, é preciso recuperar o fôlego. Depois, observar os costumes dos outros e replicar os bons exemplos, para mais tarde reconstruir uma identidade perdida.

O plantel não tem propriamente uma equipa feita. Não poderia ter logo à primeira. O Boavista manteve alguns dos jogadores que conquistaram a série C do Campeonato Nacional de Séniores e inundou o plantel com uma enxurrada de reforços. João Dias, experiente lateral ex-Académica, chegou para agarrar o lugar no lado direito da defesa. O guarda-redes Mika, que os adeptos benfiquistas conhecerão bem, também chegou ao Bessa, assim como Bernardo Tengarrinha, antigo médio do FC Porto e do Benfica. Do mercado sul-americano, também muito explorado, chegou o defesa Agustín Peña do Liverpool de Montevideu e o miúdo Douglas Abner do Corinthians. Ao todo, foram 24 entradas (até agora) no plantel boavisteiro.

Se os jogos de pré-temporada forem indicadores de alguma coisa, o Boavista ainda tem algum trabalho pela frente. A equipa até deu boas indicações no troféu Cidade do Móvel, que conquistou com vitórias tangenciais sobre o Vitória de Setúbal e o Paços de Ferreira, mas "chumbou" nos testes frente ao Famalicão e ao Sporting (que, em boa verdade, era um Sporting B). Os homens de Petit aplicaram de seguida uma goleada convincente à seleção norte do Sindicato dos Jogadores, empataram a uma bola com o Cesarense e derrotaram o Gondomar por uma bola a zero. Até à estreia no campeonato, os "axadrezados" terão ainda de se aplicar no campo de treinos, porque o retorno ao primeiro escalão será de fogo. O novo batismo faz-se em Braga. Segue-se uma receção ao campeão Benfica e, três jornadas depois, uma visita ao Dragão. Se a pantera ainda rugir depois da 5ª jornada, conquista o direito a sonhar.

O treinador: Petit

No leme, os boavisteiros terão um jovem símbolo do clube. Armando Gonçalves Teixeira, mais conhecido como Petit, foi uma das peças mais importantes no xeque-mate que os "axadrezados" deram aos grandes há 13 anos. O sucesso, tanto individual como coletivo, levou-o para o miolo do Benfica, do Colónia e da seleção nacional. Depois de pendurar as botas só conheceu um campo de treinos: o das "panteras negras".

A estrela: Bobô

Dono de uma velocidade impressionante para um jogador de 32 anos e de uma capacidade de finalização assinalável, Bobô marcou 18 golos em 24 jogos no Campeonato Nacional de Séniores na última temporada. O avançado brasileiro, que também tem nacionalidade portuguesa, impressionou tanto os adeptos que estes até criaram uma campanha no Facebook para o levar ao Mundial2014. Para desilusão de mais de mil apoiantes, nem Luiz Felipe Scolari nem Paulo Bento o chamaram para o torneio em terras de Vera Cruz.

A possível revelação: Bernardo Tengarrinha

O médio, pelo menos, tem "a escola toda". Formado no Odivelas, passou pelas camadas jovens do Benfica e do FC Porto, tendo depois jogado por empréstimo dos "dragões" em clubes como V. Setúbal, Santa Clara ou Olhanense. Aos 25 anos, já não é nenhum meníno-prodígio, mas pode dar ao meio-campo boavisteiro a solidez necessária para enfrentar os desafios difíceis da nova temporada. Ou seja, todos.

*Notícia atualizada no dia 13/08/2014 às 15h36.

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