Paulo Gonçalves, diretor do departamento jurídico do Benfica e um dos homens próximos de Luís Filipe Vieira, foi detido na manhã desta terça-feira pela Polícia Judiciária por suspeitas de ter subornado três funcionários judiciais para lhe fornecerem dados processuais do chamado 'caso dos mails'.

Saiba como tudo começou

6 de junho de 2017

Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, denuncia no programa ‘Universo Porto da Bancada’, do Porto Canal, emails que terão sido trocados entre Adão Mendes, antigo árbitro da Associação de Futebol de Braga, e Pedro Guerra, na altura diretor de conteúdos da Benfica TV, salientando que os mesmos configuram um "esquema de corrupção [na arbitragem] para beneficiar o Benfica".

Francisco J. Marques começa por citar um email de Adão Mendes para Pedro Guerra de 28 de Janeiro de 2014 em que se fala de “padres” para representar árbitros e de “missas” como jogos do Benfica.

Num outro email trocado entre Adão Mendes e Pedro Guerra, o diretor de comunicação dos ‘dragões’ cita um excerto em que são referidos os nomes de oito árbitros (Jorge Ferreira, Nuno Almeida, Manuel Mota, Vasco Santos, Rui Silva, Hugo Pacheco, Bruno Esteves e Paulo Baptista) que, na sua opinião, estão ao serviço do clube ‘encarnado’.

7 de junho de 2017

O Benfica reage em comunicado às acusações de Francisco J. Marques, desmentindo “de forma veemente as falsas e absurdas insinuações do diretor de comunicação do FC Porto” e revelando a intenção de avançar com um “processo-crime por difamação e outros processos que que se justifiquem”.

No mesmo dia, a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) anuncia a intenção de apresentar “queixa das referidas declarações” de Francisco J. Marques.

13 de junho de 2017

Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica, é implicado numa troca de emails com Mário Figueiredo, ex-presidente da Liga, e Nuno Cabral, ex-delegado da Liga. O primeiro fala de um pedido do antigo árbitro ao jurista ‘encarnado’, em outubro de 2014, para interceder a favor do árbitro Manuel Mota devido a uma nota negativa que recebeu num jogo entre o Vitória de Guimarães e o Marítimo. O dirigente benfiquista teria ainda recebido emails de Adão Mendes a pedir que intercedesse a favor do filho Renato Mendes, árbitro da AF Braga.

15 de junho de 2017

O Diário de Notícias avança que os emails revelados por Francisco J. Marques estão na posse do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, que os obteve através de uma denúncia anónima.

16 de junho de 2017

O Benfica, através do seu diretor de comunicação Luís Bernardo, afirma que vai avançar com processos-crime contra Pinto da Costa e o FC Porto no âmbito do caso dos emails revelados pelos ‘dragões’. “Se o FC Porto alega ter informação confidencial, terá tido acesso a informação comercial e isso é um crime grave", disse o diretor de comunicação do Benfica à BTV.

22 de junho de 2017

Francisco J. Marques acusa o Benfica de monitorizar as mensagens telefónicas do atual presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes. O dirigente portista citou alegados emails enviados em 2014 por Carlos Deus Pereira, então presidente da Assembleia-Geral da Liga, a Pedro Guerra, com o conteúdo de centenas de sms’s de Fernando Gomes, na altura presidente da Liga de Clubes.

24 de junho de 2017

O Expresso avança que a Polícia Judiciária está a investigar as acusações feitas pelo FC Porto a elementos do Benfica e já terá na sua posse os emails e mensagens que o diretor de comunicação dos ‘dragões’ tem vindo a revelar. A RTP adianta, por sua vez, que a PJ pretende ouvir os envolvidos no caso, nomeadamente Pedro Guerra, Nuno Cabral e Adão Mendes.

28 de junho de 2017

Francisco J. Marques acusou o Benfica de recorrer a "bruxaria" para conseguir obter resultados desportivos nas últimas temporadas, partilhando no Porto Canal um email a envolver Luís Filipe Vieira, presidente das ‘águias’ e o "General Doutor Armando Nhaga, comissário nacional da polícia da Guiné Bissau". Rui Gomes da Silva, ex-vice dos ‘encarnados’, terá sido o intermediário.

9 de agosto de 2017

O diretor de comunicação do FC Porto revela novos emails, trocados entre Domingos Soares Oliveira, administrador da SAD do Benfica, e dois advogados ligados ao processo que decorre tribunal contra Jorge Jesus, “com conhecimento de Paulo Gonçalves”. Numa mensagem, Domingos Soares Oliveira terá sugerido que se investigasse o computador que Jorge Jesus levou para o Sporting, para benefício em tribunal.

29 de agosto de 2017

Francisco J. Marques acusa Bruno Paixão de manter "contactos clandestinos" com o Benfica, através da intermediação de Nuno Cabral, antigo delegado da Liga. O dirigente portista mostrou uma alegada conversa de Facebook, em março de 2014, entre o árbitro da AF Setúbal e o ex-delegado da Liga, cuja alegada ligação aos ‘encarnados’ por várias vezes foi denunciada por Francisco J. Marques - em que o juiz, após apitar um Tondela-Benfica B, terá mandado "fazer fichas novas" porque no seu entender "não estavam bem preenchidas".

12 de setembro de 2017

O Jornal de Notícias avança que o Benfica interpôs uma providência cautelar contra FC Porto, SAD, FC Porto Media, Porto Canal e Francisco J. Marques. Ao Tribunal Cível do Porto, através do advogado Gonçalo Malheiro, o clube pediu a proibição imediata de novas revelações de emails ou mensagens, reclamando o pagamento de um milhão de euros por cada violação da decisão judicial.

Em comunicado divulgado no site do clube, o emblema da Luz confirmou e justificou a ação judicial, cujos objetivos serão “impedir, primeiro, a prática continuada de uma conduta ilícita” e garantir, em segundo lugar, “a salvaguarda do bom-nome do Sport Lisboa e Benfica”.

13 de outubro de 2017

O Tribunal Cível da Comarca do Porto indefere a providência cautelar intentada pelo Benfica para impedir Francisco J. Marques de continuar a divulgar emails. No documento de 60 páginas, o tribunal considera que não ficou provado que a situação constitua "o instituto da concorrência desleal", argumento utilizado pelos 'encarnados'.

19 de outubro de 2017

O assessor jurídico do Benfica Paulo Gonçalves foi constituído arguido na sequência de buscas da Policia Judiciária ao clube. Fonte do clube da Luz garantiu que constituição de arguido a Paulo Gonçalves “não reside em nenhuma suspeita concreta do processo, mas sim das exigências do próprio estatuto da ordem dos advogados que assim determina sempre que um advogado forneça informação num âmbito de um processo”.

Neste dia, a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL) confirmou a investigação a um suspeito, no âmbito do caso dos emails do Benfica, por corrupção passiva e ativa.

Em comunicado, a PGDL deu conta da emissão de mandados de busca domiciliária e não domiciliária, no âmbito de uma investigação em curso pelos crimes de corrupção passiva e ativa, por parte da nona secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.

Foram feitas buscas no Estádio da Luz e às residências de Luís Filipe Vieira, Paulo Gonçalves, Ferreira Nunes (ex-responsável pela classificação dos árbitros), Adão Mendes, Nuno Cabral e Pedro Guerra. Duraram cerca de 10 horas.

24 de outubro de 2017

Pedro Guerra, antigo diretor de conteúdos da BTV e um dos visados por Francisco J. Marques no caso dos emails, admitiu que mantinha conversas com ex-árbitros, nomeadamente Adão Mendes, também ele acusado pelo diretor de comunicação dos 'dragões', mas que o fazia apenas depois dos jogos.

29 de outubro de 2017

O Ministério Público confirmou ter aberto um inquérito de forma a apurar se os alegados emails do Benfica, que têm sido revelados por Francisco J. Marques, foram obtidos através de pirataria informática, e se a forma como os mesmos têm sido divulgados pelo diretor de comunicação do FC Porto, também constitui crime.

A confirmação foi dada pelo próprio Ministério Público ao Jornal de Notícias. Neste inquérito, diferente daquele onde o Benfica é acusado da prática de um alegado esquema de corrupção na arbitragem, estão em causa eventuais "crimes de acesso ilegítimo, violação de correspondência e ofensa a pessoa coletiva".

31 de outubro de 2017

A revista 'Sábado' deu a conhecer novas informações relacionadas como o caso dos emails, mencionando a existência de uma "rede de influência" do Benfica sobre estruturas de decisão do futebol para influenciar a arbitragem em Portugal.

De acordo com esta publicação, terá sido este o motivo para as buscas da PJ NA Luz e nas casas de Luís Filipe Vieira, Paulo Gonçalves e Pedro Guerra.

15 de novembro de 2017

Horácio Piriquito, gestor e membro do Conselho Fiscal da FPF, apresentou esta quarta-feira a demissão na sequência das revelações da revista Sábado de que teria cedido a Pedro Guerra, comentador afeto ao Benfica, "documentos internos" da FPF, relacionados com auditorias trimestrais e que não eram de divulgação pública

Horácio Piriquito deu conta da sua demissão num comunicado publicado na rede social Facebook, onde reconhece ser "amigo" de Pedro Guerra, com quem troca “regularmente emails", afirmando que tudo não passou de uma “troca normal de informações e esclarecimentos."

26 de dezembro de 2017

Francisco J. Marques revelou como é que o Benfica chegou a quem fez download dos emails que estavam relacionados com o clube. No programa do Porto Canal Universo Porto, o diretor de comunicação dos 'azuis e brancos' diz que foi uma ação premeditada por parte dos clube da Luz.

"Qualquer pessoa poderia pôr aquilo a disparar para o email do Benfica, mas, a partir do momento em que o Benfica envia as cartas, quer dizer que o Benfica fez isso de forma consciente e premeditada. Quem está a receber a carta foi porque fez download de sites aparentemente disponibilizados pelo Benfica. Fazer download de ficheiros que estão a circular na Internet não me parece ser um crime que deva preocupar quem quer que seja".

30 de dzembro de 2017

O jogo entre Rio Ave e Benfica da época 2015/2016 está a ser investigado pela Polícia Judiciária por suspeitas de viciação de resultado, avançou o jornal Correio da Manhã.

De acordo com o referido diário, a Polícia Judiciária está a investigar um alegado pagamento a jogadores do Rio Ave para que perdessem contra o Benfica na época 2015/2016. Segundo as informações veiculadas, quatro jogadores do Rio Ave terão sido abordados por empresários ligados ao clube da Luz para que perdessem contra o Benfica.

17 de janeiro de 2018

Começam a ser ouvidos os árbitros sobre o chamado caso dos e-mails. A Comissão de Instrutores da Liga já está a ouvir os juízes, sobre o alegado caso de corrupção que poderá envolver o Benfica.

Segundo o jornal Record, os juízes estão a prestar declarações enquanto testemunha e por iniciativa do próprio organismo, com os inquéritos a realizarem-se em Lisboa e no Porto.

24 de janeiro de 2018

O Ministério Público (MP) juntou os inquéritos dos ‘vouchers’ e dos ‘emails’ do Benfica num só processo, confirmou à agência Lusa fonte oficial da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Questionada pela Lusa, fonte oficial confirmou que os inquéritos foram apensados, reiterando que as investigações se encontram em segredo de justiça.

Na sua edição de hoje, a revista Sábado deu conta da concentração dos casos num só processo, pela existência de “matéria e personagens coincidentes a ambas as investigações”.

27 de janeiro de 2018         

O diretor de comunicação do Benfica, Luís Bernardo, afirmou que "não tem nada de novo" a notícia sobre a junção de uma investigação relativa a um jogo suspeito aos inquéritos dos ‘vouchers’ e dos ‘emails’.

"Isto não tem nada de novo", afirmou Luís Bernardo, pronunciando-se em seguida sobre os diversos casos, para concluir que "a posição do Benfica é estar com total tranquilidade, uma vez que não cometeu ilegalidades".

9 de fevereiro de 2018

O Ministério Público anexou ao processo dos e-mails uma nova investigação, relacionada com a possível existência de uma fonte "paga" que o Benfica terá junto do sistema de justiça, noticia a revista Sábado.

Segundo a Sábado, um dos sites que tem vindo a difundir os e-mails do clube "encarnado" divulgou um documento interno da Polícia Judiciária no qual o coordenador da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ alerta para essa suspeita. Nesse documento, datado de 29 de Setembro de 2017, é referido que um funcionário terá cometido atos que indiciam violação do segredo de justiça, violação do segredo por funcionário e corrupção passiva por ato ilício ao ter permitido que responsáveis do Benfica acedessem a partes do processo do caso dos emails.

 

 

10 de fevereiro de 2018

O semanário 'Expresso' garante que o Ministério Público mandou abrir uma investigação com o objetivo de identificar o responsável por uma alega fuga de informação para o Benfica sobre os processos em que o clube está a ser investigado tendo como base uma denúncia feita por um dos principais investigadores da Polícia Judiciária.

Segundo o referido jornal, a Polícia Judiciária tem suspeitas de um funcionário do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa que, "teria passado ilegalmente diversas peças processuais do inquérito em curso da 9.ª secção do DIAP a 'responsáveis daquele clube' (...), conteúdos de vários documentos confidenciais, todos eles relacionados com o caso dos e-mails".

O Expresso escreve ainda que a Procuradoria-Geral da República não confirmou ao semanário se abriu um inquérito a esta alegada fuga de informação, mas avançou que uma "fonte próxima da investigação confirmou que o DIAP de Lisboa acabou por tomar conta de mais um dossiê que envolve o clube encarnado".

17 de fevereiro de 2018

O Benfica terá sido contactado via telefone por um grupo de alegados piratas informáticos, que exigiram o pagamento de um milhão de euros para parar com a divulgação de emails do clube da Luz.

De acordo com o jornal Correio da Manhã, que cita fonte dos 'encarnados', o mesmo grupo terá proposto ainda a venda de emails internos de FC Porto e Sporting.

O Benfica terá informado imediatamente as autoridades para apresentar queixa do sucedido, queixa essa que já estará a ser analisada pelo Ministério Público, segundo refere a mesma publicação.

21 de fevereiro de 2018

O FC Porto não pode voltar a divulgar alegada correspondência privada do Benfica no Porto Canal, por intermédio do seu diretor de comunicação e informação Francisco J. Marques, avança esta quarta-feira o diário JN na sua edição online.

Segundo escreve o referido jornal portuense, o Tribunal da Relação do Porto deu razão ao Benfica no recurso do procedimento cautelar interposto pelo clube da Luz de forma a proibir o FC Porto de divulgar correspondência privada dos dirigentes da Luz através do seu programa no Porto Canal 'Universo Porto - Da Bancada'.

23 de fevereiro de 2018

O FC Porto e o seu diretor de comunicação estão proibidos de divulgar mais e-mails do Benfica. A decisão foi imposta pelo Tribunal da Relação do Porto, dez meses depois de Francisco J. Marques começar a divulgar emails onde revela um suposto esquema montado pelo Benfica para dominar as instâncias do futebol em Portugal. A divulgação dos mesmos deu origem a uma investigação por suspeitas de corrupção e tráfico de influências.

No acórdão do tribunal, que o Jornal de Notícias teve acesso, ficou determinado que o FC Porto pode incorrer numa multa até 200 mil euros de cada vez que infringir a proibição de não revelar emails do Benfica.

24 de fevereiro de 2018

A Polícia Judiciária suspeita que há uma 'toupeira' dentro da estrutura do Benfica, que poderá estar a passar informação para o exterior.

De acordo com o semanário Expresso, as autoridades estão a investigar esta hipótese já que, mesmo depois de o Benfica ter reforçado a segurança da sua rede, as informações sobre e-mails do clube da Luz continuam a ser divulgados.

"Não deve ser posta de parte a hipótese de, em alguns casos, a fuga de informação ter sido realizada por alguém com acesso privilegiado aos servidores do clube, dada a diversidade de contas que seria necessário comprometer para se aceder às informações que depois foram tornadas públicas", pode ler-se no Expresso.

27 de fevereiro de 2018

O diretor de comunicação e informação do FC Porto, Francisco J. Marques, anunciou esta terça-feira que o clube portista vai recorrer para o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos da decisão judicial que impede, neste momento, de qualquer divulgação de correspondência privada do emblema da Luz.

Em declarações no Porto Canal, Francisco J. Marques criticou a decisão do Tribunal da Relação do Porto em impedir a divulgação de correspondência privada do Benfica e alegou o 'interesse público' para anunciar que o clube vai recorrer da decisão ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

6 de março de 2018

Paulo Gonçalves, diretor do departamento jurídico do Benfica é detido pela Polícia Judiciária por suspeitas de ter subornado três funcionários judiciais para lhe fornecerem dados processuais do chamado 'caso dos mails'. A PJ confirma a detenção de duas pessoas no âmbito da operação “e-Toupeira”