O advogado da "Operação Fénix" Nuno Cerejeira Namora disse hoje à Lusa que aquele processo insere-se "numa guerra sul-norte" e aparece "enquadrado numa política para decapitar a direção do FC Porto".

"Este processo não foi inocente. Referindo-se a putativos crimes praticados a norte e por arguidos do Norte, o processo de inquérito e a instrução foram conduzidos em Lisboa, quando os órgãos de polícia competentes seriam os do Porto", criticou o advogado que representava dois dos 54 arguidos do processo.

Para Nuno Cerejeira Namora, o processo "insere-se numa guerra sul-norte" e enquadra-se numa política para "decapitar" a direção do FC Porto, "nomeadamente o seu presidente, Pinto da Costa, e o então administrador da SAD Antero Henrique, bem como a empresa que fazia segurança ao clube (SPDE)".

Pinto da Costa e Antero Henrique são dos dois 54 arguidos da "Operação Fénix", estando pronunciados, respetivamente, por sete e seis crimes de exercício ilícito da atividade de segurança privada.

Em causa terem, alegadamente, contratado ou beneficiado de segurança pessoal por parte da SPDE, quando saberiam que a empresa não poderia prestar aquele tipo de serviço.

Hoje, no Tribunal de Guimarães, onde decorreu o julgamento, foram absolvidos por falta de fundamentação suficiente no despacho de pronúncia.

Nuno Cerejeira Namora disse que todos os outros arguidos no processo "foram apanhados numa pesca de arras, que os empurrou para um turbilhão, onde interessava misturar ingredientes que os enlameassem".

"E, por isso, aparecem as ligações à noite, às armas, aos homicídios, as associações criminosas, os ninjas, as extorsões e as coações", acrescentou.

Para aquele advogado, este processo "foi faccioso e mesmo, nalguns segmentos, maldoso" e a acusação era "leviana, ligeira, não séria e não rigorosa".

"A acusação brincou com a vida, a profissão, a honra, o bom nome e a liberdade de muitos dos arguidos, hoje inocentados. A montanha pariu um rato. Mas, pelo caminho, deu cabo da vida a muitos arguidos, beliscou a imagem de outros e, a alguns, coartou injustamente a sua liberdade", sublinhou.

Nuno Cerejeira Namora elogiou ainda os juízes que julgaram o processo.

"Ao absolver globalmente os arguidos, o coletivo não foi fraco, medroso ou teve mão leve. Foi sério, corajoso e sábio", rematou.