André Villas-Boas esteve, esta noite, à conversa com o jornalista Hugo Gilberto, da RTP. AVB explicou as suas ideias para a presidência do FC Porto, falou dos nomes para o futebol e respondeu sobre algumas acusações feitas pela candidatura de Pinto da Costa.
Já definiu o perfil de treinador que quer? "Gostava de começar por respeitar a palavra do treinador. Sérgio Conceição sempre se colocou à parte deste ato eleitoral. Compreendo que não seja fácil para ele gerir toda a comunicação que há à volta da equipa relativamente ao ato eleitoral. É importante recordar que já o fez, ou seja, em 2020 também já era treinador do FC Porto, foi campeão nacional nesse ano e também houve um ato eleitoral. Portanto, tem essa experiência, isto não é novidade para ninguém. A realidade é que a única coisa que diverge de 2020 será o poder da candidatura de oposição. Portanto, o treinador atual do FC Porto manteve-se à parte, será a primeira pessoa que eu irei abordar quando, eventualmente."
Possível continuidade de Sérgio Conceição: "O que faz sentido é uma conversa com o treinador atual, perceber as razões pelas quais não foi feita a sua renovação anteriormente, que podem ter a ver com as suas motivações relativamente ao seu futuro e à sua carreira."
Zubizarreta será o diretor desportivo do FC Porto? "Tive uma relação de muita empatia profissional e pessoal com o Zubizarreta. Tenho planos muito bem definidos relativamente à direção desportiva, o meu FC Porto do futuro assenta numa direção desportiva estruturada e será esse sempre o coração da sustentabilidade financeira do clube. A formação terá um papel a jogar, a performance tem um papel a jogar, o scouting tem um papel novo a jogar, tudo isto obedece uma direção desportiva estruturada, onde eu farei confiança a pessoas com as quais trabalhei. Portanto, é muito possível que isso aconteça, será um anúncio para breve, para esta quinta-feira. Acho que será um anúncio do agrado dos associados..."
Então é muito possível que aconteça: "Como há pouco estávamos a falar de perfis, digamos que esse obedece ao perfil desejado."
Qual será o papel do Jorge Costa no futuro do FC Porto se o André Villas-Boas ganhar? "Neste momento o Jorge é um dos apoiantes desta candidatura, entende, como elemento histórico do FC Porto, que esta também é uma altura de mudança e por isso manifestou claramente o seu apoio pessoal no anúncio da minha candidatura e já esteve envolvido também em alguns eventos da minha candidatura. Neste momento, fico feliz por poder contar com um universo de pessoas do mundo azul e branco, com grande representatividade, que têm apoiado esta candidatura. O Jorge é uma dessas pessoas, está vinculado ao Aves, evidentemente, e logo se vê."
Antero Henrique será seu conselheiro? "O Antero não tem nada a ver com esta candidatura, é uma pessoa amiga que eu conheço, com a qual me relaciono, com a qual naturalmente falo de temas relacionados com esta candidatura, mas não tem absolutamente nenhum papel sobre decisões futuras e estruturantes do FC Porto. Na minha ótica, foi um dos melhores profissionais com os quais eu trabalhei e este é um sentimento partilhado em geral no futebol europeu, de uma pessoa de grande conhecimento e de grande profissionalismo, com uma visão estratégia sobre o futebol europeu difícil de encontrar, mas não terá nenhum papel no FC Porto no futuro."
Vítor Baía disse que Antero Henrique era o mentor da sua candidatura para transformar o FC Porto num entreposto dos jogadores: "São perguntas que tem de fazer ao Vítor Baía, que melhor pode explicar as razões de determinadas coisas. Não posso dedicar-me continuamente a desmentir as declarações que vêm do outro lado. Ainda ontem tivemos mais um episódio infeliz da candidatura de Pinto da Costa ao dizer que era falso, que nós não tínhamos recebido a aprovação por parte da Agência Portuguesa do Ambiente para a construção deste Centro de Alto Rendimento em Gaia, o que facilitamos imediatamente a autorização do mesmo para a comunicação social. Não posso passar toda a vida a desmentir a quantidade de barbaridades que são ditas pela outra candidatura. Neste momento estou absolutamente focado no meu projeto."
Apoio do empresário Joaquim Oliveira: "Decidi convidar o Joaquim para a minha apresentação no dia 17 de janeiro. Tive muito gosto em convidá-lo, é uma pessoa com a qual me relacionei mais nos tempos em que estava no FC Porto, também fruto da amizade do presidente Jorge Nuno com o Joaquim Oliveira, até que lhe perguntar a ele o que ele o vê como um inimigo. Isso só é uma coisa que pode ser esclarecida entre os dois, a única coisa que é importante esclarecer é que isto não tem nada a ver..."
Pinto da Costa responde com direitos televisivos: "Se calhar o presidente não tem acompanhado a liga sobre a centralização e as suas implicações e o que tem a ver com a liga centralização e com o decreto-lei do Governo para centralizar os direitos televisivos. A única coisa que falta definir é a chave de repartição relativamente ao futuro, onde o presidente da Liga, Pedro Proença, garantiu que os clubes não iam perder valor."
Academia do FC Porto na Maia como defende Pinto da Costa ou no Olival como defende Villas-Boas? "Em 2022, quando iniciamos este projeto desta candidatura, não havia conversas sobre a academia da Maia, o FC Porto estava em vias de tentar rescindir um contrato que tinha assinado para construir uma academia em Matosinhos. Nós queríamos resolver imediatamente os problemas infraestruturais do FC Porto com a criação de um novo espaço e para nós fazia sentido, do ponto de vista da unidade, ou seja, a formação e o futebol profissional estarem juntos, colocá-lo em Gaia e também do ponto de vista do custo e da operação e da velocidade de execução dessa operação. Daí que encetámos os contactos necessários para encontrar terrenos no Olival e encontramos dois terrenos e acabamos por fechar um, que estava nas mãos da família Amorim. É um contrato de promessa de compra e venda que está assinado comigo e que depois será pegado pelo FC Porto, cedendo a minha posição ao FC Porto. Eu acho que é importante dizer o seguinte, as duas unidades juntas, normalmente em termos de futebol, obedecem a 10 campos relevados, o que é o 'benchmark' europeu para uma cidade de futebol igual ao que têm os clubes europeus."
Acredita que o FC Porto pode voltar a uma final europeia? "Dificilmente. Repare, há uma ameaça clara, em primeiro lugar, sobre o ecossistema do futebol atualmente, por conta da decisão do Tribunal Europeu relativamente às competições paralelas e a UEFA e a FIFA não poderem castigar novas competições que venham a ser, competições e jogadores, não poderem castigá-los. Acho que há uma nova ameaça sobre o ecossistema do futebol. Isto levou à reformatação dos quadros competitivos da UEFA, de todas as competições da UEFA, e vive-se uma altura muito sensível. Agora, o que é que parece claro? Há um domínio cada vez maior dos grandes clubes europeus dentro deste ecossistema do futebol e uma ameaça cada vez maior com os grupos de clubes. Temos o grupo City, temos o grupo Paris Saint-Germain, o grupo Textor, o grupo Red Bull, cada vez mais a funcionarem em cadeias, e agora temos também fundos de investimento que compram carteiras de agentes dos jogadores. Tudo isto são sinais da mudança do ecossistema do futebol, que leva as coisas a tornarem-se muito sensíveis, e para FC Porto poder chegar a uma competição europeia tem que estar ao máximo nível desportivo, ao nível do scouting, ao nível da sua formação e ao nível da criação de uma equipa competitiva. É muito mais complicado, temos essa experiência e esse background europeu que nos sustenta e que nos permite sonhar."
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