Os números, os destaques e as polémicas das primeiras oito jornadas da Primeira Liga 23/24

Pedro Miguel Marques

10 out 2023 13:25

Este artigo tem mais de um ano

Sporting lidera o campeonato ao fim de oito jornadas e é a única equipa ainda invicta, mas não tem nem o melhor ataque, nem a melhor defesa, numa prova até agora marcada por polémicas com o tempo de descontos e com as atuações do VAR.

A Primeira Liga 2023/24 vai parar durante quase três semanas, para os compromissos de outubro das seleções nacionais e para a 3.ª eliminatória da Taça de Portugal, jogadas que estão 8 das 34 jornada.

Com praticamente 1/4 do campeonato jogado, é altura de fazer um balanço do que se passou até agora e de olhar para alguns dos números de uma competição em que os quatro candidatos ao título seguem, como se esperava, nos quatro primeiros lugares mas onde têm de ter suado talvez bem mais do que se esperava para somarem os três pontos em grande parte dos jogos.

Efetivamente, as vitórias dilatadas não têm sido muitas para Sporting, Benfica, FC Porto e Braga. Grande parte delas foram alcançadas por apenas um golo de diferença e, várias, ao cair do pano. Nos 30 jogo disputados até à data com a participação dos quatro da frente, apenas em dois deles a margem da sua vitória foi superior a dois golos (nos triunfos caseiros por 4-0 do Benfica sobre o Guimarães e por 4-1 do Braga sobre o Boavista). E apenas em mais sete foi superior a um golo.

Sporting, Benfica, FC Porto e Braga totalizam entre si 25 vitórias até ao momento na prova. Dezasseis delas foram por apenas um golo de diferença. O FC Porto, por exemplo, ainda não ganhou nenhum jogo por mais do que um golo de diferença.

Sporting lidera invicto

No topo da tabela encontra-se o Sporting. Os leões são a única equipa ainda invicta, ao fim de oito jornadas, e o único jogo que não venceram foi no empate a um golo em Braga, no terreno de um dos rivais na corrida ao título.

Ainda assim, e apesar da liderança e das exibições que têm, na sua maioria, agradado aos adeptos, o caminho não tem sido fácil. Logo a abrir, a equipa de Rúben Amorim deixou fugir uma vantagem de dois golos na receção ao Vizela e só ganhou com um golo de Paulinho mesmo à beira do fim, já nos descontos. Seguiu-se uma vitória no terreno do Casa Pia com polémica à mistura devido a um erro assumido pelo VAR.

A turma de Alvalade soma quatro vitórias seguidas desde o tal empate em Braga, três das quais a jogar em casa e apenas duas delas relativamente tranquilas (frente a Moreirense e Rio Ave). Para as outra duas foi preciso suar e muito (vitórias por 3-2 em Faro, com novo golo nos descontos a garantir o triunfo, e por 2-1 na receção ao Arouca a jogar muito tempo com dez elementos). Quando o campeonato voltar, os leões vão ter pela frente uma complicada visita ao Estádio do Bessa para defrontarem o Boavista.

Benfica atravessa maior série de vitórias

O Benfica, campeão em título, surge no segundo lugar, a apenas um ponto do Sporting. Mas a defesa do título não começou da melhor forma, com as águias derrotadas por 3-2 na deslocação ao terreno do Boavista.

A partir daí, contudo, para o campeonato o Benfica só sabe ganhar. Mas não se pense que têm sido vitórias fáceis, com uma ou outra exceção. Seguiu-se uma vitória caseira, por 2-0, sobre o Estrela da Amadora, mas em que os golos só surgiram no derradeiro quarto de hora. A maior goleada chegou à 4.ª jornada, com um triunfo por 4-0 na Luz sobre o Vitória de Guimarães e houve, claro, o importante triunfo sobre o rival FC Porto, por 1-0.

A sétima vitória seguida (maior série de triunfos logrado por qualquer equipa até ao momento na presente edição da prova) chegou à Jornada 8, mas mesmo ao cair do pano, com um golo nos descontos a valer um muito suado triunfo por 1-0 sobre o último classificado, o Estoril. Na 9.ª jornada o Benfica vai receber o Casa Pia.

FC Porto tem a melhor defesa, mas marca muito pouco

Este não tem sido um campeonato fácil para o FC Porto até agora. Os dragões até começaram com três vitórias nas três primeiras jornadas, mas nenhuma delas foi fácil: precisaram de virar o resultado na ronda inaugural, em Moreira de cónegos, e só com golos nos descontos bateram Farense e Rio Ave. À quarta jornada, a primeira escorregadela: empate caseiro com o Arouca, que só não foi derrota graças a mais um golo nos descontos.

Outro triunfo já nos descontos chegou à 6.ª jornada, com Eustáquio a marcar o golo da vitória por 2-1 sobre o Gil Vicente, antes da amarga derrota por 1-0 no terreno do rival Benfica, num jogo em que o FC Porto jogou muito tempo com menos um.

O FC Porto, que como referimos ainda não ganhou nenhum jogo por mais do que um golo de diferença nesta Primeira Liga, até tem o melhor registo defensivo da prova (apenas seis golos sofridos), mas leva apenas 11 golos marcados e ainda não marcou mais do que dois golos em nenhum jogo. Vai seguir-se uma deslocação ao terreno do Vizela.

Braga é quem mais marca, mas sofre muito

O Braga, que surge no quarto lugar, contrasta claramente com o FC Porto no que a golos diz respeito. Se o FC Porto tem a melhor defesa, mas um ataque que deixa muito a desejar, o Braga até tem o melhor ataque da prova (20 golos marcados), mas tem um registo defensivo que deixa muito a desejar.

Os minhotos já sofreram duas derrotas, uma em casa (diante do Famalicão) e outra fora (na visita ao Farense), e empataram na receção a um dos rivais, o líder Sporting.

O Braga ainda não conseguiu terminar um jogo sem sofrer golos esta época e, das cinco vitórias que leva, três foram bem suadas, tendo-se visto obrigado a recuperar de desvantagens no marcador para bater Chaves, Moreirense e Rio Ave (este graças a dois golos nos descontos, na 8.ª jornada). No retomar do campeonato, o Braga vista o Gil Vicente.

As polémicas: muitos descontos e VAR a falhar

Foi talvez o principal tema de debate das primeiras jornadas do campeonato: o tempo de compensação dado pelos árbitros subiu, e muito, em relação às temporadas transatas, seguindo uma indicação dada antes do arranque da temporada. Ao todo, já foram marcados neste campeonato 33 golos para lá do minuto 90. Braga e FC Porto são quem 'manda' aí manda, com cinco golos cada marcados nos períodos de desconto das segundas partes, mas também Benfica e Sporting já marcaram golos que valeram pontos para lá dos 90 minutos.

Não têm faltado as trocas de comunicados e acusações entre os principais clubes, por culpa destes períodos de desconto, mas não só. É que as polémicas com as arbitragens (e com o VAR), têm sido muitas. À 2.ª jornada, por exemplo, ficou marcada por um erro de análise do VAR logo no terceiro minuto da visita do Sporting ao terreno do Casa Pia. Paulinho marcou para os leões e o golo foi validado pelo árbitro em campo e confirmado pelo videoárbitro, mas mal avaliado, com as linhas do posicionamento dos jogadores a serem colocadas de forma errada. Mal o jogo terminou, e numa ação raramente vista, o Conselho de Arbitragem assumiu em comunicado.

E, à 4.ª jornada, caricatos acontecimentos marcaram o encontro entre FC Porto e Arouca no Estádio do Dragão. O árbitro da partida, Miguel Nogueira, assinalou uma grande penalidade a castigar falta sobre Taremi, mas foi chamado a rever as imagens. Porém, não havia conexão com a cidade do futebol e não foi possível ao juiz da partida ver as imagens. A solução, insólita, foi falar ao telefone com a equipa de videoarbitragem. O penálti foi revertido e só mais tarde o FC Porto acabaria por chegar ao empate, num jogo que acabou por ter mais de 20 minutos de desconto no segundo tempo.