Benfica, FC Porto e Sporting constroem todas as épocas planteis para atacar o título de campeão. Porém, em cada um dos três grandes há um outro plantel oculto, que se tenta mostrar longe dos seus adeptos. São os planteis de jogadores emprestados, cujo número se elevou a 70 na temporada que agora findou.
Neste campeonato particular o FC Porto levou a melhor, com 27 atletas cedidos a outros clubes, superando assim os 25 do Benfica e os 18 do Sporting. Em tempos de crise e de indispensável racionalidade económica, parece contraproducente ter tantos futebolistas sob contrato. Todavia, os empréstimos são sempre sinónimos de uma esperança: que o jogador evolua para voltar à base ou que evolua e traga retorno financeiro. E se isso não acontecer pelo menos aliviou-se a folha salarial do clube.
Na contabilização de cedências encontra-se de tudo: de grandes promessas em busca de rodagem a elementos de créditos firmados, mas sem espaço para evolução, passando ainda por jogadores praticamente anónimos aos olhos dos adeptos. Aqui, cada caso é um caso.
Do Seixal até às transferências milionárias
O caso do Benfica é, porventura, o mais peculiar dos três. Entre os empréstimos dos encarnados figuraram algumas das maiores pérolas trabalhadas no Seixal, mas para estas o regresso era à partida pouco provável. O objectivo passava já pela rentabilização numa transferência, com Bernardo Silva (15,75 milhões de euros) e João Cancelo (15 ME) à cabeça, negociados com Mónaco e Valência ainda antes do fim da época (e que por isso já não entram na lista). E ainda pode haver mais vendas, como nos casos de Ivan Cavaleiro, Hélder Costa ou Luís Fariña (todos no Deportivo).
Noutro sentido encontram-se os jovens que saíram para ganharem minutos e ‘estaleca’ fora da Luz, como o internacional sub-20 Raphael Guzzo (cedido ao Chaves), Bruno Gaspar (Vitória de Guimarães), Rúben Pinto ou Fábio Cardoso (ambos no Paços de Ferreira).
Por fim, há aqueles que deixaram o clube da Luz já sem grandes perspectivas de retorno, fosse ele ao plantel ou a nível financeiro. Neste segmento contam-se os nomes de Sidnei, Yannick Djaló, Steven Vitória e Luís Filipe, entre outros.
Crescer longe do Dragão
O emblema recordista de jogadores cedidos a outros clubes tem uma tradição de apostar em atletas que se deram bem com o empréstimo. Ricardo Carvalho ou Bruno Alves são apenas dois exemplos, mas para a próxima época existem novas possibilidades. O médio brasileiro Carlos Eduardo brilhou no Nice e já tem regresso marcado ao Dragão, podendo acontecer o mesmo com Josué, que se afirmou no Bursaspor.
No entanto, houve também empréstimos a ‘fundo perdido’, já que terminam contrato e a saída é uma inevitabilidade, como são os casos de Izmailov (Krasnodar) e Rolando (Anderlecht). E novas decisões surgem no horizonte com outros elementos prestes a entrar no último ano de vínculo ao FC Porto, nomeadamente Varela, Djalma, Abdoulaye ou Kléber.
Voltar para novas oportunidades
O bom costume de aproveitar os talentos da formação é uma marca registada do Sporting que será posta à prova em 2015/16, sob o comando de Jorge Jesus. De facto, no próximo plantel leonino deverão estar vários jogadores que rentabilizaram o seu empréstimo na época agora finda. O marroquino Labyad é um nome incontornável na lista, depois de vingar no Vitesse, mas merecem sobretudo realce os jovens Iuri Medeiros (Arouca), Ricardo Esgaio (Académica), Filipe Chaby (U. Madeira).
Paralelamente, existem outros futebolistas ligados ao clube de Alvalade a quem a cedência esteve longe de ser positiva e no qual o futuro deve levá-los novamente para longe do Sporting. Efetivamente, Slavchev fez somente um jogo no Bolton e Heldon participou em 14 jogos no Córdoba, só para citar alguns nomes.
A vontade de singrar de águia, dragão ou leão ao peito será comum a todos, mas nem todos terão essa sorte. Será tempo de novas oportunidades… aqui ou noutro clube qualquer.
Jogadores emprestados em 2014/15:
Benfica (25) – Bebé (Córdoba), Nélson Oliveira (Swansea), Sidnei, Hélder Costa, Ivan Cavaleiro e Luís Fariña (Deportivo), Airton (Botafogo), Djuricic (Mainz/Southampton), Djaló (Mordovia), Candeias (Nuremberga/Granada), Funes Mori (Eskisehirspor), Luís Felipe (Joinville), Bruno Gaspar (V. Guimarães), Steven Vitória (Philadelphia Union), Rúben Pinto e Fábio Cardoso (P. Ferreira), Raphael Guzzo (Chaves), Rochinha (Bolton), Rui Fonte (Belenenses), Gianni Rodriguez (Peñarol), Jorge Rojas (Gimnasia), Harramiz (Farense), Lolo Plá (Lugo), Friesenbichler (Lechia Gdansk) e Juan San Martín (Central Español).
FC Porto (27) – Varela (WBA/Parma), Rolando (Anderlecht), Carlos Eduardo (Nice), Izmailov (Krasnodar), Opare (Besiktas), Ghilas (Córdoba), Licá e Abdoulaye (Rayo Vallecano), Josué (Bursaspor), Djalma (Konyaspor), Bolat (Galatasaray), Kelvin (Palmeiras), Walter (At. Paranaense), Otávio e Ivo Rodrigues (V. Guimarães), Sami (Braga/V. Guimarães), Tiago Rodrigues (Nacional), Pedro Moreira (Rio Ave), Tozé e Kléber (Estoril), Kayembe (Arouca), Quinones (Penafiel), Caballero e Júnior Pius (D. Aves), Djim e Candé (Freamunde), Rúben Alves (Famalicão).
Sporting (18) – Labyad (Vitesse), Iuri Medeiros e Fokobo (Arouca), Esgaio (Académica), Chaby (U. Madeira), Slavchev (Bolton), Heldon (Córdoba), Wilson Eduardo (D. Zagreb/Den Haag), Diogo Salomão (Deportivo), Viola (Karabukspor), Betinho (Brentford), Kikas (R. Bucareste), Edelino Ié (FK Kuojo Pakruojis), Lewis Enoh (Leixões), Cissé (Académica), Ruben Semedo (Reus), Baldé (Benfica de Castelo Branco) e Gazela (Salgueiros).
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