O treinador de futebol e ex-glória do Sporting, Manuel Pedro Gomes, acordou este domingo com a notícia da morte de Eusébio da Silva Ferreira, símbolo maior do Benfica e antigo colega na seleção nacional.
«Recebi a notícia esta manhã com muita tristeza. Fico sempre triste quando morre um amigo e sobretudo um colega de profissão e uma figura como é o Eusébio. Acho que a partir de hoje passa a ser uma lenda do futebol nacional e internacional», começou por dizer Pedro Gomes ao SAPO Desporto sobre como havia recebido a notícia da morte de Eusébio.
«O Eusébio até esta altura era uma figura emblemática, era de facto o grande representante e embaixador do Benfica por todo o seu passado e história, e por toda a sua qualidade e capacidade futebolística. O Eusébio ganhou vários prémios internacionais e para mim foi o melhor jogador português do século XX», frisou o antigo defesa leonino.
O antigo jogador do Sporting, Pedro Gomes, viu de perto a ascensão de Eusébio como ícone do futebol mundial na década de 60 e 70, e relembrou a chegada do Pantera Negra a Portugal em 1960.
«Nessa altura ainda era júnior, jogava nas camadas inferiores do Sporting e o Eusébio ainda não era conhecido. Era mais um jogador que vinha. Primeiro vinha para o Sporting e acabou por ir para o Benfica, mas depois logo no ano seguinte o Eusébio ajudou o Benfica a ganhar a Taça dos Campeões Europeus e marcou um grande golo nos 5-3 ao Real Madrid e depois começou-se a propagar que realmente era um jogador fora de série e que começou a dar nas vistas porque era um goleador que as equipas adversárias temiam bastante», lembrou Pedro Gomes.
«Era um jogador com uma grande capacidade física, com uma velocidade enorme e que por vezes pegava na bola fintava quatro ou cinco e rematava com uma velocidade de mais de 100 à hora. Remates sempre potentes, e por isso é que o Eusébio era um grande goleador. Não era muito bom de cabeça, acho que não chegou a marcar 10 golos de cabeça em toda a sua vida, lembro-me de um ou dois, mas com os pés era imparável e tinha a vantagem de ser um exímio marcador de livres», acrescentou Pedro Gomes.
Sobre o convívio na Seleção Nacional, o antigo jogador do Sporting relembra os jogos com a Turquia rumo ao Mundial 1966.
«Lembro-me do golo que ele marcou na Turquia num campo lavrado em Ancara que foi importante para nós nos classificarmos para o Mundial 1966. Já antes contra a Turquia, no Estádio Nacional, vencemos por 5-1 e acho que lhe endossei duas bolas para ele marcar, e depois fui também colega dele na seleção militar e tive um bom convívio com ele, não tão próximo como com os sportinguistas», rematou Pedro Gomes.
«Em termos de simpatia e afabilidade, o Eusébio era uma pessoa modesta, simpática e foi sempre agradável conviver com ele. Era um ser humano com uma enorme modéstia e de uma simpatia e afabilidade muito grandes para quem está entre os 10 melhores jogadores do mundo», sentenciou Pedro Gomes sobre a dimensão humana do maior símbolo do desporto nacional do século XX, e o maior de sempre do SL Benfica.
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