Uma penhora excecional validada no período de férias judiciais inviabilizou a resolução em tempo útil dos impedimentos de inscrição de novos futebolistas do Boavista, informaram hoje os 'axadrezados', da I Liga.
Numa mensagem publicada no sítio oficial do emblema do Bessa, a SAD presidida pelo senegalês Fary Faye deu conta de que "foi surpreendida com mais uma situação inesperada" em 01 de agosto, quando a sociedade financeira BTL, detentora de um crédito sobre o clube, do qual a sociedade é solidariamente responsável, recebeu autorização do Tribunal Judicial do Porto para executar uma dívida original de 5,2 milhões de euros (ME) - que, com juros, ascende a 6,8 ME -, através da venda de passes de jogadores na atual janela de transferências de verão.
"Apesar do enorme esforço e das intensas negociações realizadas ao longo dos últimos três meses e meio, não será possível concluir antes do fecho deste mercado o processo dos impedimentos da FIFA", admitiram as 'panteras', proibidas pelo organismo de inscrever novos jogadores há quatro janelas seguidas, devido a dívidas.
No início de julho, "ainda antes de ter conhecimento desta situação e assente na forte convicção de que ia resolver" as restrições em causa durante o primeiro período de transferências da temporada, que encerra na segunda-feira para os clubes portugueses, o Boavista oficializou as chegadas do médio internacional nigeriano Ibrahim Alhassan, proveniente em final de contrato dos belgas do Beerschot, e do dianteiro brasileiro Bruninho, emprestado pelo Atlético Mineiro.
Em sentido inverso, as vendas do lateral direito Pedro Malheiro aos turcos do Trabzonspor, por dois ME fixos, mais 500 mil euros em objetivos, e do defesa central internacional nigeriano Chidozie aos norte-americanos do Cincinnati, num negócio avaliado em 700.000 euros, 500.00 dos quais fixos, permitiram "solucionar os impedimentos nacionais e assegurar a renovação das inscrições dos futebolistas que já faziam parte dos quadros da SAD".
"Durante este período, o conselho de administração explorou todas as vias legais e financeiras na procura de assegurar que o Boavista pudesse enfrentar a presente temporada sem esta limitação que tanto nos afeta. Tínhamos um plano claro e bem estruturado, que incluía a transação dos direitos económicos de alguns jogadores, numa operação que serviria para alavancar financeiramente a SAD e resolver os impedimentos da FIFA", enquadrou.
Com o treinador italiano Cristiano Bacci impedido de utilizar Ibrahim Alhassan e Bruninho até, no mínimo, à reabertura da janela de transferências, em janeiro de 2025, a SAD colocou-se à disposição para cumprir a vontade dos dois reforços em continuarem vinculados aos 'axadrezados' ou mudarem de clube no imediato.
"Apesar da impossibilidade de resolver os impedimentos da FIFA até 02 de setembro, este novo Conselho de Administração está a trabalhar, desde o primeiro dia da sua existência, numa solução alternativa, que, contudo, nunca seria possível de concretizar antes do fecho deste mercado. O nosso compromisso é claro e inegociável: vamos continuar a dedicar-nos diariamente, com todas as nossas forças, para ultrapassar este problema até ao final do ano", apontou.
Eleito em maio como sucessor de Vítor Murta, cuja gestão será alvo de uma auditoria forense solicitada pela nova administração, Fary Faye reiterou que o Boavista, 11.º classificado da I Liga, com três pontos em igual número de jornadas, está numa "situação frágil" e luta "todos os dias pela sua sobrevivência".
"Apesar deste revés, continuo a acreditar na força da nossa instituição, na determinação dos nossos atletas e equipa técnica, e no apoio incondicional dos nossos adeptos. Peço a todos compreensão e paciência, mas também a união e a resiliência que fazem de nós, boavisteiros, adeptos únicos e especiais, sobretudo nos momentos mais difíceis da vida do nosso clube", concluiu.
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