Covid-19/Um ano: "Gestão emocional” fez a diferença para o Paços no confinamento - Pepa

O treinador do Paços de Ferreira acredita que o regresso dos adeptos aos estádios de futebol está para breve, após um ano a jogar sem público, em que a gestão emocional foi "determinante" para lidar com a pandemia.

"Já testam nos estádios, controlam a entrada e saída dos adeptos, que se dispersam nas bancadas. Acho que é uma questão de tempo e bom-senso para as coisas poderem ser feitas de forma organizada e segura, e acredito cegamente que em maio vamos voltar a ter adeptos", disse Pepa, em declarações à agência Lusa.

O técnico pacense insiste na necessidade de confiar nas pessoas e nas instituições, repetindo as palavras que dissera na véspera do jogo em Vila do Conde, que só viria a realizar-se quase três meses depois, após confinamento e já sem adeptos nas bancadas.

"Tínhamos acabado de jogar em casa com o Vitória de Guimarães e eles, como se sabe, metem muita gente. Marcaram mesmo os dois golos [da vitória, por 2-1] por trás da baliza onde estavam os adeptos, que até parece que ‘chupam' a bola quando estão em ataque e a empurram para fora quando estão a defender e, de repente, vamos para um jogo em Vila do Conde, num estádio com vento e...vazio", recordou.

Pepa diz que "a falta de público foi o mais estranho" na retoma da I Liga, em junho, e admitiu mesmo o "choque tremendo", apesar do trabalho de bastidores para minorar o problema.

"Simulámos o barulho normal dos jogos nos treinos, para estimular a concentração. Até fizemos jogos entre nós, à porta fechada e com som ambiente. Foi a forma que encontrámos para lidar, na altura, com algo fora do normal e combater os erros que vimos em Ligas que retomaram antes da nossa, como a alemã", afirmou.

Os factos mostram que o Paços, à data da interrupção no limite da permanência (que viria a confirmar a uma jornada do fim), foi uma das quartas melhores equipas após a retoma.

Pepa explicou que "não faltou nada" à equipa, elogiando o esforço do clube em colocar, por exemplo, bicicletas estáticas em casa dos jogadores, para a realização do trabalho aeróbico possível, ou com a entrega de comida ao domicílio, e recordou como foi feita a gestão da ansiedade naqueles dias de incertezas.

"Tentámos não esconder nada aos jogadores e, como não havia terra à vista, até para não massacrarmos, não fazíamos treinos todos os dias em videoconferência, por Zoom. Optámos por entregar a três ou quatro treinadores grupos reduzidos, para ficarmos mais próximos deles. De início, e de forma propositada, só fazíamos treinos coletivos duas a três vezes por semana, para deixar esvaziar um bocadinho o balão e gerir também essa parte emocional, que era complicada", recordou.

A ansiedade foi grande, mas os resultados compensaram o esforço do grupo de trabalho, que voltou a conviver com os adeptos na visita ao Santa Clara (derrota por 3-0), em Ponta Delgada, nos Açores, na jornada passada.

"Foi muito bom. Alguns (jogadores), se calhar, já não estavam habituados a ouvir algumas bocas ou barulho, porque um ano sem adeptos cria sempre algum ruído. Mas entre ter adeptos só da equipa visitante, que joga contra nós, ou não ter, como aconteceu, prefiro ter adeptos. Agora que isso cria ali o 12.º jogador e um apoio extra, cria. Para não dizer que acaba por criar pressão no árbitro que tem de recorrer ao videoárbitro. Mas não foi por isso que perdemos", concluiu.