Paulo Pereira Cristóvão reagiu à publicação de Bruno de Carvalho, que havia antecipado a publicação de um trabalho da revista 'Sábado' sobre uma queixa do antigo vice-presidente do Sporting no Ministério Público.

"Começou por me apelidar de "ex-sócio". Atendendo a que sou sócio do SCP há 44 anos e assim o continuo a ser de pleno direito, e não descortinando onde bruno miguel suportou este epíteto, respondo-lhe tratando-o doravante por "ex-presidente azevedo" porque a sua passagem pelo cargo ocorrerá de forma mais célere que a minha condição de sócio, a qual continuará para além disso", disse Paulo Pereira Cristóvão.

No comunicado, que está dividido em seis pontos, o ex-vice-presidente 'leonino' aborda vários temas relacionados com comissões, processos e a vida pessoal de Bruno de Carvalho.

Leia o comunicado na íntegra

"Gorada que foi a tentativa de se proceder a uma auditoria de gestão ao mandato da actual Direccão do SCP e tendo assim ocorrido pelos entraves colocados não só por aqueles que seriam auditados mas também por acção do Conselho Fiscal da SAD, outra alternativa não restou que não fosse seguir o conselho que bruno miguel azevedo deixou em 14/04/2017: “metam os processos que quiserem, todos podem meter os processos, dar as mãos e dançar o Kumbaya”. Pese embora não tenha dado as mãos a ninguém e muito menos dançado o Kumbaya, em meu nome e não de forma anónima, há cerca de 4 meses atrás, coadjuvado por uma equipa de advogados, levei ao conhecimento da PGR, sob a forma de exposição, um conjunto de elementos que estavam na minha posse, alguns dos quais testemunhados presencialmente por mim e por terceiros. Relembra-se que a PGR detém, em exclusividade, o exercício da ação penal no nosso país. Foi a Procuradoria que decidiu converter essa exposição em processo-crime e delegar na PJ a sua investigação.

Não me querendo alongar muito sobre matéria que está em investigação, ontem à noite sou informado de mais um post de facebook do bruno miguel referindo o mesmo que havia sido confrontado com isto e, a partir daí discorreu aquilo que bem entendeu sobre algumas das matérias com que terá sido confrontado pelos jornalistas.

Começou por me apelidar de “ex-sócio”. Atendendo a que sou sócio do SCP há 44 anos e assim o continuo a ser de pleno direito, e não descortinando onde bruno miguel suportou este epíteto, respondo-lhe tratando-o doravante por ‘ex-presidente azevedo’ porque a sua passagem pelo cargo ocorrerá de forma mais célere que a minha condição de sócio, a qual continuará para além disso.

1) No seu comunicado desesperado de final de noite, estranhei que o ex-presidente azevedo não demonstrasse a sua indignação pelo facto de alguém, que aos anos intermedia vendas e aquisições de jogadores no SCP, assuma em diversas conversas perante mim e terceiros, que parte das suas comissões seriam para entregar a si, o ex-presidente azevedo, chegando ao ponto de pormenorizar a forma de circulação de dinheiro e por onde. Isso sim teria que ser alvo da sua indignação, não o mensageiro.

Se assim depois ocorreu ou não, não sei, mas não poderia deixar de levar estes factos ao conhecimento de quem de direito, e a partir daí que emergisse a verdade, fosse ela qual fosse.

A este propósito li hoje as reações dos restantes intervenientes, as quais andavam entre a “surpresa”, “o não estive lá” e o “só me pediram aconselhamento técnico”. Relembro aos intervenientes, todos, para além da prova testemunhal, a documentação existente e os suportes digitais áudio que sustentam o exposto e que já são do conhecimento do Ministério Público.

Quando vejo que o ex-presidente azevedo afirma peremptoriamente que João Pinheiro não teve qualquer interferência no negócio Tanaka, sou legitimamente levado a querer que este assunto está no local certo que é o foro criminal.

2) Insurge-se ainda o ex-presidente azevedo sobre as “minudências” para as quais foi também solicitada análise, como o carro em que se transposta, as viagens que, sabemos agora, são todas pagas pelos núcleos que visita, os estágios que são todos pagos por quem nos recebe, o seu casamento que foi pago do seu bolso etc etc.
Muito fácil a resolução destas questões:

Não tenho qualquer dúvida se o carro do Clube é para seu uso pessoal, então irá apresentar todos os comprovativos mensais dos respectivos impostos que, em casos como este e nos termos da lei fiscal, os funcionários beneficiários são obrigados a pagar.

Não tenho qualquer dúvida que o motorista do Sporting irá declarar que nunca transportou familiares seus. Pese embora neste caso eu aconselhe algum cuidado porque, como é sabido, isto de motoristas e patrões em processos, não está muito favorável aos patrões.

Não tenho qualquer dúvida que irá apresentar a facturação e recibo da Casa do Marquês referentes ao seu casamento assim como o comprovativo de transferência da sua conta para a daquela empresa, por acaso também fornecedora de serviços ao Sporting.

Não tenho qualquer dúvida que as fotografias que mostram o carro do Sporting a transporta-lo para o seu último casamento, serão então montagens.

Não tenho qualquer dúvida que, quando fez uma reportagem de “um dia com...” onde teve o cuidado de se fazer transportar de manhã para o SCP com a sua namorada de então, no carro pessoal dela, foi a excepção aos conselhos do seu amigo da Direccao de Segurança do SCP e não se tratou então de não querer mostrar na televisão que usava os meios do SCP para fins pessoais.

Não tenho qualquer dúvida que na Contabilidade do SCP não constará qualquer pagamento de qualquer viagem, estadia ou transferes, pagos pelo clube à sua mulher nº 2 ou à sua mulher nº3.

Então que “esqueceu” o ex-presidente azevedo de comentar sobre a matéria agora em investigação e, já agora, indignar-se também?

3) Esqueceu de explicar aos sócios como é que funciona o seu programa de incentivo ao empreendedorismo que faz com que empresas nacionais que fazem actualmente intermediacões de jogadores de e para o Sporting, se tratavam de empresas que, antes do SCP e do mandado do ex-presidente azevedo, tinham como objecto o comércio de carnes, artigos de electricidade e produção de eventos, por exemplo.

4) Esqueceu de explicar sócios também como é que após pessoalmente negociar jogadores e acertar condições de venda ou aquisição dos mesmos, indica a empresa do senhor João Pinheiro ou a empresa do senhor Costa Aguiar, como “intermediários”. Vidé casos do jogador Bruno César e na tentativa de transferência do jogador Ruben Semedo.
Intermediários do quê? De negócios já acordados entre as partes?

5) Esqueceu de informar os sócios sobre quem pagou custas e horas de trabalho de advogados em processos que pessoalmente interpôs contra sócios do clube.

6) Por fim e não me querendo alongar mais sobre matérias que devem ser tratadas no local próprio, refiro que não é meu propósito desestabilizar o Sporting porque para isso o Clube já está sobejamente servido de gente que o faz de forma diária, como é o caso do ex-presidente azevedo e do pequeno funcionário Saraiva. Quero que o Sporting ganhe e que ganhe sempre, em tudo.

Aos sócios do Sporting uma mensagem final: podem gostar ou não gostar de mim mas o importante não é a pessoa mas sim a essência do que ocorre à vossa volta e é a isso que devem prestar particular atenção.
Esqueçam os comunicados sobre os nossos adversários que com uma fração do nosso investimento, se batem com competência, e depois são covardemente alvo da insinuação de jogarem dopados.

Esqueçam as guerras artificiais que só pretendem alimentar a vossa imaginação deturpando o vosso discernimento porque, como bem sabemos, com estes senhores, o que ontem era inimigo mortal, hoje já é o melhor amigo e, pior, depois a seguir já deixa de o ser.

Quanto ao resto, a verdade é filha do tempo e será ele a revela-la.

Lisboa, 8 de Novembro de 2017

PPCristóvão"