O treinador Petit regozijou-se hoje por regressar, seis anos depois, ao comando do Boavista, da I Liga, clube no qual se formou como futebolista, venceu um inédito título de campeão nacional, em 2000/01, e “continua a ser adepto”.
“Sou um treinador diferente, às vezes não muito bem visto, mas isso faz parte da crítica e temos de saber aceitá-la. O maior ‘feedback’ que posso ouvir é dos jogadores. Sou um treinador bem mais experiente, maduro e conhecedor do treino e do jogo”, frisou o ex-médio, apresentado como novo técnico dos ‘axadrezados’, em conferência de imprensa.
Armando Gonçalves Teixeira, mais conhecido no futebol por Petit, foi anunciado na terça-feira como sucessor de João Pedro Sousa e prepara-se para encarar a oitava experiência no escalão principal, quase mês e meio depois de ter deixado o Belenenses SAD, que orientava desde 2019/20, no 17.º e penúltimo lugar, com quatro pontos, em oito rondas.
“Sobre objetivos, não traçámos nenhum. O mais importante no futebol é viver o presente, o treino e o jogo. Trabalhamos para estar bem preparados para dar uma boa resposta. Vamos lutar sempre pelos três pontos, que é a exigência deste clube e que fui tendo ao longo da minha vida. Estou muito mais preparado do que estava há seis anos”, reiterou.
Natural de Estrasburgo, o ex-médio, de 45 anos, competiu por Boavista (2000-2002), Benfica (2002-2008) e os alemães do Colónia (2008-2012), numa carreira finalizada no clube do Bessa, em 2012/13, quando se estreou como treinador na extinta II Divisão B.
Essa experiência prolongou-se até 2015, já com os ‘axadrezados’ de regresso pela via administrativa à I Liga, antecedendo passagens por Tondela (2015-2017), Moreirense (2017 e 2018), Paços de Ferreira (2017-2018), Marítimo (2018/19) e Belenenses SAD.
“Não estava presente, mas acompanho sempre o Boavista. Fui bem recebido e apanhei uma diferença grande em termos de estrutura, condições e formação do que seis anos. Sei a oportunidade que tenho para dar uma boa resposta, de acordo com a exigência e mentalidade do Boavista. Não exigimos ganhar, mas lutar pelos três pontos”, apontou.
Petit reassume o Boavista no 11.º lugar da I Liga, com 11 pontos, dois acima do lugar de ‘play-off’ e três sobre a zona de descida direta, fruto de dois triunfos, cinco empates e cinco derrotas, numa fase em que os portuenses não vencem há nove rondas seguidas.
“Falta ganhar, que é o mais importante. Os detalhes muitas vezes fazem a diferença num jogo. Vamos trabalhá-los e tentar tirar melhor partido de cada jogador para o coletivo ser mais forte. Vamos tentar que todos tenham sempre a mesma exigência a nível técnico, tático e físico, sendo que as vitórias são importantes para lhes dar confiança”, observou.
Os ‘axadrezados’ foram ainda eliminados da Taça de Portugal, ao serem goleados na visita ao Rio Ave, da II Liga (4-0), mas continuam a um empate na receção ao Sporting de Braga, na terceira e última ronda do Grupo C, de aceder à ‘final four’ da Taça da Liga.
“Já trabalhei em 4-3-3, 4-4-2 ou 3-4-3. Tenho de ver os jogadores que tenho no plantel para perceber o que se adapta melhor ao sistema. Os jogadores fazem o sistema e as suas dinâmicas, mas o mais importante é tentar tirar o melhor rendimento deles. Vamos apresentar um sistema que dê garantias para lutar sempre pelos três pontos”, vincou.
Petit enalteceu os dois primeiros treinos realizados com um “plantel de qualidade, com juventude e alguma experiência”, que vai mostrando “condições para dar uma boa resposta” já no sábado, na receção ao Marítimo, em jogo da 13.ª jornada da I Liga.
Formado no Bessa, entre 1987 e 1995, o ex-internacional português ambicionou ser um “treinador à altura da grandeza” do Boavista, esperando que as “pessoas estejam contentes no final da época”, numa sessão em que esteve ladeado pelo presidente Vítor Murta.
“Acho que não há apresentações a fazer. É um homem da casa. Quando o apresentei junto dos jogadores, tive o cuidado de dizer que foi um grande jogador, é um grande treinador e, acima de tudo, um grande homem. Conhece a nossa mística, alma e identidade e sabe o que fomos e para onde queremos ir”, referiu o líder ‘axadrezado’.
Garantindo que Petit “foi a única escolha” da SAD, Vítor Murta agradeceu ainda ao antecessor João Pedro Sousa, cuja rescisão contratual foi justificada na terça-feira com o aparecimento, “nas últimas horas”, uma “proposta irrecusável de um clube estrangeiro”.
De acordo com a imprensa nacional, o ex-treinador está prestes a rumar ao Al-Raed, sexto colocado da Liga saudita, no qual compete o internacional luso Éder, ‘herói’ da final do Euro2016, depois de já ter recusado dois convites de clubes do Médio Oriente.
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