O ex-presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, concedeu uma entrevista ao canal TVI onde, entre outros temas, abordou a questão da sua saúde. O antigo dirigente revelou em que dia soube que tinha cancro, e como decidiu proceder daí em diante.
"Acho que estou doente desde o dia em que nasci. Infelizmente, no dia em que nascemos, temos uma certeza, a de que vamos morrer (...). Não tenho a certeza de quando vou morrer. Não é iminente, se não, não estava aqui, estava a vestir o fatinho para ir para o caixão. Sei, desde o dia 8 de setembro de 2021, que tenho um cancro. Num livro que escrevi e sairá em outubro, digo que combinei com os médicos que esse segredo ficava comigo. Não queria que ninguém que ninguém à minha volta estivessem preocupados ou a sofrer com o facto de saberem que estava doente. Não alterei nada da minha vida. Encarei como uma coisa natural. Naturalmente, quando alguém diz 'Ai, que tenho cancro'. Era bom que já ninguém morresse, mas não é assim. Há muita gente que se salve e dura muito tempo. Eu espero durar mais algum, mas sei que tenho um cutelo na cabeça", começou por dizer.
O histórico presidente dos azuis e brancos afirmou que não sabia da doença quando se decidiu recandidatar à presidência do FC Porto, e revelou os planos que tinha para o futuro do clube, que incluíam Sérgio Conceição e ainda Pepe.
"Na altura, não sabia tudo o que sei hoje sobre a minha saúde, mas sabia o meu estado. Quando me candidatei, a minha intenção era fazer um ano e, no final, provocar eleições. Não era como diziam, indicar alguém como sucessor. Sempre fui contra isso e disse que o FC Porto não era uma monarquia (...). Havia duas coisas que queria muito e que considerava prioritárias, no FC Porto. A primeira era fazer uma academia, e tinha isso em mãos com a Câmara da Maia. É público, um projeto fantástico, com pavilhões, campos... Queria fazer e estava praticamente feito. Depois, como não ganhei as eleições, puseram isso de lado. Quanto a mim, mal, mas, agora, são eles que governam. Achava que era fundamental para a vida do FC Porto. Em segundo, tinha um sonho, que era voltar a ver o FC Porto campeão europeu, e achava que, para isso, era fundamental manter o Sérgio Conceição. Por isso é que, antes das eleições, contratei o Sérgio Conceição, tal como o Pepe. Tenho um contrato assinado pelo Sérgio Conceição e pelo Pepe para jogarem mais este ano", realçou.
Pinto da Costa disse ainda que já pagou pelo seu funeral, pois não queria que a família ficasse com esse encargo e preocupação. Quanto à cerimónia em si, o antigo presidente disse como queria que as pessoas fossem vestidas, e acrescentou que há quem não queira presente nessa altura.
"Já paguei o funeral. Dizem que nunca tinha acontecido, que as pessoas só pagam depois da Missa do Sétimo Dia. Eu disse 'Não, pago já, que é para não empurrarem uns para os outros e ninguém ter a preocupação de pagar o funeral'. Vai ser como eu quero. Quero que o meu corpo vá para a Igreja das Antas, que eu frequento semanalmente. Não quero ninguém de preto. Quero tudo de azul. Depois, há pessoas que não quero lá. Não vou revelar, mas estão no livro, que sairá em outubro (...). São todos os que me traíram durante a vida. São algumas pessoas... Mas, depois, vê-se. Eu quero que o meu funeral não seja, como em muitos, em que vejo meia dúzia de pessoas à volta de um caixão, com sentimentos de lamento profundo, e outros cá fora a contar anedotas. Não quero que, naquele momento, a minha família e amigos sintam que estão rodeados de hipócritas. Quero saber que eles sentem que todos estão com o mesmo sentimento, de amizade, saudade, de acreditar que vou para um mundo melhor e que, um dia, irão ter comigo.
Sobre o seu legado, Pinto da Costa sabe que deverão ser ditas muitas coisas sobre a sua vida, mas há outras que simplesmente não aceita.
"Os que não me gramam, vão dizer que eu era isto e aquilo. Os meus amigos vão dizer bem. Há uma coisa que ninguém pode dizer, é que, em vida, tenha prejudicado alguém intencionalmente, ou que tenha feito algo de ilícito. Tenho a certeza de que isso ninguém irá dizer. Agora, é óbvio que a minha família ver entrar, com ar solene, uma pessoa com uma coroa de flores, sabendo que este gajo foi um traidor, um sacana para o meu pai... Isso, não quero, não por mim, mas por eles", concluiu.
Comentários