O presidente do FC Porto falou na tarde desta segunda-feira ao Porto Canal sobre o encontro entre os dragões e o Rio Ave e pediu serenidade aos adeptos portistas.

"Por ser agitado por factos anormais é que eu estou aqui. Estou aqui para me referir a esses factos e para transmitir aos adeptos do FC Porto uma palavra de serenidade. Sei que estão todos indignados, mas não podemos de maneira alguma perder a razão do que aconteceu no domingo passado. Vamos naturalmente analisar o que se passou no jogo com o Rio Ave. É preciso manter a serenidade, mas temos de ficar atentos ao que se está a passar", começou por dizer o dirigente.

Pinto da Costa mostrou-se indignado por Artur Soares Dias e o vídeoarbitro Vasco Santos não terem assinalado grande penalidade a favor do FC Porto quando Aderlan entrou tarde em falta sobre Marega dentro da área ao minuto 55 do encontro deste domingo.

"Quero já frisar que não quero pôr em causa a seriedade das pessoas que andam no futebol. Se não faço queixa é porque não tenho queixas. Mas não constatar erros grosseiros e impensáveis é completamente diferente. Foi tão evidente que ainda hoje não compreendo como é que o árbitro não marcou esta penalidade e como é que o VAR não fez nada. Eu não venho analisar os penáltis do Benfica, nem pedir árbitros estrangeiros, porque isso seria duvidar da seriedade dos árbitros portugueses. O que me preocupa é que não há ninguém que possa dizer que isto não é penálti. Eu sei que Artur Soares Dias disse 'eu já vi as imagens e não é penálti', eu pergunto-me que imagens é que ele viu", acrescentou Pinto da Costa.

"Isto não é pressão. Mas o que eu pergunto é para que é que serve o VAR. Ainda no jogo em Setúbal foi marcado um penálti, e bem, pelo VAR. Mas, porque é que funciona em Setúbal e não funciona no Porto? Uma decisão como esta pode vir a decidir um campeonato", referiu ainda.

De resto, o líder dos ‘dragões’ revelou ter mantido hoje uma reunião com o CA da FPF e com o presidente órgão, José Fontelas Gomes, do qual recebeu “palavras corretas”, na sequência das queixas dos ‘portistas’ perante a atuação do árbitro Artur Soares Dias e do VAR Vasco Santos no empate caseiro com o Rio Ave (1-1), da 24.ª jornada da I Liga portuguesa.

“Alertei hoje o Conselho de Arbitragem e também ficaram perplexos como um árbitro desta categoria não marca um penálti daqueles. Se é o melhor [árbitro] – e não sou eu que o digo - mais preocupante é”, referiu, adiantando que os membros do CA do FPF “também ficam incomodado quando acontecem coisas destas, seja em que campo for”.

Pinto da Costa admitiu ainda que vai "pedir uma auditoria ás linhas de fora-de-jogo e ao VAR porque é incompreensível que se demore seis minutos a decidir se um golo é anulado ou não. Foi muitíssimo tempo a mais."

"Não vou falar dos jogos do ano passado, mas este árbitro no Rio Ave-FC Porto desse ano deixou por assinalar dois penáltis. Sabendo isso, acho que este árbitro foi mal nomeado, mas a minha intenção é que haja a maior cautela nas nomeações e que haja da parte dos árbitros a maior serenidade. O que é preciso para credibilizar o futebol é que isto não aconteça, os jogos não podem ficar marcados por más decisões de uma pessoa que está a 3 metros e não vê e de outra que está sentada numa poltrona. Estes senhores não têm condições para apitar o FC Porto e espero não os encontrar tão cedo", acrescentou o dirigente.

"Acho que era importante que não se falasse de nada. Mas pergunto-me se há alguma presidente que se cale quando na sua própria casa não é assinalado um penálti do tamanho de uma super torre dos Clérigos. Não falar dos árbitros acho muito bem, mas eles não podem dar razão para que as pessoas falem", respondeu quando questionado sobre a vontade de António Salvador, presidente do Sporting de Braga, de proibir os comentários dos dirigentes sobre as arbitragens.

Pinto da Costa pode ter forte concorrência nas próximas eleições

Esta entrevista surge num momento conturbado no FC Porto. Depois de vários anos a liderar sem oposição, Pinto da Costa poderá ter de enfrentar forte concorrência nas próximas eleições para os órgãos sociais do clube, após 29 anos de atos eleitorais sem concorrência. Além do atual líder da SAD, há mais três nomes em 'cima da mesa': Martins Soares, José Fernando Rio e Nuno Lobo já garantiram que poderão disputar a liderança dos azuis-e-brancos.

"Sou candidato, mas poderei ponderar uma eventual retirada da candidatura caso a do presidente Pinto da Costa se apresente com alterações na equipa diretiva que me agradem. Caso contrário, vou mesmo a votos", esclareceu Nuno Lobo, ao jornal 'OJogo'. Nuno Lobo é professor e empresário da restauração e um dos fundadores da claque que viria a dar origem aos Super Dragões.

Também Martins Soares garantiu que não quer participar numa "partilha de votos", que só beneficiaria Pinto da Costa e seria "prejudicial ao FC Porto", logo, só avançará numa lista única de oposição a Pinto da Costa: "Não avanço de outra maneira", garantiu ao 'DN', ele que foi candidato derrotado em 1889 e 1991, contra Pinto da Costa.

A outra candidatura é a de José Fernando Rio, ex-comentador do programa 'Universo Porto - Pré e Pós Match', do Porto Canal, um espaço de antevisão e análise de todos os jogos do FC Porto. José Fernando Rio, que já deixou o Porto Canal, é sócio do FC Porto há 24 anos.

As listas para os órgãos sociais do FC Porto devem ser apresentadas até 18 de março. As eleições estão marcadas para o dia 18 de abril.

Pinto da Costa já não é intocável: contas no 'vermelho' preocupam portistas

Pinto da Costa (poderá candidatar-se para o 15.º mandato) deixou de ser intocável e são cada vez mais as vozes discordantes no seio o Dragão, principalmente depois da má prestação europeia (a nível desportivo e financeiro), da falta de títulos e da gestão da SAD.

O FC Porto tinha como grande objetivo a entrada na fase de grupos da Liga dos Campeões, algo que iria permitir a entrada de, no mínimo, 50 milhões de euros nos cofres azuis-e-brancos mas a eliminaçao na 3.ª pré-eliminatória às mãos dos russos do Krasnodar (vitória 1-0 na Rússia e derrota 3-2 no Dragão) deitou tudo a perder. Isto num ano de forte investimento no plantel, com as contratações de Saravia, Marcano, Marchesin, Uribe, Luis Diáz, Nakajima e Zé Luís, num investimento de 52,5 milhões de euros.

Os 'dragões' foram relegados para a Liga Europa, prova menos lucrativa, mas acabaram afastados logo na primeira ronda da fase a eliminar, perdendo os dois jogos com o Bayer Leverkusen (2-1 fora e 3-1 em casa).

Depois desta eliminação, a SAD azul-e-branca divulgou o Relatório e Contas do primeiro semestre da época 2019/2020, onde teve um resultado negativo de 51,8 milhões de euros. Basicamente é a verba que encaixaria com a entrada na fase de grupos da Liga dos Campeões.

O capital próprio consolidado da SAD do FC Porto atingiu 86,931 ME negativos em 31 de dezembro de 2019, um agravamento de 52,128 ME face a 30 de junho, “devido à incorporação do resultado líquido obtido”. O passivo da SAD do atual líder da I Liga fixou-se em 444,526 ME em 31 de dezembro de 2019, registando um aumento de 36,421 ME, justificado com o “crescimento do valor global dos empréstimos e dos montantes a pagar a fornecedores”.

Face a estes números, a SAD do FC Porto fica obrigado a fazer cerca de 100 milhões de euros em mais-valias com a transferência de jogadores, até 30 de junho. De recordar ainda que os jogadores do FC Porto têm a receber 9,5 milhões de euros em prémios de desempenho.

Jogadores como Alex Telles, Danilo, Marega e Otávio (já terá passaporte português) poderão deixar o Dragão no final desta temporada.

António Oliveira, antigo jogador e treinador do FC Porto e o maior acionista individual da SAD do clube azul-e-branco traçou um cenário 'negro' após conhecer as contas: o FC Porto pode ser vítima do fair play financeiro como foi o Manchester City e não ir as provas da UEFA na próxima temporada.