Segundo o jornal diário, os serviços comerciais do Sporting vedam o acesso a esta campanha a casais homossexuais, sejam gays ou lésbicas. No site, a promoção ao produto é explícita: “dois sócios do sexo oposto e “obrigatoriedade de serem Homem e Mulher”.No entanto, esta descrição levou um sócio, Rahul Kumar, heterossexual, a apresentar uma queixa formal por se ter sentido indignado.

"Não sou homossexual, mas o conceito de gamebox só para heterossexuais fez-me confusão. Decidi ir à secretaria e dizer que queria comprar uma para mim e para um companheiro: não me deixaram", contou ao jornal i.
Rahul Kumar foi convocado para uma reunião, no inicio do mês de Novembro, pela direcção de marketing do clube de Alvalade e foi-lhe explicado que esta campanha visa “atrair mais mulheres ao estádio”.

“Disseram que se abrissem excepções para casais de homens, outros sócios podiam aproveitar e inscrever-se nesta iniciativa, levando o clube a perder até 30% de receitas", explicou Rahul Kumar. Mas, segundo este sócio, os mesmos responsáveis de marketing "fragilizaram o seu próprio argumento": "Embora a campanha seja para mulheres, confirmaram-me que ela também não está acessível a casais de lésbicas".

"É ilegal. Não pode haver uma promoção que se destine apenas a casais heterossexuais", diz o advogado José Miguel Júdice.

Miguel Varela de Almeida, deputado e activista  do movimento lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros diz que "é absolutamente inaceitável. Pura maldade” e que “não há legislação que dê aval a uma discriminação dessas”.

Por parte do clube, Pedro Afra, director-geral do Grupo Sporting, rejeita qualquer tipo de críticas.

Confirmando a reunião com o sócio que apresentou queixa, Pedro Afra optou por reiterar as explicações então apresentadas. "É uma campanha para mulheres e não para casais: as mulheres representam apenas 20% a 28% do público que vem ao estádio e considerámos ser um target interessante para a estratégia de aumento de sócios no Sporting. Só isso. O Sporting também tem vários dias com preços mais baratos para as mulheres e ninguém diz que isso é discriminação para os homens"".
 
No entanto, dado que a campanha visa o universo feminino, Pedro Afra foi confrontado com a não inclusão de casais lésbicos:  “Não pensámos nisso. Não está contemplado apenas porque não pensámos nisso. Não temos de pensar nos homossexuais em todas as campanhas que fazemos", diz.

O jornal i foi saber junto de vários juristas se neste caso há ou não discriminação e só a fundamentação do Sporting relativamente à campanha permitirá avaliar se há ou não.
"Não tem uma resposta evidente", afirmou Rui Medeiros. Vital Moreira é da mesma opinião e lembra que “deve pesar o facto do Sporting ter um estatuto de utilidade pública, continua a ser uma entidade de direito privado”.