Na primeira década do século XXI, o Sporting de Braga atingiu um estatuto nunca antes alcançado nas muitas presenças (54) no escalão maior do futebol português, graças, não só aos resultados, como à estabilidade do clube que muitos atribuem à gestão de António Salvador.

Faltando ainda uma temporada para completar esta década, os minhotos já superaram o melhor decénio da sua história em termos de campeonato (venceram a Taça de Portugal em 1966), sendo que, à 14ª jornada, são líderes.

Quatro quartos lugares (00/01, 04/05, 05/06 e 06/07, os três últimos já sobre a égide de Salvador), ultrapassam a década de 70 do século passado em que, por duas vezes (77/78 e 78/79), atingiu essa posição - a melhor de sempre no clube.

Outro facto inédito é a presença nas competições europeias pela sexta época consecutiva (desde 2004/05), trajecto que culminou na temporada passada com a conquista da Taça Intertoto, curiosamente na última edição da competição.

A equipa minhota sucede assim ao Boavista (em 2000/01, sagrou-se campeão nacional e, na época seguinte, ficou em 2º lugar, atrás do Sporting) como o clube que, nas últimas décadas, mais vezes se intromete na luta a Sporting, FC Porto e Benfica.

Para João Gomes de Oliveira, actual presidente da mesa da assembleia-geral (AG) do Sporting de Braga e antigo presidente da direcção nos anos 90, a quota-parte de António Salvador na estabilidade e crescimento do clube minhoto é "absoluto".

"Ele tem uma equipa, mas ele é o líder. Nos bons e maus momentos é ele que decide. A sua visão, destreza, capacidade negocial e de gestão têm sido essenciais para este momento histórico do clube, tudo tem a ver com o seu desempenho", considera.

Para Gomes de Oliveira, "com António Salvador, o Sporting de Braga ganhou dimensão nacional e internacional e consolidou o estatuto de um clube organizado, cumpridor, estável e respeitado".

"É difícil lutar com os três grandes, mas não é impossível. Não no meu tempo, mas mais década, menos década o Sporting de Braga vai encurtar distâncias", assegurou.

Também António Duarte, antigo chefe do departamento de futebol "arsenalista" no tempo de João Gomes de Oliveira, elogia o líder da direcção bracarense, mas lembra com o exemplo do Boavista que "não pode hipotecar-se o futuro do clube só porque vai em primeiro lugar".

António Duarte destacou também "as melhores condições de trabalho", como o novo estádio e campos de treino como tendo um papel importante no "reforço dos alicerces do clube".

Já Artur Jorge, que jogou no Sporting de Braga durante 20 anos (desde as camadas jovens), louvou "a ambição muito forte" de António Salvador, "um homem novo, mas que sabe bem o que quer".

"Ele já apanhou outro Braga, um pouco mais estável, mas criou uma dinâmica muito grande e tem tido uma gestão equilibrada, com excelentes encaixes financeiros", frisou ainda o antigo "capitão" da equipa bracarense.

Um outro facto marca a crescente importância do clube minhoto no futebol português: os actuais treinadores dos "três grandes", Jesualdo Ferreira (FC Porto), Carlos Carvalhal (Sporting) e Jorge Jesus (Benfica) terem treinado antes o Sporting de Braga.