O presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, Luciano Gonçalves, pronunciou-se hoje sobre o caso ‘e-toupeira' para defender que o possível envolvimento de elementos ligados à arbitragem deve ser punido como qualquer outro agente do futebol português.
Em declarações aos jornalistas após a conferência ‘Videoárbitro (VAR): A tecnologia ao serviço da verdade desportiva?', organizada por alunos da Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho, em Lisboa, o dirigente garantiu que este caso não veio perturbar os árbitros, uma vez que estes já estão habituados a polémicas no futebol nacional.
"A única coisa que a classe pede é que seja reposta a verdade, tenha ou não implicações nos árbitros. É indiferente. Se houver agentes da arbitragem envolvidos têm de ser condenados como qualquer outro tipo de agentes", declarou Luciano Gonçalves sobre o processo que levou à constituição do assessor jurídico da SAD do Benfica, Paulo Gonçalves, como arguido.
Há uma semana, a Polícia Judiciária deteve também José, funcionário judicial, no âmbito da operação ‘e-toupeira', depois de ter realizado 30 buscas nas áreas do Porto, Fafe, Guimarães, Santarém e Lisboa.
O presidente da associação dos árbitros reiterou que por agora nenhum juiz da I Liga portuguesa de futebol profissional está envolvido, mas que isso não deve significar um estatuto de exceção.
"Não, não existe nenhum árbitro envolvido neste caso. Se existem agentes de arbitragem envolvidos neste caso, estão a sê-lo em processo de averiguações. Mas volto a frisar: se houver algum envolvido, que seja condenado. A arbitragem não quer alguma exceção ou iremos defender o que é indefensável", frisou.
Já sobre o clima de tensão em torno da arbitragem no futebol português, o responsável máximo da APAF apela ao fim da "especulação" e do "levantamento de suspeições" para que o nosso campeonato possa reafirmar a sua "excelência" dentro e fora das quatro linhas.
No mesmo sentido, o ex-árbitro Duarte Gomes confessou que a luta acesa entre FC Porto, Benfica e Sporting pelo título, num momento em que as três equipas estão separadas por apenas cinco pontos a oito jornadas do fim, vem reforçar a competitividade, mas, também, o ambiente de crispação entre os três ‘grandes' rivais.
"Gostava que o clima em torno da arbitragem fosse pacífico e sei que vai ser um ambiente de ruído. Não vale a pena estar com hipocrisias. Todas as outras épocas foram assim e este ano temos um fator adicional - para a decisão do árbitro e para o ruído - que é o videoárbitro. Do ponto de vista do ruído, ele será grande", resumiu.
O antigo internacional elogiou ainda a Federação Portuguesa de Futebol pela forma como tem tentado proteger o setor da arbitragem e fez um paralelo com a Grécia, onde um dirigente invadiu esta semana o campo do jogo entre o PAOK e o AEK armado.
"A Federação tem feito [esse esforço]. Os árbitros têm todas as condições, têm a proteção possível. Vamos apenas à Grécia para ver como as coisas podem descambar. Nós ainda somos uns privilegiados em relação a coisas desastrosas que podem surgir. Temos de passar uma mensagem de bom senso, independentemente dos resultados que aí venham", concluiu.
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