O presidente da SAD da União de Leiria, Alexander Tolstikov, um assessor deste empresário russo e o diretor financeiro da mesma sociedade, detidos na terça-feira, vão ser presentes a primeiro interrogatório judicial na quinta-feira, em Lisboa.

Fonte da Polícia Judiciária (PJ) disse hoje à agência Lusa que os três arguidos serão presentes a um juiz, no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, a partir da manhã de quinta-feira, para aplicação das medidas de coação.

As detenções ocorreram no âmbito da ‘Operação Matrioskas’, que conta com mais três arguidos: a SAD e o clube da União de Leiria e um advogado com escritório em Lisboa.

Os três suspeitos foram detidos na noite de terça-feira, horas depois de as autoridades terem realizado buscas às SAD (Sociedade Anónima Desportiva) da União Desportiva de Leiria, do Sporting e do Benfica, e no estádio do Sporting de Braga.

Na terça-feira, fonte policial adiantou à Lusa que a SAD de Benfica, Sporting e Sporting de Braga estavam a ser alvo de buscas pela PJ, numa investigação ligada a negócios realizados por estas com a SAD da União de Leiria, envolvendo jogadores de futebol.

Segundo esta fonte, as três SAD - Benfica, Braga e Sporting - "não são alvo de investigação", uma vez que esta está centrada na SAD da União de Leiria, devido às negociações realizadas com aqueles três clubes.

A fonte precisou, na mesma ocasião, que existem suspeitas de lavagem de dinheiro proveniente de crime organizado da Rússia, com passagem por um país do Báltico, que depois seria investido na SAD da União de Leiria. "A investigação desenvolve-se desde o início de 2015, tendo por objeto a presumível prática de crimes de branqueamento, fraude fiscal, falsificação de documentos e associação criminosa por parte de cidadãos nacionais e estrangeiros, correlacionados com a atividade desportiva", explicou a PJ, em comunicado emitido na terça-feira.

As diligências da investigação decorreram nas regiões de Leiria, Lisboa e Braga, mediante execução de 22 buscas domiciliárias e não domiciliárias, as quais permitiram, segundo a nota da PJ, "apreender material com relevante interesse probatório e subsequente constituição de pessoas individuais e coletivas como arguidas".

Em comunicado, também divulgado na terça-feira, a Procuradoria-Geral da República deu conta da realização de buscas que envolveram 22 equipas da PJ, abrangeram os estádios de futebol de Braga e Leiria, a SAD da União de Leiria, do Sporting Clube de Portugal e do Sport Lisboa e Benfica, bem como residências particulares, empresas, veículos, escritórios de contabilidade e um escritório de advocacia.

Além da PJ, nas buscas participaram um magistrado do Ministério Público, um juiz e um representante da Ordem dos Advogados.