O Vitória de Setúbal reiterou esta quinta-feira, em nota de imprensa assinada pelo presidente Paulo Gomes, que o clube da I Liga não aceita o impedimento de inscrever a sua equipa principal de futebol nas provas profissionais.

Depois de a Comissão de Auditoria da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) reprovar os processos de licenciamento e decretar a descida ao Campeonato de Portugal, o clube confirmou que vai recorrer da decisão.

“O Vitória Futebol Clube reitera uma vez mais que vai recorrer da decisão para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, estando a trabalhar no limite, e a recorrer a todas as possibilidades legais, para a nossa defesa. Não aceitamos esta decisão de forma alguma”, vincou.

O dirigente afirma que o clube, que foi apontado como não tendo comprovado a “inexistência de dívidas a Sociedades Desportivas; Inexistência de dívidas a jogadores, treinadores e funcionários (9) e a regularidade da situação contributiva perante a Autoridade Tributária”, tem fundamento para a insuficiência nos três critérios apontados.

“O Vitória FC tem fundamento para os três critérios apresentados como insuficientes. O Vitória FC sempre cumpriu e liquidará todas as dívidas que sejam certas, líquidas e exequíveis, não deixando de refutar e contestar aquelas que carecem de sustentação legal ou contratual ou se revelem abusivas numa tentativa de enriquecimento sem causa, sustentada na “pressão” de um processo de licenciamento”, referiu.

Paulo Gomes sugere que as entidades que regem o futebol de ter um tratamento diferente com os clubes.

“Sabemos também que existem dívidas entre clubes, assumidas em conferências de imprensa, acrescentando-se a isso dívidas também para com o próprio Vitória FC por parte de outras sociedades desportivas. Nenhuma dessas tem, contudo, o tratamento e as consequências idênticas, deixando no ar um clima de impunidade, e, novamente, um tratamento diferenciado”, acusou.

O presidente do Vitória de Setúbal considera que as consequências da pandemia da covid-19 levou a deliberações que ainda não conheceram o seu epílogo e que a decisão agora tomada em prejuízo do clube sadino põe cobro.

“Esta pandemia, momento único da nossa história, provocou inéditos finais abruptos de competições. De forma excecional, foram tomadas decisões polémicas de homologação de resultados, acarretando promoções e despromoções que fazem correr muita tinta, com processos judiciais que até agora ameaçavam a impugnação dessas provas. A mão de ferro com o Vitória FC acaba também por ter o condão de resolver esses imbróglios. Não permitiremos que o nosso clube, uma instituição centenária, seja veículo de uma solução conveniente”, asseguram.

Paulo Gomes lembrou também que a pandemia criou constrangimentos, que, ao contrário do que sucedeu noutros países europeus, não foram tidos em conta.

“Enquanto outros organismos, países e ligas europeias optaram, numa situação que é excecional, pela redução ou eliminação das exigências dos pressupostos, a nossa Liga adia, mantendo as condições, por 30 dias, quando o campeonato se prolongou por dois meses e meio, sobrepondo o final da época desportiva à entrega dos pressupostos financeiros. Assim, retirou da equação os encaixes financeiros gerados pela venda de jogadores e pelas parcelas das receitas televisivas, que estão previstas para o equilíbrio orçamental da temporada. Afinal, a Covid-19 na Liga ‘não é para curar, é para matar’”, considera.

O presidente recorda que a permanência do clube na I Liga foi conseguida em campo no passado domingo, após o triunfo (2-0) obtido sobre o Belenenses SAD na derradeira jornada da prova.

“Ganhámos no campo, foi dentro das quatro linhas que o nosso Vitória FC obteve a manutenção, não foi na pressão que prevalece à volta do futebol português. Mais que um negócio, o Vitória FC é um clube com história. Representamos Setúbal e toda uma região, com adeptos que têm orgulho de dizer: ‘Sou do Vitória’”, diz.

Paulo Gomes, que finaliza a nota de imprensa referindo que a luta será dura, apela à união entre os vitorianos e setubalenses.

“Nasci aqui, é aqui que quero morrer e usarei todas as forças disponíveis para defender o Clube que nos honra. E é aqui que apelo à união de todos os Vitorianos e Setubalenses, numa luta dura, contra interesses que não fazem parte do nosso ADN”, disse.