O FC Porto fez uma primeira volta da I Liga de futebol quase perfeita, para se sagrar ‘campeão de inverno’ invicto e três pontos à frente do campeão Sporting, que perdeu o ‘estatuto’ de ‘inexpugnável’ nos últimos jogos.

Os comandados de Sérgio Conceição somaram 15 triunfos e cederam apenas dois empates, a um golo, um no Funchal e outro em Alvalade, no confronto direto com os ‘leões’, que andaram ‘colocados’ aos ‘azuis e brancos’ até à 16.ª ronda, para cederem na última.

Tendo em conta que recebe no Dragão o Sporting na segunda volta, logo à 22.ª ronda, em meados de fevereiro, o FC Porto parte como principal favorito à conquista do título, sobretudo se conseguir manter as suas principais ‘armas’, nomeadamente Luis Díaz.

Por seu lado, o conjunto de Rúben Amorim pareceu durante quase toda a primeira volta uma ‘fortaleza’, sobretudo defensiva, mas ‘turvou’ fortemente essa imagem nos dois últimos jogos, nos quais sofreu os mesmos cinco golos do que nas primeiras 15 rondas.

Quatro pontos atrás dos ‘leões’, segue o Benfica, que foi o primeiro a ‘rir’, com sete vitórias a abrir, mas, depois, ‘estatelou-se’, vincadamente nos jogos entre ‘grandes’, o segundo já sem Jorge Jesus, substituído por Nélson Veríssimo.

Se os ‘encarnados’ parecem algo distantes da corrida ao cetro, os outros nem chegaram a ‘contar’, nem mesmo o Sporting de Braga, que voltou a não conseguir ser mais do que o ‘rei dos pequenos’, ao ficar demasiado cedo para trás: está a 15 pontos do FC Porto, 12 do Sporting e oito do Benfica.

Na quinta época sob o comando de Sérgio Conceição, quem prevaleceu foi o FC Porto, que foi forte coletivamente, como ‘mostram’ os escassos quatro pontos cedidos, mas teve uma prevalência individual, face ao que se destacou Luis Díaz.

Embalado por uma Copa América em que foi figura, o sul-americano tornou-se ainda mais desequilibrador e melhorou muito na finalização: com 13 golos, já superou os 12 das duas primeiras épocas na I Liga (seis em 2019/20 e seis em 2020/21).

A dois dias de completar 25 anos, Luis Díaz brilhou intensamente, num ‘onze’ muito mais vezes em ‘4-4-2’ do que em ‘4-3-3’ e também marcado pela presença impactante de três ‘miúdos’ da formação, Diogo Costa, João Mário e Vítor Ferreira, que ‘apagaram’ Marchesín, Corona e Sérgio Oliveira.

Otávio e Uribe, no meio-campo, foram igualmente determinantes, tal como Taremi (nove golos), no ataque, enquanto Pepe foi, quando jogou, o líder de uma defesa sempre compacta, mas acabou por não poder ser tão constante como queria devido a sucessivas lesões.

Num trajeto sem derrotas, nove das 15 vitórias foram por mais de um golo, e apenas duas foram conseguidas sobre o final, em Barcelos (2-1), com um livre direto de Sérgio Oliveira, aos 89 minutos, e no Estoril (0-2 para 3-2), com um tento simbólico de Francisco Conceição, filho de Sérgio, aos 90.

Por culpa de um FC Porto que melhorou muito em relação a 2020/21 (47 pontos, contra 39), o Sporting não vira em primeiro, como há um ano, rumo a um cetro que não festejava desde 2001/02, mas está somente a três pontos do líder.

A grande incógnita em volta da equipa de Rúben Amorim é perceber se a quebra defensiva dos últimos dois jogos (cinco golos sofridos) foi apenas um percalço ou se a equipa perdeu a sua ‘imagem de marca’, o que seria ‘fatal’, já que, do ‘outro lado’, não há qualquer goleada (vitória por mais de três golos).

A mira bem menos afinada de Pedro Gonçalves, ‘rei’ dos golos em 2020/21, que ficou 10 abaixo (quatro, contra 14), e os consecutivos falhanços de Paulinho (seis tentos) explicam a veia ligeiramente menos goleadora dos ‘leões’.

Os 32 golos (contra os 36 de 2020/21) não foram, porém, um grande problema, num conjunto que se mostrou confortável no seu ‘3-4-3’, com Coates a comandar a defesa, e Matheus Nunes a suprir, sem mácula, a ausência de João Mário, no meio-campo.

Os ‘leões’ só não foram iguais no corredor esquerdo, com Rúben Vinagre a não vingar – Matheus Reis acabou por mostrar ser melhor opção – como substituto de Nuno Mendes, sendo que, com a saída de lateral para o Paris Saint-Germain, chegou o internacional espanhol Sarabia, que acrescentou muita qualidade ao ataque.

Face à competência de FC Porto e Sporting, o Benfica parece distante de um título que conquistou pela última vez em 2018/19, curiosamente depois de recuperar na segunda volta um atraso de cinco pontos para os ‘dragões’, sendo que, agora, a desvantagem é de sete e estão duas equipas à frente.

Sob o comando de Jorge Jesus, as ‘águias’ até começaram em ‘grande’, com sete vitória de ‘rajada’, que colocaram os rivais a quatro pontos, mas tudo se começou a ‘desmoronar’ com o desaire caseiro face ao Portimonense (0-1), à oitava ronda.

A vantagem caiu de quatro pontos para um, ainda se manteve à ‘tangente’ na ronda seguinte (1-0 em Vizela, com um golo de Rafa, aos 90+8 minutos), mas não resistiu ao 1-1 no Estoril (Rosier empatou aos 90), à 10.ª jornada, caindo do primeiro para o terceiro lugar, do qual já não teve competência para sair.

A formação ‘encarnada’ perdeu por 3-1 na receção ao Sporting, à 13.ª jornada, e por igual resultado no Dragão, já sem Jorge Jesus, substituído por Nélson Veríssimo, depois de outro desaire no reduto dos ‘azuis e brancos’, para a Taça de Portugal (0-3).

Os 49 golos, 13 dos quais marcados pelo uruguaio Darwin Núñez, líder dos goleadores a par de Luis Díaz, e outros tantos com assistências de Rafa, são o destaque nos números do Benfica, até porque nenhuma equipa marcava tantos golos à 17.ª ronda desde 1975/76 – 54 também dos ‘encarnados’ (17 de Nené e 15 de Jordão).

Este registo, que coloca o total do Benfica na história do campeonato em 5.999 golos, só serve, porém, para o terceiro lugar, de acesso às pré-eliminatórias da ‘Champions’, oito pontos à frente do Sporting de Braga, que entrou muito mal na prova, com apenas três vitórias nos primeiros oito jogos.

Os comandados de Carlos Carvalhal ainda assim só perderam com os três ‘grandes’ (1-2 com Sporting, 1-6 na Luz e 0-1 no Dragão), pelo que comandam, uma vez mais, o ‘pelotão’ dos ‘pequenos’, liderado pelos 10 golos de Ricardo Horta.

Os ‘arsenalistas’ somam mais seis pontos do que o Gil Vicente, que era segundo à segundo ronda, chegou a baixar até ao 10.º, mas acabou em ‘grande’, com quatro triunfos nos últimos cinco jogos, que o catapultaram para o quinto posto, num trajeto muito marcado pelos 11 golos do espanhol Fran Navarro, um ‘super’ reforço.

No lugar imediato, o sexto, segue o Estoril Praia, que era segundo à quinta ronda e ainda era quarto à 11.ª, afirmando-se como a equipa ‘sensação’, algo que se desvaneceu na parte final, com apenas um triunfo nos derradeiros oito embates.

O Portimonense, sétimo, também efetuou uma primeira volta claramente positiva, muito pelo que fez fora (16 pontos, de um total de 24), enquanto o Vitória de Guimarães foi bastante irregular, para ‘desespero’ de Pepa.

Mais abaixo, a fechar a primeira metade da tabela, com 20 pontos, segue o Marítimo, que melhorou muito desde que trocou o espanhol Julio Velázquez (17.º à 11.ª jornada, com sete pontos) por Vasco Seabra (13 pontos em seis jogos), e pode, mantendo o ‘ritmo’, sonhar com o quinto lugar.

Quanto aos últimos nove, as preocupações centram-se na luta pela manutenção, até porque a diferença entra o Boavista (10.º, com 17 pontos) e lanterna-vermelha Belenenses SAD (11 pontos), que tem menos um jogo, é de apenas dois triunfos.

Paços de Ferreira, Vizela, Tondela, Santa Clara, Moreirense, Arouca e Famalicão, que recebe os ‘azuis’ no jogo em atraso, são as outras equipas em luta por fugir aos três últimos lugares, o 16.º de acesso a um ‘play-off’ com o terceiro colocado da II Liga, e os dois últimos ‘premiados’ com a descida direta.