Costuma-se dizer que “tudo está bem quando acaba bem”. Porém, nem mesmo todos os adeptos do Benfica se vão agarrar a esta máxima após o triunfo deste sábado, por 3-2, sobre o modesto Moreirense, que ainda não tinha vencido nesta Liga.
Uma vez mais, tal como na primeira jornada, frente ao Estoril, o “caminho” tantas vezes mencionado por Rui Vitória só se cruzou com os golos nos últimos 15 minutos de jogo. E desta vez a ansiedade era ainda maior nas bancadas, pois o Benfica já estava a perder e sem grande inspiração para se salvar. Gaitán foi novamente decisivo, ao somar mais duas assistências, e pode estar a pouco mais de 24 horas de deixar a Luz, caso se confirmem os rumores da sua saída neste mercado de transferências.
No que toca ao jogo dentro das quatro linhas, o Benfica revelou mais do mesmo que tem exibido nesta época: futebol desconexo, com pouca intensidade, deficiente nas transições (sobretudo defensivas) e sem uma ideia ou estratégia clara. Tudo somado deixa ainda muito trabalho para Rui Vitória na paragem do campeonato.
Um sinal disso foi o facto de ter sido o Moreirense a visar primeiro a baliza, como se viu aos 5’ num remate de Rafael Martins cheio de intenção, mas de fácil resolução para Júlio César. Uma transição rápida e muito objetiva da formação de Moreira de Cónegos e que seria premiada mais à frente. Já ao Benfica restava uma tentativa tímida de Victor Andrade, aos 14 minutos, mas sem a direção certa.
O prémio de que se falara para a equipa de Miguel Leal chegou aos 29’, quando Rafael Martins atirou para o 0-1 e mostrou uma vez mais a debilidade defensiva dos bicampeões nacionais. E assim chegou o resultado ao intervalo, com tímidos assobios do público.
Na segunda parte, Talisca e Gonçalo Guedes entraram para os lugares de Pizzi e Victor Andrade. A melhoria do Benfica foi ligeira, mas muito pelo empurrão dos adeptos e pelo coração dos jogadores. Já que a cabeça não achava soluções, sobrava a força de vontade e a crença. Para este duelo com o Moreirense acabaria por ser suficiente.
Ironicamente, foi de cabeça que surgiu o 1-1, por Raul Jiménez. O mexicano saltou do banco aos 75’ e na primeira vez que tocou na bola fez o golo do empate para os encarnados, após passe de Gaitán. A festa foi imediata e teve direito a repetição no minuto seguinte, com uma bomba de Samaris a fazer o 2-1 e consumar a reviravolta.
Tudo estava encaminhado, depois de um longo trajeto sinuoso, mas o Benfica arriscou mais um desvio perigoso, ao consentir o 2-2 do Moreirense. O golo de Ramon Cardozo, que também entrara no segundo tempo, foi, porém, conseguido em fora de jogo não assinalado pelo árbitro. O espectro de novo deslize começava a pairar novamente no Estádio da Luz, mas aí apareceu o inevitável Jonas, com mais um contributo precioso de Gaitán. Com 86 minutos já jogados, o brasileiro atirou com classe para o 3-2 final e redimiu-se das oportunidades falhadas.
Foi uma vitória "da raça" e da crença, como Rui Vitória sublinhou depois do jogo, enquanto Miguel Leal mostrou-se conformado com a conquista de uma equipa para o futuro.
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