O mote já estava dado por Marco Silva: era urgente vencer. Depois de um arranque de temporada tremido e com a desilusão do empate consentido em Maribor bem fresca na memória, a vitória em Barcelos era o mínimo indispensável para o técnico.

Os "leões" fizeram-lhe o favor e garantiram os três pontos, mas fizeram mais do que isso. Devolveram alguma esperança aos adeptos, que pela primeira vez na temporada viram o Sporting triunfar de forma convincente.

Convém salientar que o Gil Vicente foi o adversário ideal para a turma de Marco Silva. Num momento de forma particularmente mau e cada vez mais afundados na tabela, os gilistas pouco ou nada fizeram para contrariar o pendor ofensivo do Sporting, que fez o que quis durante quase toda a partida.

Marco Silva lançou finalmente João Mário no onze e o médio não podia ter dado melhor resposta. Duas assistências e uma exibição de classe, recheada de passes aveludados e visão de jogo. Em apenas uma partida, o médio agarrou o lugar e mostrou qualidade mais do que suficiente para disputar os duelos com FC Porto e Chelsea.

Num plano tão alto talvez só Nani. O extremo fez a sua melhor exibição desde que regressou a Alvalade, coroada com um belo golo com direito ao inevitável mortal nos festejos. Jogou, deu a jogar, marcou e foi o líder de que o Sporting precisa. A continuar assim, também a seleção agradece.

E por falar em seleção, falemos de Adrien Silva. O jogo só tinha começado há nove minutos quando o médio abriu o caminho da goleada com um golo para ver e rever. Voltou a brilhar na assistência para o golo de Nani, com uma combinação brilhante de calcanhar.

Os outros protagonistas do marcador dilatado merecem ainda notas de destaque. Slimani batalhou durante todo o encontro e, depois de um falhanço aos 25 minutos, fez o 3-0 aos 69', com um remate sem hesitação a aproveitar um passe magistral de João Mário. Carrillo não fez uma exibição exuberante mas conseguiu o seu terceiro golo na Liga e manteve o estatuto de melhor marcador da equipa no início da temporada. Fê-lo de carrinho, completando uma vitória em que tudo correu sobre rodas.

Do lado gilista não é fácil encontrar pontos positivos, como raramente o é em casos de goleadas sofridas. José Mota, ele que assumiu o comando da equipa ainda no arranque da época, ainda não conseguiu incutir o seu saber ao plantel, demasiado ressentido dos consecutivos desaires. Caetano terá sido a exceção à regra, com algumas demonstrações de incorformismo ao longo do jogo.

Os dois treinadores estavam de acordo quanto ao justo vencedor do encontro, com José Mota a lamentar a imprecisão e falta de atitude dos seus jogadores. Marco Silva salientou o triunfo "merecido", o tal triunfo que os adeptos esperavam.

João Mário, a tal nova estrela da equipa, demonstrou também toda a sua satisfação pela conquista da vitória, num momento em que havia "um sentimento de raiva e de injustiça na equipa".

"Estávamos a jogar bem, a criar oportunidades e a bola não entrava ou então num erro não segurávamos o resultado. Hoje foi diferente", defendeu o médio.

Se havia um momento em que, como indicara Marco Silva, era urgente vencer, o momento era este. Não só para afastar os tempos de crise, mas para dar um obrigatório ânimo para a sequência de dois duelos, contra FC Porto e Chelsea, que exigem exibições de nível máximo.