Um novo campeonato é muitas vezes sinónimo de mudanças de ciclo, apostas surpreendentes e renovação de expectativas. No que a treinadores diz respeito, essa realidade é ainda mais visível pela fragilidade associada à profissão e pela ditadura dos resultados. Porém, em tempos de crise, a aposta na I Liga é para… continuar.

Sob o signo da continuidade, verifica-se assim que dos 16 clubes presentes na prova – todos com treinadores portugueses -, apenas quatro mudaram o rosto de comando: FC Porto, Sporting, Braga e Académica.

Os holofotes estão todos apontados para Vítor Pereira, que se estreia como treinador na primeira Liga e logo ao comando do campeão FC Porto. Depois de passagens pelo Sp. Espinho e Santa Clara, o ex-adjunto de André Villas-Boas é uma escolha pessoal de Pinto da Costa. Mais do que uma mudança de ciclo, o que se espera no Dragão é uma evolução das muitas vitórias do ano passado. Para já, o saldo é mais do que positivo: um jogo oficial e um troféu, a Supertaça Cândido de Oliveira.

O senhor que se segue é Domingos Paciência, que aspira também a ser campeão e traz para o Sporting um capital de confiança inestimável, na sequência dos êxitos alcançados com o Braga. O novo treinador dos leões tenta, aos 42 anos, recuperar para o trilho do sucesso um clube arredado do título de campeão desde 2002. Com 14 reforços já assegurados, a esperança volta a renascer entre os adeptos. A dúvida, porém, consiste na rapidez com que o técnico conseguirá criar uma equipa e assim reduzir o avanço que os ‘rivais’ Vítor Pereira e Jorge Jesus já levam neste processo.

E se Domingos deixou obra feita em Braga, cabe agora a Leonardo Jardim solidificar os alicerces do Braga como ‘quarto grande’. O segundo lugar em 2010, ao qual se seguiu o quarto posto em 2011 e a final da Liga Europa elevam muito a fasquia para o treinador madeirense que deu nas vistas no Beira-Mar, ao ponto de merecer elogios públicos de Pinto da Costa e a confiança de António Salvador.

Por fim, Pedro Emanuel assumiu o comando da Académica, naquela que será também a sua estreia como treinador na primeira Liga. A ‘Briosa’ já serviu de ‘laboratório’ para o crescimento de nomes hoje consagrados, como Villas-Boas ou Domingos, pelo que a expectativa é grande sobre o valor do antigo adjunto do agora técnico do Chelsea.