O Benfica de Jorge Jesus ainda não conseguiu deixar a sua marca na Liga dos Campeões, é verdade. Mas se há algo em que o técnico "encarnado" parece ser especialista é em reagir da melhor forma aos desaires europeus. Voltou a fazê-lo em Coimbra, com um triunfo por 2-0 que, embora manchado por um erro de arbitragem no lance do segundo golo, só poderia pertencer à turma benfiquista.

Enzo Pérez foi o líder e Gaitán o executante de um Benfica cada vez mais focado no campeonato, para o bem e para o mal. A dupla argentina não precisou de muito tempo para aquecer o estádio Cidade de Coimbra. Com oito minutos jogados, Gaitán recebeu um passe exímio de Enzo, dominou, trocou as voltas ao guarda-redes Lee com a coxa e encostou para o primeiro da noite. Pura classe.

Com um onze com demasiadas alterações, os "estudantes" não souberam reagir ao golo madrugador, evidenciando sucessivas falhas de marcação. Ainda no primeiro tempo, o Benfica teve várias oportunidades para dilatar a vantagem, em particular num lance em que Jonas - não marcou mas esteve sempre irrequieto no ataque - cabeceou à trave da baliza de Lee. O segundo golo viria mesmo a chegar antes do intervalo, mas deveria ter sido anulado pelo árbitro assistente. Isto porque Luisão está nitidamente em fora-de-jogo no momento em que Enzo Pérez bate o livre para a grande área da Briosa. Erradamente, o golo contou, penalizando uma saída em falso do guarda-redes da equipa da casa.

Com a vantagem de dois golos no bolso, o Benfica só precisou de gerir o resultado. A Académica manteve a timidez no segundo tempo, conseguindo pouco mais do que um remate de Ivanildo para defesa segura de Júlio César. O golo de Luisão havia mesmo deitado por terra as aspirações da Académica, que não conseguiu aproveitar a velocidade de Salli para voltar à luta pelo resultado.

O resto da partida foi parco em momentos de destaque dentro das quatro linhas, mas ficou manchado por cenas lamentáveis no setor benfiquista das bancadas. Desde cadeiras a voar até petardos, tudo foi inteiramente desnecessário. O Benfica, no entanto, viria a apontar as suas críticas ao corpo de intervenção, pela forma "indiscriminada" como carregou sobre os adeptos, afetando "crianças e mulheres".

Depois de cinco minutos perdidos, Jorge Ferreira acabou por mandar seguir o jogo, expulsando de seguida Marinho por uma entrada dura sobre Samaris.

O triunfo, que recoloca os "encarnados" no topo da Primeira Liga, deixou Jorge Jesus muito satisfeito. Pelo menos até à insistência por parte da imprensa no tema da eliminação das competições europeias, que o técnico parece já ter atirado para trás das costas.

Do outro lado, Paulo Sérgio lamentou os erros cometidos pela sua equipa, mas admitiu a superioridade do adversário. Este pode não ser o campeonato da Académica, mas as próximas jornadas serão. E se, no mundo académico, uma nota 16 é mais do que razoável, um 16º lugar no campeonato não o é. Há que "marrar", Briosa.