O vice-presidente do Sporting Francisco Salgado Zenha considerou hoje “muitíssimo positivo” para o clube o balanço do mercado de transferências de futebolistas, com a permanência de Bruno Fernandes e o encaixe de 62 milhões de euros (ME).
“O resultado foi muitíssimo positivo. Foi o segundo maior rendimento com venda de jogadores que tivemos na história da SAD. Depois, a própria janela, se atendermos ao volume de vendas e compras, temos uma receita líquida de cerca de 62 ME”, avaliou o ‘vice’ do clube e administrador da SAD do Sporting.
Em entrevista à agência Lusa, um dia depois de divulgado o Relatório e Contas da época 2018/19, Salgado Zenha calculou o volume de vendas, tendo em conta as receitas provenientes das transferências de Raphinha, Bas Dost e Thierry Correia, mas também dos acordos estabelecidos com Atlético de Madrid [Gelson Martins] e Olympiacos [Podence].
O Relatório e Contas não contempla ainda as transferências de Raphinha, Thierry Correia e Bas Dost, que só vão constar no exercício 2019/20, mas indica que as saídas decorreram da permanência de Bruno Fernandes.
“Do ponto de vista desportivo, conseguimos manter a ‘espinha’ dorsal do plantel profissional, reforçar posições que achámos fundamentais e manter o nosso melhor jogador. Se tivéssemos tido esta conversa no início do ‘mercado’, pouca gente acharia que o Bruno Fernandes ficaria, a verdade é que ficou e conseguimos manter aquele que será o ativo desportivo mais importante”, afirmou Salgado Zenha.
O responsável ‘leonino’ explicou a estratégia, com “ajustamentos cirúrgicos no plantel”, com a saída de “jogadores considerados excedentários”: “Percebemos que conseguíamos ter tanto ou mais rendimento desportivo ao retirar esses excedentários, que recebiam muitíssimo bem e estavam desajustados ao mercado, e introduzindo novos jogadores, nomeadamente, da formação e mais ajustados ao que vão jogar ao longo da época”.
Além disso, o Sporting procedeu à venda de “jogadores com mais minutos, mas não ajustados às possibilidades” e com menos repercussões no rendimento desportivo, resultando “na época mais titulada dos últimos 17 anos”, com as conquistas da Taça da Liga e Taça de Portugal.
“Conseguimos, com isso, fazer uma redução líquida de custos anualizada de 10 milhões de euros, logo em janeiro, que se reflete [no relatório e contas] em cerca de cinco milhões de euros no ano”, frisou.
Desta forma, segundo o dirigente, “os jogadores do plantel têm um salário ajustado ao mercado”, facilitando uma eventual transferência, mesmo com o anunciado aumento do vencimento do capitão da equipa.
“O Bruno Fernandes terá um aumento adequado ao rendimento dele, dentro das nossas possibilidades. O caso do Bas Dost foi paradigmático, nós podemos fazer um esforço até determinado limite, depois não temos capacidade”, referiu.
Instado a indicar um preço para a transferência de Bruno Fernandes, Salgado Zenha observou que o valor do influente médio ‘leonino’ depende de muitas variáveis.
“Eu não vou lançar números, porque o mercado é dinâmico e eu até estaria disposto a vender o Bruno por um valor, mas, depois de o Raphinha sair, já só estou disposto por outro. É dinâmico, não vou deixar um número que pode ancorar uma negociação, que depois não faz sentido, porque tem de se analisar o momento do jogador e o momento do rendimento desportivo”, sublinhou.
O desafio da administração ‘leonina’ passa por equilibrar financeiramente o clube e manter a competitividade desportiva, ambicionando o reinvestimento na Academia e o reforço da aposta na formação.
“Temos de ser pacientes. Eu oiço muitas vezes que os sportinguistas são pacientes há muito tempo, pois são. Eu também sou sportinguista, sou sócio há 26 anos, e também tenho de ser paciente e tenho de ter consciência disso. Se quisermos dar um passo maior do que a perna, vamos ficar pelo caminho e isso não queremos. O que queremos é criar os alicerces para lá chegar”, referiu, reconhecendo um passo nesse sentido com a substituição do treinador holandês Marcel Keizer por Leonel Pontes.
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