![Rui Águas recorda o Clássico:](/assets/img/blank.png)
Rui Águas foi um dos poucos jogadores portugueses a jogar pelo Benfica e pelo FC Porto. O antigo avançado brilhou na Luz, mas, na temporada 1988/1989 trocou as ´águias` pelos ´dragões` onde esteve duas temporadas. Acabaria por voltar ao Benfica onde fez mais quatro temporadas, completando assim sete épocas na formação ´encarnada`. De ´águia ao peito` marcou alguns golos no antigo Estádio das Antas. Mas também viveu momentos complicados numa era onde era muito difícil o Benfica vencer em casa do rival FC Porto.
"A organização dos jogos era outra, antigamente sentia-se insegurança e era mais forte. A questão das arbitragens, se hoje é discutido, na altura tudo era possível. Hoje em dia há coisas que evoluíram. A pressão do público [no Dragão] mantém-se, mas a organização e a pressão que eram exercidas dentro do campo sobre o árbitro, era algo que era permitido, era uma coisa que hoje, felizmente, não acontece. Isso dá mais conforto a quem é visitante", explicou Rui Águas, em entrevista telefónica ao SAPO Desporto.
O Benfica soma apenas uma vitória nas últimas dez deslocações ao Dragão. Em casa do FC Porto, as ´águias` sentem sempre muitas dificuldades, algo justificado por Rui Águas pelo facto de os ´dragões` transformarem o Clássico em algo que vai para lá de um jogo.
"FC Porto, ao longo dos anos, tem tido sempre equipas fortes e jogando em casa é uma equipa que tem um apoio muito especial do seu público. É nesse conjunto de fatores que, num jogo com o principal rival, as coisas são mais acesas ainda. É um ambiente difícil por natureza aquele que o Benfica costuma encontrar, irá ser assim novamente. Mesmo em anos em que não é campeão, FC Porto consegue sempre bons resultados contra o Benfica, há algo de especial em vencer o rival", declarou.
Uma das grandes incógnitas é saber como irão jogar FC Porto e Benfica esta sexta-feira. Que equipas teremos no Dragão? O 4-3-3 ou o 4-4-2? Rui Vitória e Sérgio Conceição começaram na mesma bitola, mas tiveram de mudar, por força das circunstâncias: lesões nos Dragões e falta de rendimento nos ´encarnados`. Rui Águas assegura que, independentemente do esquema tático, o importante são as ideias dos treinadores.
"A escolha do esquema tático e das ideias da equipa estão interligados. [A escolha e feita] não só em função das ideias que os treinadores preferem, mas também sobre os jogadores que dispõem. Daí a opção muitas vezes por um ou outro sistema. Durante muito tempo o FC Porto jogou com dois avançados e teve uma fase muito boa. Mas, em função do que vai acontecendo é que um treinador deve decidir e isso tem acontecido tanto no Benfica como no FC Porto", explica o técnico, em entrevista telefónica ao SAPO Desporto.
A treinar o Pharco, da segunda divisão do Egito, Rui Águas não perde nada do principal campeonato português. Sobre o Clássico desta sexta-feira, o técnico alinha no mesmo discurso de Conceição e Rui Vitória e garante que nada será decidido à 13.ª jornada. Mas quem vencer, terá um embalo anímico que poderá ser decisivo nos próximos jogos.
"Na última jornada o FC Porto colocou tudo um pouco mais próximo. Aquilo que podia ser quase uma final para a equipa do Benfica, com o empate do FC Porto frente ao Desportivo das Aves acaba por retirar alguma carga deste jogo. Para além dos pontos, há sempre uma rivalidade antiga, muito marcada entre dois clubes, sendo que o resultado não são só os pontos que se ganham, mas também a dinâmica que se consegue, a confiança que dá cada vitória", frisou o técnico.
Para o antigo avançado de ´águias` e ´dragões`, facto de jogar em casA e ser primeiro coloca o FC Porto "como favorito", pelo que "tudo o que não seja ganhar é negativo" para os azuis-e-brancos. Por isso o FC Porto, "estando em primeiro, tem alguma vantagem, mas mesmo que perca, nada fica decidido. Da parte do Benfica pode ser importante caso vença. Mas um empate poderá não ser negativo também", atirou.
Uma vitória deixa o Benfica em igualdade pontual com o FC Porto, mas uma derrota poderá deixar a equipa de Rui Vitória com um atraso de seis pontos à 13.ª jornada e com os ´encarnados` ainda a terem de jogar com o Sporting na primeira volta. O momento do Benfica não é bom, depois de uma campanha para esquecer na Liga dos Campeões onde soma cinco derrotas em cinco jogos, num grupo onde foi cabeça-de-série.
Por isso o antigo selecionador de Cabo Verde defende que este Clássico é mais importante para o Benfica, do ponto de vista anímico. Se perder, as coisas podem ficar ´feias` para Rui Vitória.
"É visível que as coisas estão instáveis e, quando assim é, os resultados negativos têm um impacto superior. A [Champions] já acabou para o Benfica, já não tem de pensar nela. Independentemente disso, as coisas quando correm mais negativamente num clube desta natureza, há uma contestação que é real e que é normal, mas que prejudica o rendimento da equipa. Além da questão pontual, o Benfica tem de olhar para o Clássico pela questão anímica, que precisa e que não tem tido nos últimos jogos", explicou o antigo avançado.
O FC Porto - Benfica, da 13.ª jornada da I Liga, está marcado para às 20h30 desta sexta-feira.
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