O até aqui presidente do Santa Clara, Rui Cordeiro, demitiu-se de funções por entender que não tem condições para trabalhar com a novo conselho de administração da SAD da formação açoriana da I Liga de futebol.
“Nós entendemos que a direção liderada por Rui Cordeiro não reúne as condições necessárias para promover esta simbiose, este diálogo, esta concertação estratégica entre o clube e a SAD. Porquê? Porque é fundamental a mãe ter uma boa relação com a sua filha que é a SAD”, declarou Rui Cordeiro aos jornalistas.
Rui Cordeiro falava em conferência de imprensa na sede do clube, em Ponta Delgada, já depois de ser conhecida a sua demissão da SAD do Santa Clara, que passou a ser liderada pelo empresário turco Ismael Uzun (detentor de 7,2% do capital social)
Inicialmente, a conferência estava marcada para o estádio de São Miguel, mas a nova administração da SAD impediu Cordeiro de entrar no local.
O homem que liderou os destinos do clube e da SAD dos açorianos nos últimos seis anos disse ser necessário “garantir uma transição pacífica entre o clube e a SAD”, realçando que não tem condições para trabalhar com o novo conselho de administração.
“Mais importante neste momento é encontrar os interlocutores entre o clube e a SAD para evitar situações como aconteceu no Desportivo das Aves e como aconteceu no Clube de Futebol Os Belenenses”, apontou.
Rui Cordeiro realçou que consigo a SAD assegurou a “dependência económica” do clube, através do financiamento às modalidades, à formação, assegurando a “estabilidade”.
“É fundamental dar a voz aos sócios para que os sócios possam eleger novos órgãos sociais e conseguir uma postura de diálogo que neste momento não existe entre o clube e SAD”, reforçou.
O dirigente advogou que deixa como legado o “melhor Santa Clara de sempre”, com o “passivo bancário limpo”, os “salários em dia” e “situação do fisco e da Segurança Social regularizada”.
“Sócios e sócias do Santa Clara: as minhas sinceras desculpas se eu vos falhei ao longo desses seis anos. Errei algumas vezes, mas podem ter a certeza que acertei muitas vezes mais. E os resultados desportivos estão aí”, afirmou, visivelmente comovido.
O advogado de profissão apelou ainda à estabilidade, deixando votos de “maiores sucessos” à nova administração da SAD, realçando que vai fazer “sempre parte da solução”.
Rui Cordeiro mostrou ainda disponibilidade para trabalhar com o novo conselho de administração para “garantir que nada falta aos jogadores e à estrutura” durante a transição.
“Da parte do Rui Cordeiro, não ouvirão qualquer critica, qualquer observação, qualquer nota de rodapé, qualquer publicação a criticar o futuro conselho de administração. O Santa Clara precisa de estabilidade”, assinalou.
Questionado pelo motivo da rutura entre Rui Cordeiro e o maior acionista da SAD Glen Lau (47,60%), Rui Cordeiro disse que tal foi uma “inevitabilidade do capital social da SAD do Santa Clara ser detido por capital externo”, uma vez que o clube apenas detém 40% das ações.
Rui Cordeiro avançou também que vai receber 360 mi euros de indemnização pela saída do conselho de administração da SAD.
“A compensação financeira é muito simples: eu tinha um contrato de administrador, queriam-me pôr na rua com justa causa, chegaram à conclusão de que não havia justa causa e chegámos a um acordo e pagaram uma compensação global até ao final do meu mandato”, concluiu.
Em 16 junho, o presidente do Santa Clara, Rui Cordeiro, acusou de traição um grupo de ex-acionistas da SAD, após estes terem vendido as suas participações ao empresário Ismail Uzun, que passou a deter 7,2% do capital social.
Em 18 de maio, Rui Cordeiro, foi reeleito para um terceiro mandato à frente do clube açoriano com 69,17% dos votos, batendo a lista liderada por Miguel Simas, que obteve 30,43% no ato eleitoral.
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