O jornalista da SIC Notícias, Rui Santos, revelou no seu espaço de opinião 'Tempo Extra' que jogadores e dirigentes do Sporting foram ouvidos novamente na Polícia Judiciária no âmbito dos ataques à Academia de Alcochete e considerou que brevemente vão surgir novidades neste processo.

"Penso que esta detenção de Bruno Jacinto deixa Bruno de Carvalho em maus lençóis. A detenção de Bruno Jacinto abre um novo ciclo do ponto de vista deste processo. É evidente que a partir do momento em que o oficial de ligação aos adeptos é detido e o seu advogado diz aquilo que disse no sentido do comprometimento de André Geraldes e do próprio Bruno de Carvalho. Obviamente que nós estamos aqui perante um novo tema e a sensação que se colhe, até porque eu devo dizer aqui que como toda a gente já sabe e que foi pública os jogadores foram ouvidos naquele dia [15 de maio] na GNR, mas há cerca de um mês os jogadores e ex-dirigentes foram interpelados pela polícia judiciária. Portanto, neste momento a investigação é portadora de todos os elementos essenciais relativamente ao apuramento das responsabilidades não apenas subjetivas mas também as objetivas", começou por dizer Rui Santos no programa 'Tempo Extra' da SIC Notícias.

"E posso até dizer, pois consultei fontes nesse sentido, que naquele dia imediatamente anterior à invasão da Academia de Alcochete, o ex-presidente do Sporting nas reuniões que teve e é bom termos nota que ele teve uma primeira reunião com a equipa técnica, com Jorge Jesus e a sua equipa técnica, depois com os jogadores e finalmente com a chamada estrutura de apoio ao futebol profissional. E terá dito qualquer coisa como isto: 'Depois do que se passar amanhã, e o amanhã aqui é o dia da invasão, estarão todos comigo na mesma? E independentemente daquilo que acontecer amanhã, e o que aconteceu no dia a seguir foi a invasão, vocês vão estar todos comigo. E portanto, isto aqui pressupõe algum conhecimento daquilo que viria a acontecer", acrescentou o jornalista da SIC Notícias.

"Até conhecendo, porque uma coisa são as convicções, uma coisa são os indícios, os sinais, outra coisa é a prova. E portanto, o que eu acho é que neste momento há digamos sinais de que foi possível reunir as provas que eventualmente possam comprometer Bruno de Carvalho e levar inclusivamente à sua detenção", atirou Rui Santos sobre o assunto.

Questionado sobre a decisão voluntária de Bruno de Carvalho apresentar-se no DIAP para prestar declarações, Rui Santos  considera que a intenção dos ex-dirigente leonino foi a de provocar desconforto no Ministério Público.

"Acho que isso foi claramente com a intenção de gerar algum desconforto no Ministério Público. Isto é, certamente, quando Bruno de Carvalho, que se agarrou, em termos daquilo que foram as suas declarações, ou seja a rumores que existiam da possibilidade de ele poder ser detido. Portanto estamos a falar de algo que se percepcionava como uma possibilidade de uma detenção feita numa sexta-feira. Ele antecipa-se, apresenta-se no DIAP e eu acho que ele teria mais do que provavelmente rumores. Tentou antecipar-se no sentido de também provocar algum desconforto no Ministério Público. Porque o próprio Ministério Público, do ponto de vista, daquilo que são os passos que dá relativamente a estes processos e relativamente àquilo que deve fazer de acordo com aquilo que são os detalhes da investigação. O que ele quis fazer foi criar esse desconforto no sentido de eventualmente até alterar as datas que inicialmente podiam estar concertadas no sentido de eventualmente poder haver uma detenção efetiva. Porque se não houvesse essa convição por parte do próprio Bruno de Carvalho não se teria apresentado, como é óbvio", afirmou Rui Santos.