O SC Braga emitiu esta quarta-feira um comunicado para apontar o dedo às instâncias do futebol português pela falta de resposta aos apelos lançados pelo clube minhoto.

De acordo com o referido comunicado, o clube minhoto critica a 'mão cheia de nada' na sequência dos apelos lançados pelo SC Braga ao Conselho de Arbitragem, Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol e Liga de Clubes.

"O futebol português está demasiado comprometido na defesa do status quo vigente", frisou o SC Braga no seu comunicado, acrescentando que, "não deixará de erguer a sua voz contra este estado de coisas".

Leia o comunicado na íntegra:

"O Sporting Clube de Braga interpelou, ao longo dos últimos dias, várias instâncias do futebol nacional.

Formulou questões, expôs dúvidas, pediu explicações.

Identificou fragilidades do sistema e predispõe-se a participar num amplo debate com vista à melhoria e à credibilização do nosso futebol.

Sem surpresa, aos apelos lançados responderam os vários agentes com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma, confirmando-se aquilo que denunciámos: o futebol português está demasiado comprometido na defesa do status quo vigente e não possui nem a maturidade nem a independência necessárias para se repensar e evoluir para novos patamares.

Mas ao silêncio não responderemos com resignação.

O Sporting Clube de Braga reserva-se o dever de denúncia, exigindo dos diversos agentes e entidades a assunção das respetivas responsabilidades.

O Conselho de Arbitragem (CA), direta e oficialmente interpelado pela SC Braga SAD, mostrou-se incapaz de prestar um simples esclarecimento, refugiando-se numa entrevista do seu Presidente, José Fontelas Gomes, que se limita a confirmar o que se temia: o esforço de transparência do CA não passa de uma operação de cosmética que permite a saída dos áudios, nos momentos mais vantajosos, para embelezamento do VAR, mas de inútil validade para que, nas falhas mais gritantes, se percebam e se corrijam as razões da falência da sua operacionalização.

É inaceitável que o Presidente do CA se esconda no chavão de que "o nosso futebol não está preparado para a transparência". É a coragem demonstrada nos momentos mais conturbados que permite evoluir, saltar barreiras, reeducar comportamentos e alterar mentalidades. Mas ter coragem não é ser transparente por conveniência ou quando nos dá jeito, mas sê-lo por convicção, em todos os momentos, doa a quem doer.

Assumir e reconhecer erros é o primeiro passo para os evitar. Também a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), através do seu Presidente, Luciano Gonçalves, demonstrou, mais uma vez, que não tem a mínima predisposição para contribuir para a melhoria do sector, servindo apenas como veículo corporativo.

Mas o excesso de ruído da APAF contrasta na perfeição com a passividade da Liga Portugal e o silêncio do seu Presidente, Pedro Proença, incapaz de opinar e atuar sobre o terrível anátema que recai sobre a competição que organiza. Diversos agentes e entidades se comportam de forma altamente lesiva para a viabilidade desportiva e financeira do nosso principal campeonato, mas estranhamente, ou talvez não, a instituição a quem compete zelar pela prova é aquela que mais se esforça por passar despercebida face a qualquer problema em torno do futebol português.

O clima de guerrilha que tomou conta do nosso futebol, e que é sempre alimentado pelos mesmos, é uma ameaça real e concreta ao seu futuro. E por isso compreendemos a mensagem que tem sido corporizada pelo Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes. Revemo-nos e apoiamos as posições que tem defendido e os alertas que efetuou na sede do poder legislativo, a Assembleia da República. Aguardamos, nesse sentido, que as mesmas tenham consequência e, se necessário for, que o Governo de Portugal sustente e reforce a aplicação das medidas contribuintes para a credibilização do futebol português. A ação é inadiável, sob pena de futuros lamentos de quem tem a obrigação de os evitar.

É absolutamente necessário que se enraíze a cultura da responsabilização.

No Sporting Clube de Braga, lidamos diariamente com o erro e com as suas consequências. É assim que os nossos dirigentes, treinadores e jogadores crescem e evoluem.

É essa cultura que perfilamos e que é traço distintivo das competições mais evoluídas e mais fortes da Europa, de que são expoente máximo as provas da UEFA, onde pontificam muitos dos árbitros portugueses, num claro reconhecimento do seu valor, expresso num contexto que, infelizmente, é distinto daquele que os mesmos árbitros encontram nas provas nacionais.

É o ambiente criado em torno da arbitragem pelas diversas estruturas do futebol português que condiciona e inibe o seu melhor desempenho.

A preocupação do Sporting Clube de Braga passa pela garantia de todas as condições para que os árbitros consigam demonstrar, em Portugal, a competência que lhes é reconhecida na Europa.

O Sporting Clube de Braga não pressiona árbitros.

O Sporting Clube de Braga não admite qualquer espécie de coação sobre árbitros.

O Sporting Clube de Braga não condiciona a avaliação dos árbitros, especulando com a sua promoção ou despromoção.

A luta do Sporting Clube de Braga não visa uma classe, mas toda uma organização que perpetua o poder instituído, baseado na lei do mais forte que é submissa perante uns e tirana perante os outros.

Este é o verdadeiro sistema do futebol português e o grande travão ao seu desenvolvimento.

O Sporting Clube de Braga não deixará de erguer a sua voz contra este estado de coisas, sabendo que tem como únicos aliados os seus sócios e adeptos. É a eles que nos dirigimos, conscientes de que estes serão tempos definidores, não apenas do clube que seremos no futuro, mas de todo o futebol português, arcaico nas suas estruturas e hierarquias, que urgentemente reclamam uma profunda regeneração e revitalização.

É preciso cerrar fileiras.

A união dos sócios e adeptos do Sporting Clube de Braga é fundamental para demonstrar de que lado está o nosso clube na história do futebol português.

A Administração da SC Braga SAD"