Fundado em 1938, o Moreirense irá disputar o principal escalão do campeonato português pela quarta vez na sua história. Manuel Machado foi treinador com maior sucesso no clube levando a equipa a disputar a primeira liga pela segunda vez em 2002/03 e Jorge Casquilha seguiu-lhe as pisadas quando corria a época 2012/13. O passado parece não pesar a Miguel Leal, que tem como objectivo primordial assegurar a manutenção do clube e valorizar os jogadores com quem trabalhará durante a época que agora vai iniciar.

Com um plantel constituído maioritariamente por portugueses (60%), fruto das contingências do mercado mas também de uma grande vontade de dar valorizar o jogador luso, o Moreirense chega a um campeonato que acaba de ser alterado – contará com a presença de 18 equipas em vez das 16 da época passada - e que se adivinha longo.

A formação de Moreira de Cónegos terá um plantel marcado por muitas entradas e saídas, sendo óbvio que a principal baixa é mesmo o experiente Jorge Pires que se sagrou melhor marcador da segunda liga com 22 golos. O avançado de 33 anos que agora representa o Benfica de luanda foi mesmo talismã: os vimaranenses não perderam nenhum das 17 partidas em que Pires marcou.

Com uma pré-temporada onde foram 17 os reforços que foram chegando a conta-gotas, Miguel Leal tem muito trabalho para desenvolver com estes jogadores quando falta cerca de uma semana para o início oficial da temporada. Ao longo da pré-época, o Moreirense sofreu três derrotas, duas vitórias e dois empates.

Amante do 4-3-3 e do 4-4-2, o timoneiro da equipa quererá uma equipa à sua imagem, trabalhadora, aguerrida, compacta e que saiba sair em contra-ataques rápidos para fazer estragos nas defesas adversárias. Amante do pragmatismo, Leal irá privilegiar sempre o resultado em detrimento das boas exibições e garantindo a manutenção rapidamente a beleza poderá chegar para enfeitiçar os adeptos portugueses. O melhor momento desta pré-temporada foi a conquista do Torneio da Póvoa.

O Moreirense soma um total de 132 encontros no principal escalão e a melhor posição do clube foi um 9.º lugar, corria o ano de 2003/2004 e o obreiro de tal sucesso foi Manuel Machado. Campeão por duas vezes na divisão de honra (2011/02 e 2013/14). Miguel conseguirá ser leal ao passado de clube minhoto?

-Entradas
Guarda-redes: Gideão;
Defesas: Danielson, Marcelo Oliveira, André Marques;
Médios: Arsénio, Pidá, André, Hélio Cruz, Patrick Andrade;
Avançados: Rafa, Jorge Monteiro, Alex, Bolívia, Pedro Coronas, Gerso, João Pedro, Cardozo

-Saídas
Guarda-redes: Carlos, Ricardo Ribeiro;
Defesas: Ricardo Nascimento, Sandro Cunha, Miguelito, Florent Hanin;
Médios: Tarcísio, André Carvalhas, Idrissa Mandiang;
Avançados: Rui Miguel, Edgar Costa, Mendy, Pires, Tiago Borges, Wagner e Márcio Madeira;

Estrela: Diogo Cunha

Quando a magia também pode ser racional

É o cérebro da equipa e o número sete nas costas não descreve a posição que ocupa em campo, mas diz-nos que vai ser importante na manobra da equipa. Se ele está bem a equipa terá boas hipóteses de estar melhor. Pensa a jogada antes de receber a bola e revela grande qualidade de passe, mesmo ao primeiro toque. Um verdadeiro número dez, que vem buscar a bola e a coloca onde quer.

É médio ofensivo e um homem natural de Guimarães, portanto, da casa. Aos 28 anos demonstra serenidade e não tem medo de carregar a equipa às costas. Tem grande visão de jogo e, com passes curtos ou largos, faz o jogo da equipa avançar. Tem bom toque de bola, segura bem a “rapaqueca” enquanto tira o passe da cartola. Quando faz arrancadas de traz para a frente passa a ser “hora de ponta” no relvado.

Iniciou a carreira no modesto Lixa, passou por Avanca, Olhanense, Mirandela e Feirense antes de assinar pelo Moreirense no início 2013/14. No ano passado foi um dos obreiros da vitória no campeonato e os 40 encontros que realizou demonstram a importância e a riqueza técnico-tática que emprestava ao jogo. Marcou seis golos, fez duas assistências e, com ele em campo, a equipa só perdeu em seis ocasiões. Deem-lhe a bola por favor!

Candidato a revelação: Hélio Cruz

O miúdo

É um médio centro, um verdadeiro número oito. Um trabalhador que não gosta de ser notado. Dá tudo em campo, cumpre o seu papel, trabalha para a equipa e faz da eficácia o seu primeiro nome. E qual é a equipa que não precisa de um médio assim? Atento ao jogo, sempre disposto a ajudar os seus companheiros e bom na antecipação.

Aos 21 anos e proveniente de uma divisão inferior, já demonstra muita maturidade na sua forma de interpretar o jogo. Hélio Cruz poderá ser a surpresa desta equipa. Se o objetivo do treinador é valorizar jogadores este parece aquele que menos está interessado nisso, apenas quer jogar “à bola”. Miguel Leal só terá de lhe dar minutos e todos verão um esteio no meio-campo. Na temporada passada fez 33 jogos, dois golos, não tendo sido substituído em nenhum deles.

Formado no Benfica, o médio natural de Lisboa tem escola e isso nota-se na forma de jogar. Parece que o jogo passa em low speed na sua cabeça. Esta é apenas a terceira temporada do jovem futebolista como profissional e, depois de passar pelo Santo António Lisboa e pelo Joane, até parece que já vem tarde para a primeira liga. Uma lufada de ar fresco!