O Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) relatou hoje “situações verdadeiramente dramáticas” nas equipas principal e de sub-23 do Desportivo das Aves, devido a salários em atraso e condições de trabalho no clube avense.

“Após ouvir os jogadores, o Sindicato identificou situações verdadeiramente dramáticas, que colocam em causa não só a dignidade destes profissionais de futebol, como da própria competição”, referiu, em comunicado, o SJPF, que, devido à pandemia Covid-19, manteve uma reunião por videoconferência com as duas equipas que são geridas pela SAD avense.

Na quinta-feira, o plantel do Desportivo das Aves, último classificado da I Liga, recusou treinar e exigiu a regularização salarial dos meses de janeiro e fevereiro.

A entidade sindical revelou que nos sub-23 há “jogadores com três a quatro vencimentos em atraso, problemas em garantir alojamento e despesas essenciais do dia-a-dia”, além de “jogadores contratados para a equipa principal no mercado de janeiro que não receberam ainda qualquer salário”, o que tem causado “sérias dificuldades financeiras” aos atletas.

Na reunião, houve “relatos sobre as infraestruturas desportivas do clube, nomeadamente condições do campo de treino, assistência ou comodidade dos balneários”, pelo que o SJPF considera que “estas circunstâncias comprometem as condições de trabalho do plantel e a vulnerabilidade dos jogadores põe em causa a integridade das competições em que estão envolvidos”.

“No imediato, o Sindicato irá diligenciar junto da Liga [de clubes] para que oficie o clube no sentido de pôr termo a esta situação, pedir à Comissão de Auditoria que no âmbito do controlo financeiro do mês de março atue com a máxima celeridade e colocar à disposição dos jogadores os mecanismos do Fundo de Garantia Salarial para as competições profissionais e não profissionais”, refere o comunicado.

Caso nada seja feito da parte da SAD do Desportivo das Aves, o SJPF assegurou que “os jogadores irão exercer os meios legais à disposição e, aquando do retorno da competição, ponderam a tomada de medidas de força, entre as quais a greve”.

A situação foi desencadeada em meados de fevereiro, depois de o investidor e dono da administração avense, o chinês Wei Zhao, não ter conseguido efetuar transferências bancárias internacionais a partir do país mais populoso do mundo desde o início do ano.

Na altura, o dirigente justificou os atrasos com o avanço da doença de Covid-19, que foi detetada em dezembro em Wuhan e que reduziu ao mínimo os serviços naquela nação asiática.

Os jogadores pediram esclarecimentos aos responsáveis do Desportivo das Aves e as verbas requeridas sobre o mês de dezembro foram desbloqueadas em 14 de fevereiro, situação que nunca mais teve continuidade e arrastou-se aos meses seguintes.

O Desportivo das Aves é o 18.º e último classificado da I Liga portuguesa, com 13 pontos.