Em entrevista ao jornal 'Record', José Sousa Cintra revelou que Jorge Jesus esteve muito perto de regressar ao Sporting quando era presidente da SAD do Sporting.
"Sim, falei com ele. Ao Jesus corre-lhe sangue do Sporting nas veias e fez um excelente trabalho no clube. Tinha contrato assinado para ir lá para os árabes que o obrigava a ficar lá pelo menos seis meses. Se quisesse sair, tinha de pagar uma indemnização. Essa situação complicou a questão", começou por dizer.
"Quando ele lá chegou não gostou muito daquilo, ficou atrapalhado [risos] e sentiu vontade de voltar. Houve um momento em que isso esteve para acontecer, mas eles tinham o passaporte dele e as coisas ficaram por ali. Ainda falei com o Torres Pereira porque tem um irmão embaixador e ponderámos arranjar-lhe um passaporte para ele sair de lá. Houve essas conversas. Não veio por um fio", acrescentou, confessando que tive tudo acertado com Paul Le Guen antes de decidir contratar um treinador português - acabaria por ser José Peseiro.
"Foi um senhor. Discutimos os valores, acertei tudo com ele de acordo com as nossas possibilidades [...] Ele ainda mais me surpreendeu, pois disse-me que se o futuro presidente não o quisesse ele sairia sem cobrar nem mais um dia de trabalho", afirmou.
Na mesma entrevista, Sousa Cintra voltou a frisar que José Peseiro foi uma escolha sua e que este tem provas dadas, ao contrário de Mihajlovic, que saiu no período experimental. Apesar disso, o dirigente apontou para a "indecisão" do técnico ribatejano.
"Ele fazia a leitura dos jogadores. Mas perdia muito tempo a analisar. Via, via, serve, não serve, houve ali alguma falta de decisão. Tenho enorme respeito pelo treinador, mas na escolha dos jogadores houve muita indecisão. Sim, depois não, depois sim, não, talvez…", atirou, admitindo que faltou um avançado para fechar o plantel.
"Tivemos praticamente contratado aquele que jogou com o Benfica. Até lhes marcou um golo [Prijovic, do PAOK]. Tivemos as negociações muito adiantadas. Esteve para vir. O Peseiro disse primeiro que sim, depois não, e no fim até disse que ele nem sequer iria para o banco", assegurou.
Sousa Cintra falou ainda sobre a sua amizade com Luís Filipe Vieira e disse que foi isso que impossibilitou que o Benfica contratasse qualquer jogador que rescindiu com o Sporting, assegurando que nenhum dos jogadores que regressou a Alvalade teve um aumento salarial ou qualquer prémio de assinatura.
O antigo presidente do Sporting confessou ainda que teve de pagar comissões aos empresários dos jogadores para que eles regressassem e confirmou que aumentou o salário a Jovane Cabral: "O Jovane ganhava 2 ou 3 mil euros por mês. Uma vergonha. Vivia num sítio horrível, um craque daqueles. Não se compreendia. Renovei-lhe o contrato, aumentei-o dez vezes ou mais e dei-lhe 100 mil euros para comprar uma casa e viver condignamente com a mãe. Ele merecia."
Sobre os jogadores que rescindiram contrato e não regressaram o Sporting, Sousa Cintra afirmou que todos eram processos diferentes. Rui Patrício já tinha o futuro definido com o Wolverhampton, e que Gelson já só pensava em sair. "Gelson estava completamente perdido. Ele estava com a cabeça no Atlético Madrid e nada o demovia. Estava perdido por ir embora. Incrível!", atirou, acrescentando que estava disponível para negociar Gelson por 40 milhões, mas o Atlético não aceitou.
O ex-presidente da SAD destacou ainda que Rafael Leão sempre quis regressar ao Sporting, porém foram o pai e o empresário do jovem que o levaram a assinar pelo Lille. Daniel Podence também esteve perto de regressar, mas as exigências de ordenado travaram essa decisão.
"O Rafael Leão é uma 'espinha'...Triste, muito triste mesmo. Ele queria ficar no Sporting. Mas o pai e o empresário levaram-no àquele destino", lamentou.
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