O líder Benfica tem de cimentar a recente ultrapassagem ao Sporting no dérbi da 16.ª jornada da I Liga, apela o ex-futebolista Bruno Aguiar, reconhecendo que “tudo muda de um momento para o outro” na luta pelo título.
“A equipa que for mais sólida será campeã. Não acredito que o título seja definido só nos jogos entre ‘grandes’. Se o Sporting perdeu oito pontos com as outras equipas, o Benfica empatou na Vila das Aves e o FC Porto em Vila Nova de Famalicão. Por isso, todos os desafios serão importantes. O campeonato vai começar a partir de agora, visto que está tudo muito igual a nível de pontuação e exibições perto do final da primeira volta”, avaliou à agência Lusa o antigo médio ‘encarnado’ (2000-2005), campeão nacional em 2004/05.
O Sporting, segundo classificado, com os mesmos 37 pontos do FC Porto, recebe o líder Benfica, com 38, no domingo, às 20:30, no Estádio José Alvalade, no dérbi lisboeta da 16.ª ronda da I Liga, que marca a estreia do treinador Rui Borges, recrutado ao Vitória de Guimarães, como sucessor do demitido João Pereira no comando do campeão nacional.
“É óbvio que o Benfica aumentou a sua confiança por ter passado para a frente antes do dérbi, mas não vai além disso, até porque voltará tudo ao mesmo em caso de vitória do Sporting. É sempre bom estar em primeiro e o Benfica tinha esse objetivo, mas há que pensar no futuro. O dérbi é um jogo diferente e qualquer equipa pode ganhá-lo”, alertou.
Atribuindo 50% de favoritismo a cada rival, Bruno Aguiar prevê uma reação do plantel do Sporting à troca técnica anunciada na quinta-feira, bem como a manutenção do sistema tático de ‘3-4-3’ privilegiado em Alvalade desde a chegada de Ruben Amorim, campeão em 2020/21 e 2023/24, que assinou pelos ingleses do Manchester United em novembro.
“Independentemente de as partidas mais recentes não terem corrido bem, é muito difícil mudar em três dias um sistema utilizado nos últimos quatro anos. Depende do que vai na cabeça do Rui Borges. Em termos teóricos, é uma boa aquisição. Na prática, vamos ver, até porque a equipa vem de uma má fase e tem muitos jogadores lesionados. Acho que não faz muito sentido mudar tudo em três dias. Agora, se daqui a uns tempos o Sporting continuar com dificuldades, é normal que o treinador queira pôr o seu cunho”, sustentou.
Em fase antagónica está o Benfica, cujo ciclo de 10 vitórias e um empate na I Liga desde a saída do técnico alemão Roger Schmidt permitiu uma “grande recuperação” a partir da quinta jornada sob alçada do regressado Bruno Lage, vencedor da prova pelas ‘águias’ em 2018/19, invertendo os cinco pontos de desvantagem para o Sporting antes do Natal.
Bruno Aguiar, de 43 anos, reconhece que Lage pode “tirar algum partido” da experiência acumulada na luta pelo título, cenário nunca vivido anteriormente por Rui Borges, terceiro treinador ‘leonino’ em 2024/25, e Vítor Bruno, a estrear-se como técnico principal pelo FC Porto.
“Neste momento, o Benfica sabe o que quer e o que está a fazer em campo. Vemos por essa Europa fora muitas equipas com quebras de rendimento, mas o Benfica conseguiu vencer nos momentos em que as teve. Tirando a segunda parte frente ao AVS [empate 1-1, para a 14.ª ronda], na pior exibição desde que o Bruno Lage está no Benfica, a equipa foi sempre competente e somou os três pontos com maior ou menor brilhantismo e com uma ideia clara de jogo. Tem todo o mérito por ter chegado ao primeiro lugar”, salientou.
O extremo Ángel Di María, campeão mundial e bicampeão sul-americano pela Argentina, está a sobressair em influência, fruto de 11 golos e seis assistências em 22 partidas nas diversas provas, face à baixa eficácia dos três pontas de lança: o grego Vangelis Pavlidis e o suíço Zeki Amdouni, ambos com sete tentos, e o brasileiro Arthur Cabral, com quatro.
“O Di María beneficiou com a estratégia de Bruno Lage em colocar o Fredrik Aursnes a cobrir defensivamente os espaços [nas suas costas]. Depois, Álvaro Carreras e Tomás Araújo têm estado num nível muito alto e, para mim, são as duas grandes revelações do Benfica este ano. Já o Pavlidis não tem sido muito feliz a nível de golos, mas é titular por todo o contributo que dá ao coletivo, sabendo de antemão que o Amdouni é uma opção credível, é importante a vir do banco e poderá mudar o jogo a qualquer altura”, finalizou.
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