A decisão foi tomada hoje, em assembleia, no âmbito da greve iniciada na segunda-feira devido a um impasse salarial.

Cerca de 30 servidores do IPEN estão incluídos na convocatória da CNEN e foram chamados para trabalhar na prevenção, identificação e resposta de riscos nucleares no Rio de Janeiro e também noutras cidades onde se disputarão jogos de futebol para os Jogos Olímpicos, designadamente Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Salvador e São Paulo.

"Sou um desses técnicos convocados para fazer a varredura dos estádios, além de vistoriar hotéis das delegações. Com essa redução salarial, que foi um erro deles [governo], estamos a querer boicotar esse protocolo de material radioativo", disse o diretor da Associação dos Servidores do IPEN, Claudio Manoel Constâncio, citado pela Agência Brasil.

As gratificações que correspondem a cerca de 30% dos salários dos técnicos não foram incluídas no pacote de projetos de lei de reajuste de salários dos funcionários públicos, aprovado recentemente pelo Senado.

Para sexta-feira está prevista uma nova assembleia em frente ao setor de produção do instituto, na Universidade de São Paulo, para definir o andamento da paralisação.

Segundo a Agência Brasil, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, responsável pelo IPEN, fez saber que adotou todas as medidas necessárias para normalizar a situação dos funcionários em causa provocada pela aprovação da lei.

A tutela espera que, até ao início dos Jogos Olímpicos, que começam a 05 de agosto no Rio de Janeiro, a questão seja resolvida e que os funcionários destacados para a inspeção de indícios de radioatividade nos espaços desportivos sigam para os locais conforme planeado.

A greve também está a prejudicar o fornecimento de radiofármacos, substâncias emissoras de radiação utilizadas para radioterapia e exames de diagnóstico por imagem.

Como o IPEN é o principal fornecedor de medicamentos e substâncias para a medicina nuclear do Brasil, os técnicos decidiram hoje bloquear a saída de material do instituto.

Um dos fornecimentos interrompidos é o do radioisótopo Flúor-18, matéria-prima para realização de um dos mais importantes exames de diagnóstico de cancro.

Dado que o Flúor-18 tem duração de apenas duas horas, não é possível armazená-lo em clínicas e hospitais.