O Sporting recebe o eterno rival Benfica no primeiro sábado de março em Alvalade, num dos dérbis da capital mais decisivos dos últimos anos. Os 'leões' de Jorge Jesus têm três triunfos consecutivos frente à antiga equipa do atual técnico leonino, e o atual 'score' entre as equipas esta época é de 6-1.

Em 1974, o Benfica venceu o Sporting em Alvalade por 5-3, mas foram os 'leões' a conquistar o título de campeões nacionais. Em 1986, os 'leões' venceram em Alvalade o Benfica por 7-1, mas são as 'águias' que acabam por celebrar o título.

Para fazer a antevisão do próximo dérbi em Alvalade falámos com quem viveu de perto as emoções fortes das reviravoltas neste tipo de jogos. Toni jogou três dezenas de 'dérbis' enquanto jogador e presenciou enquanto treinador a reviravoltas no marcador de deixar um adepto de futebol com arritmias.

"Já tenho muitos 'dérbis' como jogador, depois como treinador, e agora como observador. Muitos 'dérbis' passaram, muitos 'dérbis' hão-de vir. Eu nunca projeto os dérbis olhando para aquilo que as equipas fizeram nos jogos anteriores. Elas, as equipas, até nos podem dar algumas pistas, mas depois o jogo é esse corta sempre com eles. A emoção está sempre presente, a incerteza do resultado é o que faz com que o futebol ter essa riqueza, e muito mais quando se encontram duas equipas que se equivalem. Depois como rivais, e aquilo que se espera, é que entre os jogadores haja uma luta desde o primeiro ao último minuto, mas não mais do que essa luta. E depois também, aquilo que se espera é que até à hora do jogo não haja qualquer tipo de terrorismo verbal que venha de um dos lados porque isto está tão quente que é bom que haja bom senso em relação a por gelo para que a temperatura baixe", começou por dizer Toni em entrevista ao SAPO Desporto.

O último 'dérbi' antes da revolução do 25º de Abril

Em 1974, no último domingo de março, o Sporting recebia em casa o Benfica à 26ª jornada, com os visitantes a conseguirem uma vitória robusta depois de começarem a perder o jogo

"Lembro-me muito bem dessa época porque ganhámos duas vezes ao Sporting mas perdemos o campeonato, e perdemos a Taça também. Nós ganhámos em casa na primeira volta e depois fomos ganhar a Alvalade 3-5, o árbitro foi o Raúl Nazaré, muito meu amigo, e o último golo do desafio foi o Dé que marcou de penálti. O Sporting até começou a ganhar com um golo do Yazalde, mas nesse dia nós acabámos por ser superiores ao Sporting. E mal nós sabíamos que estávamos a pouco tempo do 25 de abril. Isto foi duas ou três semanas antes da revolução e tivemos no Estádio a presença do presidente Marcelo Caetano numa aparição pública que gerou uma forte reação nas bancadas. As pessoas saudaram Marcelo Caetano, assim como ele saudou o povo que estava lá do Benfica e do Sporting".

"Também estou ligado ao 7-1, era treinador adjunto do senhor Mortimore em 1986. Foi uma derrota pesada para um dérbi mas que não deixou marcas porque a equipa soube reagir e acabou o campeonato com uma distância do Sporting de muitos pontos e a prova de que não afetou é que a equipa teve essa derrota e nunca mais perdeu. Portanto é um sinal bom, do que aconteceu", recordou Toni.

1994 e o 3-6 de João Vieira Pinto

"Já na temporada 1993/1994, o Sporting recebia o Benfica à 30ª jornada com as equipas separadas por apenas um ponto. Os 'encarnados' vinham de um mau resultado, e o Sporting até abriu o marcador. No entanto, surgiu um factor desequilibrador: João Vieira Pinto.
"Nós tínhamos vindo de um empate em casa, com o Estrela da Amadora. O Sporting tinha uma grande equipa, era apontado como favorito, tinha um ponto em atraso, era a situação inversa, nós tínhamos um ponto de vantagem, nessa altura era a dois pontos, portanto, o jogo teve os mesmos condimentos do que o outro em termos dessa emoção, da revivarolva, do apontar o favorito, da alternância do resultado, da incerteza desse mesmo resultado e em que o Sporting até está duas vezes por cima, portanto 1-0 e 2-1, e nós conseguimos dar a volta. É uma noite inesquecível pela forma como o João Pinto foi sem dúvida o homem do jogo, mas a equipa teve toda muito bem, mas individualmente teve um jogador que surgiu que neste caso foi o João Pinto", recordou Toni.