A interação entre Julen Lopetegui e a comunicação social portuguesa é há muito peculiar. Constantemente questionado sobre o sub-rendimento da sua equipa, o técnico retalia e defende que "não é bem assim", enfatizando que a equipa continua em busca dos seus objetivos e tentando confortar os adeptos portistas. O problema é que os adeptos estão demasiado fartos de serem confortados, como voltaram a demonstrar no duelo com o Rio Ave.

O encontro de quarta-feira, ou antes o pré-encontro, nem começou mal de todo para Lopetegui. À espera da equipa no Estádio do Dragão estavam os Super Dragões, que contra muitas expectativas receberam o plantel de braços abertos e com cânticos de incentivo. Mesmo após a derrota diante do Sporting, a claque fazia questão de apoiar uma equipa que vê a sua ligação à massa adepta ser severamente prejudicada a cada desaire.

Esse foi, porém, o ponto alto da noite para uma equipa que voltou a desiludir e, pior do que isso, não demonstrou vontade de lutar contra os acontecimentos, numa noite em que os dois rivais golearam. O golo de Herrera arrancou alguns aplausos aos poucos adeptos presentes nas bancadas (19.116), mas pouco mais houve a registar de positivo para os 'azuis-e-brancos'. O golo sofrido foi estranho, evitável, mas o mais criticável foi a falta de imaginação demonstrada ao longo do segundo tempo, diante de uma equipa que, embora muito competente, nem estava a ser tão brilhante assim.

Nem tudo foi mau para os de Lopetegui, porém: Maxi Pereira demonstrou mais uma vez todo o seu caráter combativo e foi o melhor elemento de uma equipa que teve ainda André André de regresso e a esforçar-se para dar algo mais à equipa. De resto, porém, houve um Danilo Pereira desastrado, um Herrera que pouco mostrou além do golo e um Brahimi mais uma vez demasiado previsível nas movimentações ofensivas.

A precisar de vencer, o FC Porto avançava de forma lenta no terreno, lateralizava o jogo de forma desnecessária e, nos momentos dos desequilíbrios, perdia a bola de forma infantil. Resultado: assobios e, no final, mais lenços brancos. Apenas as claques se esforçavam por apoiar a equipa, mas esse apoio parecia implicar mesmo um sério esforço, já que o ambiente geral era frio, como se o Dragão tivesse pelo menos temporariamente deixado de ser um lar para tantos adeptos. Lá para o final, até as claques acabaram por esmorecer.

No final, a barreira invisível entre jornalistas e Julen Lopetegui voltou a sentir-se, em particular quando o técnico defendeu, já em conferência de imprensa, "que não é tão estranho assim estar a quatro pontos do líder na 17ª jornada". Deixou de ser estranho nos últimos anos, de facto, mas para os exigentes adeptos portistas bem o devia ser.

O FC Porto continua na corrida pelo título, é verdade, e há ainda muitos pontos por conquistar. Mas a ligação entre Julen Lopetegui e adeptos nunca esteve tão frágil e o clima é de pré-divórcio, independentemente daquilo que o futuro próximo possa trazer ao Dragão.

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